O primeiro instrumento utilizado para medir o tempo existe desde dez séculos antes de Cristo: o gnômon, um relógio de sol. Depois dele vieram a clepsidra, que utilizava água para registrar o passar do tempo, a ampulheta, que usava areia, até a invenção do relógio de rodas no século X. Em 1370, o artesão Henrique Vick instalou em Paris o primeiro relógio mecânico, que pesava algumas toneladas.
Foi apenas em 1583 que Galileu Galilei, que elaborava seus cálculos medindo o tempo pelas batidas do coração, descobriu as leis do pêndulo, a partir do qual a técnica relojoeira evoluiu. A existência de relógios adornando lares e salões reais, torres de igrejas e castelos, não estava, no entanto, vinculada ao tempo preciso que poderiam marcar, eram simples objetos para ornamento e ostentação. No século XVII surgiu o primeiro relógio com ponteiro de minutos, mas o relógio com marcador de segundos surgiu somente no século XVIII.
No entanto, esses instrumentos eram utilizados para medir tempos longos. As pessoas da Antiguidade, da Idade Média e mesmo da Idade Moderna não tinham a mesma noção de tempo que temos na contemporaneidade, em que nos preocupamos em medir as horas, os minutos, os segundos, os milésimos de segundo, etc. A noção de tempo que tinham estava vinculada ao intervalo necessário para a realização de uma tarefa: plantar, colher, alimentar os animais; ou então, à passagem de um dia para outro e de uma estação para outra.
Foi somente com a consolidação da sociedade industrial e urbana, no século XIX, que a humanidade passou a preocupar-se com a marcação precisa do tempo. A passagem da vida no campo para a predominância da vida na cidade e a expansão do trabalho assalariado, fizeram com que ocorresse uma mudança no ritmo de vida das pessoas, que se tornou mais acelerado e sistematicamente organizado, passando a existir a necessidade de controlar o transcorrer do tempo.
SCHIMIDT, Dora. Historiar: Fazendo, Contando e Narrando a História. São Paulo: Scipione, 2004.
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