Ecce homo!, Antonio Ciseri.
[Pôncio Pilatos apresentando Jesus ao público]
Na Judéia um simples procurador de Roma mantinha a ordem e controlava os impostos, enquanto a administração era exercida pelos próprios judeus através do Grande Conselho, chefiado pela autoridade máxima civil e religiosa do povo hebreu, o sumo sacerdote do Templo de Jerusalém.
Em todos os portos do Mediterrâneo os judeus dispersados pelos romanos continuavam a pregar a religião hebraica, a reunir seus adeptos em sinagogas, a esperar a vinda de um messias que, segundo os profetas, libertaria o povo judeu do jugo estrangeiro, vingaria as humilhações sofridas e imporia ao universo o verdadeiro deus. Muitos falsos messias, no entanto, já haviam surgido, levando assim o Grande Conselho a desconfiar de quantos aparecessem.
Por outro lado, os romanos consideravam estranho e mesmo perigoso esse povo que teimava em não reconhecer os deuses oficiais de Roma.
Jesus Cristo. De acordo com as narrativas dos Evangelhos, no Novo Testamento, nasceu em Belém durante o reino de Augusto, na Galiléia (região da Palestina), o homem que, por seus ensinamentos e por seu exemplo, exerceria uma das mais significativas influências sobre a história e a religião: Jesus.
Com a idade de 30 anos, acompanhado de doze apóstolos (= enviados), começou a percorrer as terras da Galiléia e da Judéia, aí difundindo sua mensagem pelo espaço de três anos. A pregação de Jesus prometia aos homens vida eterna, liberação moral e espiritual. Muitos viram nele o verdadeiro messias (em grego, Cristo); outros, porém, o combateram como inimigo, embora Cristo houvesse declarado que não viera para abolir a lei e sim para mantê-la, além de pregar a não-violência, a caridade, o amor ao próximo, o perdão, a justiça, a misericórdia divina.
O Grande Conselho o acusou de blasfêmia contra Jeová e exigiu do procurador romano Pôncio Pilatos que Jesus fosse condenado à morte. Pilatos não quis indispor-se com o Conselho e tolerou a crucificação de Jesus, pena infligida pelos romanos a bandidos, ladrões e traidores.
Nesse mesmo tempo, na época do procurador romano Pilatos, apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos considerá-lo simplesmente como um homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Era o Cristo. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e que ele faria muitos outros milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram seu nome. (Flávio Josefo, História dos hebreus, v. 5)
Nesse mesmo tempo, na época do procurador romano Pilatos, apareceu Jesus, que era um homem sábio, se todavia devemos considerá-lo simplesmente como um homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Era o Cristo. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e que ele faria muitos outros milagres. É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram seu nome. (Flávio Josefo, História dos hebreus, v. 5)
Após a morte de Jesus, a despeito da oposição das autoridades judaicas, alguns dos apóstolos continuaram a difundir os ensinamentos de Cristo, congregaram seus seguidores, chamados cristãos, em núcleos organizados na Palestina, sobretudo em Jerusalém. Outros apóstolos, ajudados por novos adeptos, pregaram o cristianismo nas sinagogas das principais cidades do Mediterrâneo. Dois livros do Novo Testamento - Atos dos Apóstolos e Epístolas de São Paulo - nos revelam qual foi a atividade que se desenvolveu para difundir a nova religião.
Os esforços dos apóstolos alcançaram resultados surpreendentes, tanto assim que, no fim do século I, além dos núcleos ao longo do Mediterrâneo, já existiam também em Roma importantes comunidades cristãs, constituídas principalmente de gente das classes pobres, de artesãos e de escravos. E no século II o cristianismo já estava instalado na península ibérica, na Gália, na África, e penetrara em todas as classes sociais, inclusive nos círculos ligados ao imperador e sua família.
Surgiu a assembléia cristã (eclésia, daí Igreja). As várias assembléias reuniam-se ora em residências particulares, ora em seus cemitérios subterrâneos, chamados catacumbas, onde os fiéis, em lembrança da última ceia de Jesus em companhia dos apóstolos, participavam da cerimônia da comunhão. dividindo, entre todos, o pão e o vinho.
Como a religião cristã se contrapunha à religião do Estado romano, provocou um período de perseguições que se estendeu, ora mais, ora menos violento, do século I (desde Nero) até o século III. Essas perseguições, suportadas pelos cristãos com extraordinária coragem, ao invés de enfraquecer o cristianismo, só contribuíram para fortalecê-lo e difundi-lo ainda mais, provocando grande crise religiosa no Império Romano e contribuindo para abalar-lhe os alicerces.
HOLLANDA, Sérgio Buarque de (org.). História da Civilização. São Paulo: Nacional, 1974. p. 105-7.