Para Carmem, minha mãe, com carinho e amor filiais
Do latim “muliere”, é um ser do sexo feminino. Nas comunidades primitivas, a mulher era encarregada da coleta de frutos e raízes. Deusa-mãe. Matriarcado. Vulva. Com o advento da agricultura, a principal atividade da mulher passou a ser de fiar e tecer.
Do latim “muliere”, é um ser do sexo feminino. Nas comunidades primitivas, a mulher era encarregada da coleta de frutos e raízes. Deusa-mãe. Matriarcado. Vulva. Com o advento da agricultura, a principal atividade da mulher passou a ser de fiar e tecer.
O
domínio do homem – pênis/patriarcado - surgiu com o advento do Estado
arcaico. Os homens aprenderam a subjugar outros povos através da prática de
submeter suas próprias mulheres, culminando com a instituição/prostituição da
escravidão. O manto/véu distinguia “mulheres respeitáveis” e “não respeitáveis”
(putas, concubinas, amantes).
Nos
primórdios, as mulheres tiveram um papel fundamental na esfera religiosa: poder
de dar vida – eram sacerdotisas, videntes, curandeiras... Com o estabelecimento
das teocracias – III milênio a.C. -, as deusas foram relegadas. O advento do
monoteísmo – primeiro hebraico, depois cristão e islâmico – afastaria estas
deusas da fertilidade. Na Bíblia (Gênesis), a capacidade de criar é de um deus
masculino, que associa a sexualidade feminina às ideias de pecado. Pecado de
Eva.
No
mundo greco-romano, a mulher era submissa. Na Grécia (Atenas, em particular),
as mulheres não eram cidadãs. Em Roma, o pai podia matar as meninas.
O
cristianismo recebeu como legado do judaísmo a hostilidade para com as
mulheres. Apenas os agnósticos e heréticos valorizavam as mulheres
(libertando-as do papel “imundo” que lhes era atribuído na relação sexual. Daí
a sociedade medieval cristã retirar das mulheres as funções religiosas.
Sobravam os papéis de esposa e/ou virgem por um lado e de puta e/ou feiticeira,
por outro. Consolidava-se, assim, a diferença entre damas/freiras e
camponesas/putas. Freiras, para as ricas; putas, para as pobres. Leituras
masculinas.
No
século XIX, as “damas/senhoras” eram as pálidas e delicadas, inúteis para o
trabalho na indústria. Senhoras? Destinadas a embelezar a vida de seus maridos
e parir filhos. De preferência varões. Nem as mulheres do povo ficaram libertas
das mudanças do século. Deviam trabalhar no campo, nas fábricas, ou como
domésticas. Recebiam menos. Bem menos.
Todavia,
a vida das mulheres das camadas populares era muito menos regulada pelas
convenções de uma sociedade aristocrática – decadente – e burguesa (em
ascensão, mas não menos hipócrita e conservadora).
E
chega o século XX. Rádio, cinema, automóveis, arranha-céus... Fox-trot,
jazz, rock... Minissaia, pílula anticoncepcional, jeans e camiseta…
“Sufraggettes”, direito ao voto… feminismo, feminismos! Um novo mundo de ideias
e lutas. Rosa Luxemburgo, Simone de Beuavoir, Rosa Parks...
E,
aqui, estamos nós: século XXI - era da vagina!
Mulheres são mães, esposas, putas, amantes, sacerdotisas, bruxas,
curandeiras, garis, advogadas, médicas, professoras, engenheiras, astronautas,
poetisas... Que rompa-se o hímen da opressão! A luta continua!
Orides Maurer Jr. é historiador e autor do blog ϟ●• História
e Sociedade •●ϟ
MAURER JUNIOR, Orides. Ecos do
tempo: uma viagem pela história. Joinville: Letradágua, 2015. p. 19-20.
© 2015 by Orides Maurer Jr.
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