"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

segunda-feira, 30 de maio de 2016

Lamento do povo Azande

Mulher e criança Azande, Richard Buchta

O menino morreu;
cubramos nossas caras
com terra branca.
Quatro filhos pari na
choça de meu esposo.
Somente o quarto vive.
Quisera chorar,
mas nesta aldeia
está proibida a tristeza.

GALEANO, Eduardo. Memórias do fogo: Os nascimentos. Porto Alegre: L&PM, 2013. p. 266.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Condições de vida do operário industrial

Engels via os trabalhadores amontoados como ratos em suas moradas apertadas, famílias inteiras - e às vezes mais de uma família - socadas num único cômodo, os sãos junto aos doentes, adultos junto às crianças, parentes próximos dormindo juntos, às vezes sem camas, por terem sido obrigados a vender todos os móveis para serem queimados como lenha, às vezes em porões úmidos de onde se tirava água aos baldes quando chovia, às vezes vivendo no mesmo cômodo que os porcos comendo farinha misturada com gesso e chocolate misturado com terra, intoxicados por carne impregnada de ptomaína, drogando a si próprios e a seus filhos doentios com láudano: vivendo sem esgotos, em meio a seus próprios excrementos e lixo, vitimados por epidemias de tifo e cólera, que por vezes chegavam até os bairros mais prósperos.

Mulheres e crianças trabalhando em uma fábrica de algodão, Inglaterra, 1830. Artista desconhecido.

A demanda crescente de mulheres e crianças nas fábricas fazia com que muitos chefes de família se tornassem desempregados crônicos, prejudicava o crescimento das meninas, facilitava o nascimento de filhos de mães solteiras e ao mesmo tempo obrigava as jovens mães a trabalharem grávidas ou antes de se recuperarem plenamente do parto, terminando por encaminhar muitas delas à prostituição. As crianças, que começavam a trabalhar nas fábricas aos 5 ou 6 anos de idade, recebiam pouca atenção das mães, que também passavam o dia inteiro na fábrica, e nenhuma instrução de uma sociedade que só queria delas que executassem operações mecânicas. Quando as deixavam sair das verdadeiras prisões que eram as fábricas, as crianças caíam exaustas, cansadas demais para lavar-se ou comer, quanto mais estudar ou brincar - às vezes cansadas demais até para ir para casa. Também nas minas de ferro e carvão, mulheres e crianças, juntamente com os homens, passavam a maior parte de suas vidas rastejando em túneis estreitos debaixo da terra, e, fora deles, viam-se presas nos alojamentos da companhia, à mercê da loja da companhia, sofrendo atrasos no pagamento do salário de até duas semanas. Cerca de mil e quatrocentos mineiros morriam por ano quando se partiam cordas apodrecidas, quando desabavam túneis devido à escavação excessiva dos veios, quando ocorriam explosões devido à ventilação deficiente ou à negligência de uma criança exausta: e os que escapavam de acidentes catastróficos morriam de doenças dos pulmões. Por sua vez, os habitantes do interior, que com a industrialização perderam sua antiga condição de artesãos, pequenos proprietários e arrendatários de quem, mal ou bem, os grandes proprietários cuidavam - esses haviam sido transformados em diaristas sem eira nem beira, por quem ninguém era responsável, e que eram castigados com a prisão ou a deportação se, em épocas de necessidade, roubavam e comiam a caça das terras dos grandes proprietários.

Crianças trabalhando em uma fábrica de algodão, Artista desconhecido

Para Engels, parecia que o servo medieval, que ao menos estava fixo à terra e ocupava uma posição definida na sociedade, estivera em melhor situação que o operário industrial. Naquela época em que as leis de proteção aos trabalhadores praticamente ainda não existiam, os antigos camponeses e trabalhadores braçais da Inglaterra, e até mesmo a antiga pequena burguesia, estavam sendo levados para as minas e as fábricas, tratados como matéria-prima para os produtos a serem fabricados, sem que ninguém se importasse nem mesmo com o problema do que fazer com o refugo humano gerado pelo processo. Nos anos de depressão, o superávit de mão-de-obra, que era tão útil nos anos em que a economia ia bem, era despejado nas cidades: estas pessoas tornavam-se mascates, varredores, lixeiros ou simplesmente mendigos - viam-se às vezes famílias inteiras mendigando nas ruas - e, o que era quase igualmente comum, prostitutas e ladrões. Thomas Malthus - dizia Engels - afirmara que o aumento de população estava sempre pressionado os meios de subsistência, de modo que era necessário que grande número de pessoas fossem exterminadas pela miséria e pelo vício; e a nova legislação referente aos pobres havia posto em prática essa doutrina, transformando os asilos de indigentes em prisões tão desumanas que os pobres preferiam morrer de fome pelas ruas.

WILSON, Edmund. Rumo à Estação Finlândia. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 132-133.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Miséria e destruição: a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)

O cerco (defesa do pátio da Igreja durante a Guerra dos Trinta Anos), Karl Friedrich Lessing

A Guerra dos Trinta Anos foi um dos mais terríveis conflitos de toda a História. Milhões de pessoas morreram ou ficaram para sempre doentes. Por toda a Europa, a guerra tornou ainda mais difícil a vida dos pobres: suas plantações foram destruídas, suas casas e aldeias arrasadas, seus bens saqueados.

Soldados saqueando uma fazenda durante a Guerra dos Trinta Anos, Sebastian Vrancx

Os soldados não tinham nenhum interesse nacional, lutavam por aqueles que lhes pagavam melhor e não hesitavam em mudar de lado, dependendo da oportunidade.

Paisagem com um assalto, Sebastian Vrancx

O pagamento dos exércitos era irregular e não havia administração para organizar o abastecimento dos combatentes. As tropas, portanto, viviam à custa da população da área que ocupavam, e não havia muita diferença quando se tratava de seu próprio país ou do inimigo: os soldados saqueavam o que podiam.

Uma paisagem com viajantes emboscados do lado de fora da cidade, Sebastian Vrancx

Os camponeses fugiam para as florestas, carregando seus animais e tudo o que conseguiam levar. Na volta, encontravam apenas casas queimadas e colheitas incendiadas. Sem sementes para refazer as lavouras e com a produção desorganizada pela ocupação militar, trabalhavam longos anos para refazer sua vida. As aldeias se despovoavam, os sobreviventes morriam de fome, os campos transformavam-se em matagais. Aldeias inteiras foram apagadas do mapa. Em algumas regiões, foi necessário um século para recuperar as áreas devastadas.

Soldados emboscam uma carroça e passageiros, Sebastian Vrancx

Quando as tropas se dispersavam e a indisciplina arriscava comprometer a união do exército, os oficiais procuravam os desertores e saqueadores e os enforcavam às dezenas, para servir de exemplo.

Uma cena da Guerra dos Trinta Anos, Ernest Crofts

Enfim, quando chegou a época de assinar o tratado de paz, os príncipes negociaram, trocaram territórios, impuseram seu poder e domínio sem nenhuma consulta, com o mais profundo desrespeito aos direitos do povo.

DUPÂQUIER, Jacques; LACHIVER, Marcel. Les temps modernes. Paris: Bordas, 1971. p. 104.

sábado, 21 de maio de 2016

1641, Mbororé

[As Missões]

Aldeia de índios tapuios cristianizados, Rugendas

Chegam os mamelucos da região de São Paulo, caçadores de índios, devastadores de terras: avançam ao som da caixa, bandeira estendida e ordem militar, troar de guerra, vento de guerra, através do Paraguai. Trazem longas cordas com colares para os índios que agarrarão, e venderão como escravos nas plantações do Brasil.

Os mamelucos ou bandeirantes estão há anos arrasando as missões dos jesuítas. Das treze missões do Guayrá, não sobram mais que pedra e carvão. Novas comunidades evangélicas nasceram do êxodo, águas abaixo do Paraná; mas os ataques, incessantes, continuam. Nas missões, a serpente encontra os passarinhos reunidos e engordados, milhares de índios treinados para o trabalho e a inocência, sem armas, fáceis para o bote. Sob a tutela dos sacerdotes, os guaranis partilham uma vida regulada, sem propriedade privada nem dinheiro nem pena de morte, sem luxo nem escassez, e caminham para o trabalho ao som das flautas. Nada podem suas flechas de taquara contra os arcabuzes dos mamelucos, que provam os aços de suas alfanjes fendendo em duas partes as crianças e que como troféu levam tiras esfarrapadas de batinas e caravanas de escravos.

Mas desta vez uma surpresa espera pelos invasores. O rei da Espanha, assustado pela fragilidade destas fronteiras, ordenou que entregassem armas de fogo aos guaranis. Os mamelucos fogem em debandada.

Das casas brotam penachos de fumaça e cantos de alabança a Deus. A fumaça, que não é de incêndio e sim de lareiras, celebra a vitória.

GALEANO, Eduardo. Memória do fogo: Os nascimentos. Porto Alegre: L&PM, 2013. p. 222.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

A bomba de Hiroxima

Mulher e criança estátua, Yasuko Yamagata

 Às 8 h 15 min da manhã de 6 de agosto de 1945. um relâmpago de luz tão brilhante como o sol explodindo cruzou o céu de Hiroxima. Numa flama branca de calor e fogo, milhares de seres vivos vaporizaram-se na morte; muitos outros milhares ficaram sofrendo e morrendo lentamente; a mais horrorosa era humana havia começado.

Até mesmo a 3,5 quilômetros de distância do centro da explosão, todos os edifícios foram reduzidos a destroços, e os soldados de um destacamento japonês que estivera trabalhando numa colina cavando um abrigo subterrâneo, saíram do interior da terra, feridos e estonteados, com sangue a correr dos rostos, costas e peitos. A manhã estivera muito límpida, mas o sol fora subitamente encoberto por uma imensa nuvem negra em forma de cogumelo, que se elevava da infeliz Hiroxima e pairava no céu, tapando tudo num espaço de vários quilômetros. A manhã fora calma e agradável, porém agora grandes rajadas de vento começaram a soprar, rodopiando loucamente em todas as direções, aumentando e espalhando-se cada vez mais, atiçando os incêndios e destruindo tudo com indomável fúria. Uma simples centelha era suficiente para incendiar um edifício inteiro, envolvendo-o num lençol de chamas, um redemoinho de ar escaldante apoderara-se da subitamente esquelética cidade; e, mesmo a quilômetros de distância, a explosão abalara profundamente os sobreviventes, cobrindo-os de cinzas.

Criança queimada, Yamashita Masato

Os refugiados, os mais afortunados e os moribundos foram saindo de Hiroxima, cambaleando e até de rastos, e procuraram abrigo num parque dos arredores. As suas roupas haviam-se convertido em farrapos, e a pele de suas mãos e rostos, horrivelmente queimada, deixara-os em carne viva, quase todos eles estavam mortalmente enfermos, não parando de vomitar ou de soltar queixumes angustiosos. No parque, cerca de vinte soldados, talvez membros de uma unidade antiaérea, estavam deitados no chão, num grupo imóvel, símbolo do horror. Haviam olhado para o céu, no momento em que a bomba explodira e, agora, caídos por terra, continuavam olhando para cima com os olhos esvaziados e mortos.

O último drinque, Ono Kiaki

Os inválidos e os feridos arrastavam-se lentamente pelo parque, como animais letalmente atingidos, morrendo em grupos compactos entre os arbustos. Começou então a chover pesadamente, e um vento terrível soprou assustadoramente por toda a região uma tempestade de força devastadora. Assaltou o parque, árvores enormes foram arrancadas do solo e as mais frágeis voaram pelos ares como se fossem folhas de papel. O cataclismo era horrendo e total.

Brilho da noite sobre Hiroxima, Asai Kiyoshi

O horror durou todo o dia e toda a noite, e ainda todo o dia seguinte. Hiroxima, que às 8 h 14 min da manhã fora uma cidade de 245 000 pessoas, convertera-se às 8 h 15 min num intolerável e negro necrotério para os 100 000 mortos, desaparecidos e moribundos; e das suas fumigantes e prostradas ruínas outros 100 000 haviam fugido; muitos deles levando consigo as sementes da morte prematura da radiação, do câncer e da leucemia. A era atômica nascera à custa de toda a humanidade.

Essa foi a sua origem, no mais verdadeiro dos sentidos, pois a bomba atômica que explodimos sobre Hiroxima foi a mais rudimentar e elementar de todas as armas da nova era da ciência nuclear. As bombas da Segunda Guerra Mundial  - que haviam causado tanta devastação em Londres, Roterdã, Hamburgo e Berlim - tinham apenas 2 000 libras de poder explosivo. A bomba atômica de Hiroxima explodiu com a tremenda força de 20 000 toneladas de TNT. Mas atualmente a bomba de Hiroxima já é antiquada e insignificante no arsenal da guerra, tal como tornara antiquada as bombas da Segunda Guerra Mundial.

COOK, Fred J. O Estado Militarista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p. 296-297.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

A criação do Santo Ofício

A Inquisição foi uma instituição da igreja medieval destinada à repressão da heresia. Originou-se no fim do século XII, quando Alexandre III decretou sanções contra os hereges, e institucionalizou-se no Tratado de Paris (1229), assinado sob o pontificado de Gregório XI, o qual na bula Ille Humani Generis (8 de fevereiro de 1232), confiou a luta contra a heresia à Ordem dos Dominicanos.

No início, esse tribunal de exceção combateu sobretudo os cátaros do Languedoc (século XIII), mas se transformou logo num instrumento de perseguição a todos os inimigos - reais ou supostos - da Igreja Católica. Desse modo, a Inquisição lutou, no decorrer dos séculos XIV e XV, contra os templários, os espirituais (seita que esperava uma segunda vinda do Espírito Santo), os judeus, os wicletistas e hussitas (que pregavam uma reforma da Igreja na Inglaterra e na Boêmia, respectivamente). A partir do século XVI, as atividades da Inquisição concentraram-se na Espanha e na Itália, em lutar contra as ideias da Reforma e da Renascença. Em 1545, o papa Paulo III instituiu a Congregação da Inquisição ou Santo Ofício, com sede na Espanha.

A Inquisição espanhola teve seu início oficial com uma bula de Sisto IV, datada de 1º de novembro de 1478, plenamente aprovada pelos Reis Católicos. O primeiro tribunal da Inquisição espanhola foi instaurado em Sevilha, com a finalidade de fiscalizar especialmente os "conversos" - judeus convertidos à força ao catolicismo.

Em outubro de 1483, frei Tomás de Torquemada foi nomeado Grande Inquisidor de Castela, Aragão, Leão, Catalunha e Valência. Suas Instruções  (normas para conduzir processos da Inquisição) eram tidas como lei do reino no final do século XV. O Grande Inquisidor era sempre aprovado pela Santa Sé, os outros juízes eram nomeados pelo rei.

A Inquisição espanhola perseguia, além de hereges, bruxas, assassinos, sodomitas, polígamos e diversos outros "criminosos". Não há dúvida de que a Inquisição encontrou na Espanha sua terra de predileção. Passou para Portugal, por decisão de Dom João III e do papa, em 1536, para ali combater os judeus que tinham fugido da Espanha. Além do judaísmo, o tribunal português considerava crimes o luteranismo, o maometismo, a feitiçaria, a bigamia, a pederastia etc. No século XVI, a Inquisição estendeu-se às colônias espanholas da América, atingindo também o Brasil.

Um auto-de-fé no povoado de San Bartolomé Otzolotepec, Artista desconhecido

O processo inquisitorial tinha regras cujo essencial se desenrolava da seguinte maneira: três ou quatro sacerdotes inquisidores chegavam a um lugar suspeito de ter núcleos de heresias. Reunindo o povo na Igreja, faziam uma pregação solene e apocalíptica, exortando os culpados à confissão espontânea. Um "mês de tolerância" ou "tempo de graça" era geralmente concedido para que os "criminosos" confessassem sua culpa, Depois desse prazo, vinham as denúncias, abertas ou anônimas, e os acusados eram conduzidos pelo cura local e pelas testemunhas ao inquisidor. Todo cristão, sob pena de excomunhão, devia denunciar os suspeitos de heresia que conhecesse ou que tivesse ouvido falar.

Começavam então os interrogatórios, sem advogados, sem revelação do nome de quem denunciava e sem uma relação dos crimes apontados. A Inquisição dava, no entanto, valor especial à confissão dos culpados. Nos casos de confissão espontânea, o réu sofria apenas uma pequena penitência. Caso contrário, era submetido a tortura, autorizada oficialmente por documentos pontifícios. Os juízes podiam escolher entre a flagelação, o garrote (estrangulamento operado lentamente, sem suspensão do corpo), a polé ou roldana e os tições acesos. Na maior parte dos casos, os reús, extenuados, confessavam-se culpados de todas as possíveis formas de heresia.

Em cerimônias chamadas autos-de-fé, verdadeiros dias de festa, as sentenças eram pronunciadas publicamente, na presença de autoridades seculares e religiosas, numa praça onde se reunia o povo. A Igreja aplicava diretamente as penas de prisão perpétua, de confiscação de bens, remetendo ao "braço secular" os casos de pena de morte, quase sempre na fogueira. Havia ainda marcas de infâmia (cruzes amarelas sobre as vestes do condenado), peregrinações obrigatórias, destruição de propriedades e de casas e até mesmo exumação dos mortos, cujos crimes de heresias só foram conhecidos após a morte.  

As Grandes Religiões. São Paulo: Abril Cultural, 1973. v. 3, p. 442-443.

sábado, 14 de maio de 2016

As idades de Touro Sentado - Tȟatȟáŋka Íyotake

Touro Sentado, ca. 1881. 
Fotógrafo: Orlando Scott Goff

Aos trinta e dois anos, batismo de fogo. Touro Sentado defende sua gente diante de um ataque das tropas inimigas.

Aos trinta e seis, sua nação indígena o elege chefe.

Aos quarenta e um, Touro Sentado senta-se. Em plena batalha, nas margens do rio Yellowstone, caminha até os soldados que disparam e senta-se no chão. Acende seu cachimbo. Zunem as balas, feito vespas. Ele, imóvel, fuma.

Aos quarenta e três, fica sabendo que os brancos encontraram ouro nas Black Hills, em terras reservadas aos índios, e começaram a invasão.

Aos quarenta e quatro, durante uma longa dança ritual, tem uma visão: milhares de soldados caem do céu feito gafanhotos. Naquela noite, um sonho anuncia: Tua gente derrotará o inimigo.

Aos quarenta e cinco, sua gente derrota o inimigo. Os sioux e os cheyennes, unidos, dão uma tremenda coça no general George Custer com todos os seus soldados.

Aos cinquenta e dois, após alguns anos de exílio e cadeia, aceita ler um discurso de homenagem ao trem do Pacífico Norte, que terminara a construção de suas vias. No final do discurso, põe os papéis de lado e, encarando o público, diz:

- Os brancos são todos ladrões e mentirosos.

O intérprete traduz:

- Nós agradecemos a Civilização.

O público aplaude.

Aos cinquenta e quatro, trabalha no show de Búfalo Bill. Na arena do circo, Touro Sentado representa Touro Sentado. Hollywood ainda não é Hollywood, mas a tragédia já se repete como espetáculo.

Aos cinquenta e cinco, um sonho anuncia a ele: Tua gente vai te matar.

Aos cinquenta e nove, sua gente o mata. Índios que vestem uniforme de policial trazem uma ordem de prisão. No tiroteio, ele cai.

GALEANO, Eduardo. Espelhos: uma história quase universal. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 228.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

O consumismo, a propaganda e a mulher na década de 1920

Na década de 1920 firmou-se não só um "estilo de vida americano", mas também a cultura de massas americana, graças à conjugação da produção em série, da propaganda e das vendas a crédito. O rádio, o cinema, os jornais e as revistas foram os grandes divulgadores do american way of life. O número de aparelhos de rádio nos lares americanos saltou de 100.000, em 1922, para 2 milhões, em 1925. A frequência semanal aos cinemas duplicou, atingindo no final da década 100 a 115 milhões de espectadores. As estrelas de cinema tornaram-se os grandes símbolos de sucesso e passaram a ditar moda e costumes.

[...]

Já no início do século XX, as cadeias de lojas e os catálogos de vendas pelo correio popularizaram os artigos fabricados em série (roupa pronta, comida enlatada, móveis, eletrodomésticos etc.) e difundiram informações e valores para muito além dos grandes centros metropolitanos. Contribuíram para um novo nível de estandardização da vida cotidiana e de homogeneização das das diferenças entre o campo e a cidade.



O sistema de pagamento a prestações encorajava as pessoas a consumir além das suas possibilidades. Em 1925, os consumidores americanos utilizaram a venda a prestações para comprar mais de dois terços dos móveis e eletrodomésticos e pelo menos três quartos dos automóveis, pianos, máquinas de lavar, máquinas de costura, geladeiras, gramofones etc.

[...]

Industriais e publicitários norte-americanos da década de 1920 usaram todos os meios para estimular no público o desejo de possuir bens. Anunciavam os aparelhos eletrodomésticos como equipamentos que poupavam trabalho e tempo à mulher. Seduziam o público com imagens de aspiradores, máquinas de lavar roupa e ferros elétricos associadas a figuras de mulheres modernas e elegantes, que mesmo na cozinha usavam salto alto e maquiagem. Os publicitários tornaram-se verdadeiros manipuladores do comportamento humano. Souberam explorar as descobertas da Psicologia sobre a motivação das ações, utilizando imagens e associações de ideias que despertavam emoções no consumidor, incitando-o a comprar. Aos poucos, a propaganda foi deixando de fornecer informações objetivas sobre um produto para transformá-lo em "necessidade que melhorava o nível de vida da família". Inventando necessidades, a propaganda impelia o consumidor a comprar.

Os publicitários logo perceberam que o mercado consumidor era predominantemente feminino, Na década de 1920, as pesquisas mostravam que 80% das compras nas grandes cidades dos Estados Unidos eram feitas por mulheres, Por isso, a maior parte dos anúncios passou a ser dirigida às mulheres, em especial às donas-de-casa. Criou-se a ideia de que o consumo era a tarefa primordial da dona-de-casa. "Ir às compras" era moderno, elegante e "importante" - dizia a mensagem subliminar dos anúncios nas revistas femininas. A nova imagem da mulher substituía a figura tímida, delicada e submissa de antes pela da mulher decidida e sociável. A mulher moderna ideal gostava de se divertir, mostrava-se atraente para os homens e sabia o que queria. A publicidade deu uma nova concepção consumista às propostas feministas, isto é, a mulher moderna "sabe o que quer" porque decide o que comprar. Um anúncio de produtos domésticos publicado no Chicago Times em 1930 proclamava: "A mulher de hoje obtém tudo o que quer. O voto. Finos forros de seda para substituir volumosos saiotes. Objetos de vidro em safira azul ou em âmbar resplandescente. O direito a uma carreira. Sabonetes combinando com as cores de seu banheiro".

[...]

Não se pode pensar a cultura de massas da década de 1920 como se fosse o padrão de toda a sociedade americana. O crescimento econômico e seus resultados materiais estavam distribuídos de forma desigual nos Estados Unidos. Até a década de 1930, as mulheres negras que trabalhavam nas plantações de tabaco em Durham, Carolina do Norte, por exemplo, lavavam a roupa de suas famílias em bacias no quintal, utilizavam latrinas fora de casa e cozinhavam em fogões a lenha. Além da diferença do poder de compra, havia outros elementos que mantinham as desigualdades: enquanto a maior parte das casas urbanas podia contar com energia elétrica, água canalizada e fornecimento municipal de gás, grande parte das áreas rurais não possuía esses serviços.

No Brasil, as revistas femininas da época já anunciavam as maravilhas domésticas para a mulher moderna. No entanto, mesmo nas residências de famílias ricas, o trabalho pesado era deixado à mão-de-obra barata de arrumadeiras e faxineiras, conforme lembra uma empregada doméstica: "Para limpar o assoalho eu espalhava areia nas tábuas e esfregava de joelhos, com um tijolo. Depois, varria, jogava água e puxava com um pano torcido, rodo não existia. Imagina como ficava o rim de quem esfregava o tijolo!". (Citado em BOSI, Ecléa. Memória e sociedade. Lembranças de velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.)

RODRIGUE, Joelza Ester. História em documento: imagem e texto. São Paulo: FTD, 2002, p. 102-4.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Um poema de Neruda

O jovem mendigo, Bartolomé Esteban Murillo

Regressa de seu fogo o foguista,
de sua estrela o astrônomo,
de sua funesta paixão o enfeitiçado,
do número milhão o ambicioso,
da noite naval o marinheiro,
o poeta regressa da espuma,
o soldado do medo,
o pescador do coração molhado,
a mãe da febre de Joãozinho.
o ladrão de seu vértice noturno,
o engenheiro de sua rosa fria,
o índio de suas fomes,
o juiz de estar cansado e não saber,
o invejoso de seus sofrimentos,
a bailarina de seus pés cansados,
o arquiteto do piso três mil,
o faraó de sua décima vida,
a prostituta de seu traje falso,
o herói regressa do olvido,
o pobre de um só dia a menos,
o cirurgião de mirar a morte,
o boxeador de seu triste contrário,
alguém regressa da geometria,
volta o explorador de seu infinito,
a cozinheira de seus pratos sujos,
o romancista de uma rede amarga,
o caçador apaga o fogo e volta,
a adúltera do céu e naufraga,
o professor de uma taça de vinho,
o intrigante de sua punhalada,
o jardineiro fechou sua rosa,
o taberneiro apaga suas bebidas,
o presidiário junta a sua defesa,
o açougueiro lavou suas mãos,
a monja cancelou suas orações,
o mineiro seu túnel escorregadio,
e como todos eles me dispo,
faço da noite de todos os homens
uma pequena noite para mim,
aproxima-se minha mulher, faz-se o silêncio
e o sono volta a dar a volta ao mundo.

NERUDA, Pablo. Teus pés toco na sombra: e outros poemas inéditos. Rio de Janeiro, José Olympio, 2015. p. 111 e 113.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

As doenças no processo de extermínio das populações indígenas na América colonial

Índios astecas doentes (varíola). Codex de Florença, século XVI, Bernardo de Sahagún

As coisas são menos claras no que concerne às doenças. As epidemias dizimavam as cidades europeias da época do mesmo modo que, embora em outra escala, na América: não somente os espanhóis não inocularam conscientemente este ou aquele micróbio nos índios, mas, ainda que tivessem desejado combater as epidemias (como era o caso de certos religiosos), não poderiam tê-lo feito de modo eficaz. Não obstante, é sabido atualmente que a população mexicana declinava também na ausência de grandes epidemias, devido à subnutrição, outras doenças comuns ou à destruição da teia social tradicional. Por outro lado, essas epidemias mortíferas não pode, ser consideradas como um fato puramente natural. O mestiço Juan Bautista Pomar, em sua Relación de Texcoco, terminada por volta de 1582, medita acerca das causas da depopulação, que estima, aliás corretamente, ser uma redução da ordem de 10 para 1; são as doenças, claro, mas os índios estavam particularmente vulneráveis a elas, por estarem exauridos pelo trabalho e não gostarem mais da vida; a culpa é da "angústia e fadiga de seus espíritos, pois tinham perdido a liberdade que Deus lhes tinha dado, pois os espanhóis tratavam-nos pior do que escravo".

Que essa explicação seja ou não aceitável no plano médico, outra coisa é certa, e é mais importante para a análise das representações ideológicas que tenho desenvolvido aqui. Os conquistadores consideram as epidemias como uma de suas armas: não conhecem os segredos da guerra bacteriológica, mas, se soubessem, não deixariam de utilizar conscientemente as doenças; pode-se também imaginar que, na maior parte das vezes, eles nada fizeram para impedir a propagação das epidemias. O fato de os índios morrerem às pencas é uma prova de que Deus está do lado dos conquistadores. Os espanhóis talvez presumissem um pouco a boa vontade divina para com eles, mas o fato era, para eles, incontestável.

Motolina, membro do primeiro grupo de franciscanos que desembarca no México, em 1523, começa sua História por uma enumeração das dez pragas enviadas por Deus para punir aquela terra; sua descrição ocupa o primeiro capítulo do primeiro livro da obra. A referência é clara: como no Egito bíblico, o México tornou-se culpado diante do verdadeiro Deus, e é devidamente punido. Vemos então se suceder, nessa lista, uma série de eventos cuja integração numa única sucessão é interessante.

"A primeira foi a praga da varíola", trazida por um soldado de Narvaez. "Como os índios não conhecem o remédio para essa doença, e têm o hábito de tomar muitos banhos, estejam são ou doentes, e continuaram a fazê-lo, mesmo atingidos pela varíola, morriam em massa, às pencas. Muitos outros morreram de fome porque, como ficaram todos doentes, ao mesmo tempo, não podiam cuidar uns dos outros e não havia ninguém para lhes dar pão ou qualquer outra coisa". Para Motolina também, portanto, a doença não é a única responsável: são responsáveis, na mesma medida, a ignorância, a falta de cuidados, a falta de alimentos. Os espanhóis podiam, materialmente, suprimir essas outras causas de mortalidade, mas nada era mais alheio a suas intenções: por que combater uma doença, se ela foi enviada por Deus para punir os descrentes? Onze anos depois, continua Motolina, começou uma nova epidemia, de rubéola; mas foram proibidos os banhos e os doentes foram tratados; houve mortes, mas muito menos do que da primeira vez.

"A segunda grande praga foi o número dos que morreram quando da conquista da Nova Espanha, particularmente nos arredores da Cidade do México". Assim, os que foram mortos pelas armas, juntam-se às vítimas da varíola.

TODOROV, Tzvetan. A conquista da América - A questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1991. p. 130-132.

sábado, 7 de maio de 2016

Rebeldes jovens

Batalha Soufflot.  
Barricadas na Rua Soufflot em 24 de junho de 1848. 
Horace Vernet

Além dos grandes fatores intelectuais e socioeconômicos que se combinam para produzir um levante revolucionário, forças mais intangíveis geralmente também participam. Por exemplo, a juventude da maioria dos revolucionários é notável. Assumir riscos, seja como manifestante nas ruas, seja como dissidente desafiando um sistema, apesar das altas possibilidades de prisão, tortura, ou mesmo morte, raramente é uma atitude tomada pelos mais velhos, aos quais a vida ensinou a cautela nascida de anos de desapontamento.

Mas se as revoluções raramente são feitas pelos mais velhos, muitos revolucionários que tiveram êxito na tomada do poder envelheceram eles próprios no poder. Às vezes as revoluções são a consequência de um bloqueio de geração causado por gerontocratas que sobem ao poder e frustam ambições normais. A Europa Central em 1848 e de novo em 1989 vivenciou revoluções que tiveram aspectos de um rompimento dramático de uma barreira causada por uma geração agarrando-se ao poder por tempo demasiado.

Tais revoluções geracionais não se referem somente a ambições frustradas, do contrário as multidões nunca se reuniriam. Os mais velhos, que bloqueiam a reforma e os reformadores do poder dentro de um sistema, alimentam fora dele as causas mais profundas de revolução. O apego obstinado ao poder simboliza o bloqueio do regime ao progresso e à esperança.

ALMOND, Mark. O livro de ouro das revoluções: movimentos políticos que mudaram o mundo. Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil, 2016. p. 14.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Nós, latino-americanos

O arsenal - Frida Khalo distribui armas, Diego Rivera

Somos todos irmãos
mas não porque tenhamos
a mesma mãe e o mesmo pai:
temos é o nosso parceiro
que nos trai.

Somos todos irmãos
não porque dividimos
o mesmo teto e a mesma mesa:
dividimos a mesma espada
sobre nossa cabeça.

Somos todos irmãos
não porque tenhamos
o mesmo berço, o mesmo sobrenome:
temos um mesmo trajeto
de sanha e fome.

Somos todos irmãos
não porque seja o mesmo o sangue
que no corpo levamos:
o que é o mesmo é o modo
como o derramamos.

Ferreira Gullar

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Tetas

Gabrielle d'Estrées e uma de suas irmãs. Artista desconhecido da Escola de Fontainebleau, 1594.

Para fugir do castigo, alguns homossexuais se disfarçavam  de mulheres e se faziam passar por prostitutas.

No final do século XV, Veneza ditou uma lei que obrigava as profissionais a exibir suas tetas. Os peitos nus deviam ser mostrados nas janelas onde elas se ofereciam aos clientes que passavam. Trabalhavam numa ponte, perto do Rialto, que até hoje se chama Ponte delle Tette.

GALEANO, Eduardo. Espelhos: uma história quase universal. Porto Alegre: L&PM, 2015. p. 99.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Pregões do mercado em Santiago do Chile

A rainha do mercado, Rugendas

- Cravo e canela, para a moça mais bela!
- Suspiiiiroos!
- Lindos botões, um real a fieira!
- Broiiiinhas!
- Correias, correias para selas, maciinhas feito luva!
- Uma esmola pelo amor de Deus!
- Carne de boi!
- Uma esmolinha para um pobre cego!
- Vassoooouras! Tá acabando!
- Fumo de rolo! Fumo de rolo!
- Medalhas milagrosas, vai uma ou vão dez!
- Olha a pomada negra, olha a pomada negra!
- Facão pra segurança do cidadão!
- Olha que brilho!
- Quem vai levar este laço?
- Olha o pão!
- Um chocalhinho, é o último!
- Melâncias do céu!
- Olha o pão amassado só por mão de mulher!
- Melanciiiiias!
- Olha o pão, olha o pão! Quentiiiinho!

GALEANO, Eduardo. Memória do fogo: As caras e as máscaras. Porto Alegre: L&PM, 2013. p. 423-4.

domingo, 1 de maio de 2016

A arte como arma de guerra

"O que vocês pensam que seja um artista? Um imbecil feito só de olhos, se é pintor, ou de ouvidos, se é músico, ou de coração em forma de lira, se é poeta, ou mesmo feito só de músculos, se se trata de um pugilista? Muito ao contrário, ele é ao mesmo tempo um ser político, sempre alerta aos acontecimentos tristes, alegres, violentos, aos quais reage de todas as maneiras. Não: a pintura não é feita para decorar apartamentos. É um instrumento de guerra para operações de defesa e ataque contra o inimigo".

Essas foram as palavras de Pablo Picasso (1881-1973), que pintou, em 1937, a obra de nome Guernica. Ela refere-se aos horrores da guerra e à brutalidade do bombardeio aéreo realizado por aviões alemães sobre a capital basca de mesmo nome.

A obra cumpre um duplo papel: o de representar um acontecimento histórico e o de ser um acontecimento histórico, pois é uma intervenção da cultura na luta política.

Guernica, em 26 de abril de 1937, tinha sido severamente bombardeada por aviões alemães, postos à disposição de Franco, ditador líder do governo espanhol, aliado de Hitler. Dos 7 mil habitantes da cidade, 1.654 morreram e 889 ficaram feridos. O massacre teve como objetivos a submissão do País Basco e a demonstração da nova técnica bélica alemã, o bombardeamento de saturação, que seria depois usado em larga escala na Segunda Guerra Mundial. Este consistia em usar técnicas modernas e científicas para maximizar os danos e o número de vítimas nos bombardeios e para facilitar o avanço das unidades de infantaria. Os motivos do bombardeio eram claros: serviriam de exemplo para os bascos e para todos aqueles que se opusessem aos alemães e a seus aliados.

Picasso assume uma posição ofensiva. Por meio da pintura de Guernica, não pretende apenas mostrar os horrores da guerra, mas, com uma nova estética, obrigar a humanidade a sentir-se co-responsável - se não por participação direta, por submissão - pela carnificina realizada contra o povo basco.

Pintada no estilo cubista, em uma tela de 3,50 m x 7,28 m, Guernica impressiona pelas figuras fragmentadas, em tons de cinza, branco e preto.

O que mais se destaca no quadro é a ausência de cores ou de relevo, duas das principais qualidades sensíveis com as quais percebemos a natureza. Não perceber a natureza é cortar as relações que se tem com ela e com a vida. Com isso só resta a morte.

Outra característica da obra é uma crise na forma, que é a representação máxima de uma civilização. A forma que reconhecemos e admiramos é produto da cultura de nossa civilização; quando esta entra em crise, representa uma crise na própria civilização.

Estas características mostram como o autor entende a sociedade em que vive e suas transformações em seus aspectos mais gerais. Já o conteúdo representa as especificidades do acontecimento, pelos símbolos presentes na obra. Símbolos como o touro, clara referência à Espanha, impassível diante do massacre ocorrido; o desespero do homem e da mulher em lados opostos do quadro, sendo que o primeiro vê sua casa destruída pelas chamas¹ e a segunda chora pelo filho morto².

¹ Guernica (detalhe), Pablo Picasso

² Guernica (detalhe), Pablo Picasso

PEDRO, Antônio; LIMA, Lizânias de Souza; CARVALHO, Yone de. História do mundo ocidental. São Paulo: FTD, 2005. p. 396-7.