"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

A Esfinge



Deitada nas areias escaldantes,
na planície de Gizé,
descansa, eterna, a Esfinge.
Olhar furtivo.

***

Corpo de leão, cabeça humana,
meio homem, meio deus,
ser antropomorfo.
Olhar perigoso.

***

Guardiã dos túmulos reais,
contempla, atônita,
paisagens desfiguradas, ares poluídos, turistas.
Olhar punitivo?

***

Enigmática, cósmica,
eterna como as areias do deserto do Saara,
a Esfinge é o infinito – Heh e o oculto – Amon.
Olhar destemido!

***

"O homem teme o tempo, mas o tempo teme as pirâmides
- diz o provérbio árabe.
Assim a Esfinge: guardiã de memórias ancestrais.
Olhar contemplativo...

***

Quiçá no limiar de uma nova era
homens iluminados, de olhares límpidos,
abram o portal do tempo revelando
os segredos dos deuses e dos homens!


 ***

(“A Esfinge” é uma metáfora sobre a percepção que temos do tempo, do homem e de suas possibilidades como construtor de uma civilização calcada em valores mais humanos e éticos.)


© 2015 by Orides Maurer Jr.

Nenhum comentário:

Postar um comentário