"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sábado, 22 de outubro de 2011

Tradições asiáticas: a China imperial

Afresco da Dinastia Han

帝制時期

De todas as terras estranhas, mas não inteiramente desconhecidas, que ficavam além das fronteiras de Roma, a mais misteriosa e menos conhecida era a China. Os romanos estiveram apenas indiretamente em contato com ela por meio do comércio. De lá se originou a seda - daí o nome latino que os romanos lhe atribuíram: "Serica", ou "seda". Durante séculos, sua cultura foi protegida pelo seu isolamento. A China mantivera com os povos da Ásia Central um relacionamento próximo porém complicado; contudo, depois de unificada, durante muitos séculos não teve nas suas fronteiras nenhum grande Estado com que precisasse se relacionar. Este isolamento aumentaria quando o centro de gravidade da civilização europeia se deslocou para oeste e para o norte, e à medida que afastavam cada vez mais do leste da Ásia os herdeiros do legado helenístico: Bizâncio, a Pérsia sassânida e, depois o islamismo.

Com isto a China permaneceria distante e inacessível à maioria das correntes que mudavam outras partes das terras eurasianas, e bem distante das fontes de distúrbios de outras grandes civilizações. Até mesmo o islamismo, ao chegar lá, influiu muito menos do que em outros lugares. A China também era dotada de grande capacidade de absorver as influências estrangeiras que chegassem. Sua capacidade de assimilação se apoiava na cultura de uma elite administrativa que sobreviveu às dinastias e aos impérios e que a manteve num mesmo curso. Deve-se muito do conhecimento atual sobre a China aos escribas, que mantinham registros desde tempos muito remotos, e que fornecem incomparável documentação [...]. 

[...] A História da China, findo o período dos Estados Combatentes, tem uma espinha dorsal de várias classes alternando períodos de crescimento e decadência de dinastias.  [...]

* Os Ch'in. Os Ch'in vieram de um Estado a oeste, que até por volta do século IV a.C. os chineses ainda consideravam bárbaro. [...] Depois de absorver Sichuan, o povo Ch'in adquiriu condição de reino, em 325 a.C. O auge do sucesso Ch'in foi derrotar o seu último opositor, em 221 a.C., e unificar a China pela primeira vez como um império dirigido por uma dinastia que daria o nome ao país. Foi um grande feito. A partir disto a China pode ser considerada como a sede de uma civilização única e consciente de si mesma. [...]

* Os Han. [...] de 206 a.C. até 220 d.C., a China foi governada por imperadores de duas dinastias com o mesmo nome: os Han. [...] A escrita chinesa só fora padronizada no reinado Ch'in (pouco antes do período Han). Em grande parte do território politicamente controlado pelos Han, principalmente no sul, era normal existir uma sociedade tribal em que poucos líderes eram "achinesados", ou seja, tinham costumes chineses. [...]

Contudo, os imperadores Han estenderam as reivindicações de dominação política da China ainda mais longe do que qualquer dos seus antecessores. [...] O imperador Wu Ti. ou "Imperador Marcial", que reinou de 141 a 87 a.C., foi especialmente ganancioso: anexou ao império uma grande área da Ásia Central, a Bacia do Tarim, bem como o Sul da Manchúria - a região ao norte da Grande Muralha - e grande parte da costa sudeste da China. Os povos Tai do Vale do Mekong também foram subjugados e Annam aceitou a soberania dos Han. Mais tarde os povos mongóis chamados hsiung-nu, mais conhecidos como hunos, foram expulsos do norte do Deserto de Gobi e iniciaram uma longa marcha que os transformou numa força da História mundial.

A expansão aumentou os contatos da China com outras partes do mundo. Com o Mediterrâneo permaneceram apenas indiretos, porque grande parte do comércio da China era feito por terra. A mercadoria mais desejada da sua produção era a seda, que a partir do ano 100 a.C. era enviada por caravanas ao Ocidente, ao longo da Rota da Seda da Ásia Central. Talvez os novos contatos desta época com cavaleiros nômades dos desertos expliquem o surgimento dos belos cavalos de bronze que começaram a ser fundidos na era Han.

* A religião. Apesar desses amplos contatos, a China permaneceu notavelmente isolada e intocada por influências externas. [...] O único possível desafio à tradição foi o budismo, que parece ter aberto caminho na China durante o século I d.C., através das estradas de comércio da Ásia Central. [...] O budismo talvez tenha sido introduzido na China pelos povos Kushan, que o difundiram na Ásia Central; daí seguiu para o norte da China, principalmente na sua forma maaiana. A ideia confortadora de um Buda salvador, em cuja ajuda o fiel podia confiar, deve ter parecido muito atraente numa época de revoltas e de desintegração social. O budismo podia ser tudo para todos: superstição para os humildes, estimulador de novas ideias filosóficas para os instruídos, e o seu estilo artístico exercia um forte apelo.



Grande Buda

Aos poucos o budismo se infiltrou na sociedade. Estudantes e monges começaram a circular entre a China e a Índia em busca de instrução budista. O grande sucesso do budismo aconteceu entre os séculos VI e IX. [...] 

O Estado também contribuiu para regulamentar o budismo, notadamente ao limitar o número de monges e de mosteiros (para evitar que as riquezas escapassem ao sistema de impostos), medidas de difícil execução e que provocaram explosões ocasionais de perseguição. A pior ocorreu no século IX, quando todas as religiões alienígenas foram banidas. Fontes oficiais dizem que mais de 4.600 mosteiros foram destruídos e que mais de 250 mil monges e monjas budistas perderam a isenção de impostos. Isso aconteceu quando o confucionismo recuperava sua antiga importância entre os eruditos, e marcou o começo do declínio do budismo na China [...].

[...] Sem ser muito dogmática, a tradição chinesa só enfatizava que as próprias pessoas deveriam efetuar os rituais de sacrifício e que os antepassados deveriam ser venerados. O confucionismo reforçou isto, o que resultou na notável tolerância dos chineses instruídos (algo que mais tarde os europeus admirariam). Posteriormente, no Período T'ang um imperador editou um decreto permitindo a pregação do cristianismo (que chegara à China por meio de missionários nestorianos). [...] Embora o colapso de grande parte da sociedade tradicional durante os problemas do declínio dos Han, e suas consequências, fizessem com que as pessoas procurassem novos cultos e crenças [...], os beneficiários foram os cultos populares e o desenvolvimento do taoísmo, que se tornou uma miscelânea de curas pela fé, superstições e ideias budistas.

* A civilização chinesa. Apesar das influências estrangeiras da época, os chineses instruídos do Período Han achavam fácil ver o seu país como centro do mundo e sede da verdadeira civilização. Sem dúvida esta convicção intelectual explica em grande parte a sua indiferença ao que acontecia em outros lugares. Mas outros fatores podem ter contribuído. Por exemplo, a enorme distância geográfica [...]. A China também era auto-suficiente, tanto sob o ponto de vista econômico quanto tecnológico. Possuía vastos recursos naturais, e durante o Período Han a agricultura e a tecnologia foram capazes de explorar o meio ambiente com sucesso. [...] O arroz introduzido em tempos bem primitivos, vindo do sudeste da Ásia ou da Índia, foi a última e verdadeiramente radical inovação na vida material proveniente do exterior antes dos tempos modernos.


Jardim imperial na Cidade Proibida

A era Han também trouxe outros refinamentos e invenções. Os cientistas Han criaram a primeira bússola magnética com mostrador e ponteiro [...], o primeiro sistema de cartografia [...], máquinas para registrar terremotos e calibradores com graduações decimais para artesãos. [...] de todas as inovações do período a mais surpreendente é a descoberta do fabrico do papel (anunciada nas oficinas imperiais em 105 d.C.) e que seria de enorme importância para toda a raça humana, mesmo que só tenha alcançado o Ocidente vários séculos depois. O papel era mais barato do que o papiro ou o pergaminho [...].

Os transportes, e portanto as comunicações, também melhoraram no Período Han. O leme ligado à popa do navio, em oposição ao grande remo pendurado de um dos lados, apareceu no século I a.C.; os navios europeus precisaram esperar por isso cerca de 1.200 anos. Também no tempo dos primeiros Han foi desenvolvido um arreio para cavalos [...]. Pouco depois do final da dinastia, os chineses introduziram o estribo, invenção de enorme importância na arte da guerra por proporcionar maior segurança e controle ao cavaleiro. Por outro lado, a nova balestra foi inventada durante o Período Han, o que representou uma grande realização tecnológica, mais poderosa e precisa do que os arcos dos bárbaros [...].

Estas inovações dão testemunho da riqueza da civilização Han, e em muitos aspectos é apenas o início de um período glorioso: nos mil anos seguintes, as ciências e a matemática chinesas lançariam muito mais ideias novas do que as dos europeus. Para os governantes e para os ricos, a China Han, no seu apogeu, também deve ter sido uma esplêndida sociedade. Perderam-se algumas das suas adoráveis criações em seda, madeira e pintura; quando os palácios começaram a ser destruídos, nas últimas décadas conturbadas da dinastia, foram destruídas coleções inestimáveis. Ainda assim, muitas coisas belas sobrevivem graças à prática Han de sepultar ricos e nobres com grande parte dos seus bens, ou cópias. Uma descoberta recente [...] foi a de elaborados trajes em jade com que foram sepultados um príncipe e uma princesa dos primeiros Han. Com os últimos Han, objetos de bronze, especialmente modelos de cavalos, demonstram um novo desenvolvimento de uma das mais antigas artes chinesas, a fundição do bronze, ao mesmo tempo que novos vernizes coloridos eram inventados pelos oleiros.

[...]

Grande parte da evidência da brilhante cultura Han se dissipou ou foi destruída nos séculos IV e V, quando os bárbaros voltaram a importunar nas fronteiras. Então, mais uma vez a China se dissolveu num amontoado de reinos [...].


Guerreiros de terracota

Aos poucos os bárbaros foram seduzidos pelos costumes chineses: perderam a identidade, adotaram roupas e linguagens chinesas e se tornaram simplesmente outro tipo de chineses. O prestígio desfrutado pela civilização chinesa entre os povos da Ásia Central já era muito grande. [...] Em 500, um governante tártaro chegou a impor ao seu povo, por decreto, roupas e costumes chineses.  [...]

* A burocracia. A expansão territorial requeria mais administradores. Uma burocracia maior sobreviveria a muitos períodos de desunião [...] e permaneceu até o fim como uma das instituições mais surpreendentes e características da China imperial. Foi provavelmente a chave para o surgimento do sucesso da China, a partir de uma era em que as dinastias decadentes foram substituídas por Estados locais competitivos e insignificantes, que quebraram a unidade já conseguida. A burocracia unia a China tanto pela ideologia quanto pela administração. Os funcionários civis, treinados e examinados à luz dos clássicos de Confúcio, asseguravam que a instrução e a cultura política se unissem na China como em nenhum outro lugar.

No princípio os funcionários se distinguiam do resto da sociedade apenas pela educação (eram graduados). A maioria provinha da pequena nobreza proprietária de terras, mas eram mantidos isolados dela. Uma vez selecionados para ser funcionário depois de um teste, desfrutavam de uma condição apenas inferior à da família imperial, bem como de grandes privilégios sociais e materiais. Tinham duas tarefas anuais de grande importância: compilar os resultados do censo e os registros da terra nos quais se baseava o cálculo de impostos chineses. Os seus outros deveres principais eram de julgamento e supervisão, pois os assuntos locais ficavam a cargo dos cavalheiros locais, que agiam sob a supervisão de cerca de dois mil magistrados distritais pertencentes à classe oficial. [...]

Esta estrutura tinha um enorme poder conservador. Graças ao sistema de exames, a prática de governo era exercida através de ideais reconhecidos. [...] De tempos em tempos havia casos de corrupção e compra de cargos, mas estes sinais de decadência em geral só aparecem nos registros perto do fim de um período dinástico. Na maior parte do tempo os funcionários imperiais demonstravam notável independência do seu meio de origem. Na teoria, eram os homens do imperador; não tinham permissão de possuir terras na província onde serviam, nem de servir nas suas próprias províncias, nem ter parentes no mesmo ramo de governo. Não deveriam ser representantes de uma classe, mas uma seleção dela, uma elite recrutada independentemente, renovada e promovida pela competição. [...] Para os que alcançaram o nível mais elevado da hierarquia oficial e se tornaram conselheiros imperiais, os únicos rivais em importância eram os eunucos da Corte. Estas criaturas, a quem muitas vezes os imperadores confiavam grande autoridade, porque por definição não podiam constituir família, eram a única força política que escapava às restrições do mundo oficial.

[...]

* A China clássica. Em 618 a civilização chinesa entrou numa fase nova e madura, tendo a seu favor impressionantes realizações. [...] Depois dos Han, a desordem dividiu a China por mais de 350 anos. Então, um general de sangue mestiço de chinês e bárbaro reunificou o país em 581. A Dinastia Sui que ele fundou durou apenas perto de trinta anos quando outro general (também de ascendência mestiça) tomou o trono e inaugurou a Dinastia T'ang, com a qual a China foi novamente uma unidade por aproximadamente três séculos e meio. Seguiu-se outro período de desordem, mas desta vez durou apenas cinquenta anos antes que os Sung ascendessem ao trono imperial em 960. Embora perdessem o controle do norte da China para povos da Manchúria no século XII, os Sung se mantiveram no sul até 1279. Neste ano Kubilai Khan, neto de Gêngis Khan, completou a conquista mongol da China. Adotou o nome dinástico de Yuan, e os seus sucessores governaram a China até 1368, a partir da nova capital, em Pequim, quando foram substituídos por uma dinastia fundada por um plebeu chinês rebelde, a Dinastia Ming, que durou até 1644.

[...]

Assim, a desunião recorrente não impediu que governantes, sábios e artesãos conduzissem a civilização chinesa ao apogeu nos mil anos que se seguiram à posse dos T'ang. Alguns situam o período clássico bem no início do domínio T'ang, nos séculos VII e VIII, enquanto outros o distinguem no Período Sung. A cultura T'ang refletiu o estímulo de contatos com o mundo exterior, mais especialmente com a Ásia Central. Na época, a capital era Changan [...] situada no final da Rota da Seda [...]. Changan significa "paz duradoura" e a ela vieram persas, árabes e centro-asiáticos, tornando-a uma das cidades mais cosmopolitas do mundo. Continha igrejas nestorianas, templos zoroástricos, mesquitas muçulmanas, e o que restou dela sugere ter sido a capital mais esplêndida e luxuosa do seu tempo. Muitos dos seus vestígios refletem o reconhecimento dos chineses a estilos diferentes dos seus - por exemplo, a imitação da prataria iraniana -, enquanto a característica de Changan como entreposto comercial está preservada nas figuras em cerâmica de cavaleiros e camelos carregados, que revelam a vida da Ásia Central circulando pelas ruas da cidade. [...] A partir das pinturas dos túmulos pode-se observar parte da vida aristocrática da Corte. Os homens se divertem caçando, acompanhados de criados centro-asiáticos; as mulheres, de expressão vaga, vestem-se com luxo, e suas criadas aparecem cuidadosamente equipadas com leques, caixas de cosméticos, buchas para as costas e outras parafernálias de toucador. As grandes damas da era T'ang também prezavam as modas da Ásia Central, que tomavam emprestadas da equipe doméstica.

[...]

A cultura Changan nunca se recuperou da destruição causada pela rebelião de 756, apenas dois anos após a fundação da Academia Imperial de Letras [...]. No entanto, a Dinastia Sung produziria mais cerâmicas. A fase primitiva, a fase norte da história Sung, foi marcada pelo trabalho ainda de estilo colorido e padronizado, enquanto que os artesãos do sul favoreceram produtos simples e monocromáticos. Significativamente, vincularam-se a outra tradição: a das formas desenvolvidas pelos grandes fundidores de bronze da China primitiva. Mas apesar de toda a beleza das suas cerâmicas, a Dinastia Sung se notabiliza mais por algumas das melhores realizações da pintura chinesa, cujo tema principal era a paisagem. [...]

[...]


A Grande Muralha

* A China mongol. No fim do século XIII toda a China fora invadida pelos mongóis e estes, como os primitivos invasores, demonstraram o contínuo poder de sedução que a China exercia sobre os seus conquistadores. O primeiro golpe foi muito duro. Algo em torno de trinta milhões de vidas podem ter sido perdidas durante a conquista, ou seja, mais de um quarto de toda a população da China em 1200. No entanto, com Kubilai Khan, o último dos grandes Khans, o Império Mongol deslocou o seu centro das estepes para Pequim. A partir dessa época a China mongol pode ser considerada chinesa e não mongol [...]. A China mudou os mongóis mais do que os mongóis mudaram a China, e o resultado foi a magnificiência relatada pelo surpreso Marco Polo.

No entanto, os mongóis procuraram se manter à parte dos nativos, por meio de uma proibição positiva: os chineses eram proibidos de aprender a língua mongol e de se casar com mongóis. Não tinham permissão de portar armas. [...]

Contudo, as realizações mongóis foram muito impressionantes. Uma vez unida, a China mais uma vez demonstraria o seu grande potencial diplomático e militar. [...]

[...]

O regime mongol não pode ser considerado um sucesso, já que a sua sobrevivência falhou. [...] O comércio exterior floresceu como nunca. Marco Polo relata que os pobres se alimentavam da liberalidade do Grande Khan e que Pequim se tratava de uma grande cidade. Por outro lado, um olhar moderno encontra algum atrativo no tratamento dispensado pelos mongóis à religião. Apenas os muçulmanos foram impedidos de pregar a sua doutrina; o taoísmo e o budismo foram positivamente encorajados, por exemplo, com a liberação de impostos aos mosteiros budistas [...]. No entanto, no século XIV os desastres naturais já se juntavam às extorsões mongóis para produzir uma nova onda de rebeliões rurais, sintoma visível de uma dinastia em declínio. [...]

* Os Ming. Como tantos outros líderes revolucionários chineses, Chu Yuan-Chang gradualmente se tornou um defensor da ordem tradicional. A dinastia que ele fundou, embora presidisse um grande florescimento cultural e conseguisse manter a unidade política da China, só confirmou o conservadorismo e o isolamento do país. No início do século XV, um decreto imperial proibia os navios chineses de se afastarem além das águas costeiras e os indivíduos de viajarem para o exterior. Logo os estaleiros chineses perderam a capacidade de construir os grandes juncos que atravessavam o oceano. Nem mesmo guardaram as especificações destas embarcações. As grandes viagens do eunuco Cheng Ho, que poderia ter sido um Vasco da Gama chinês, foram quase esquecidas. Ao mesmo tempo, os mercadores que haviam prosperado no período mongol foram molestados.


Cantina de ouro com o dragão (Dinastia Ming)

Neste meio tempo a Dinastia Ming se deteriorava, o seu declínio sendo registrado por uma sucessão de imperadores virtualmente confinados aos seus palácios enquanto favoritos e príncipes imperiais disputavam a posse das propriedades imperiais. Com exceção da Coréia, onde derrotaram os japoneses no final do século XVI, os Ming não conseguiram manter as fronteiras do império chinês. A Indochina escapou da esfera chinesa, o Tibete ficou mais ou menos fora de controle, e em 1544 os mongóis voltaram a queimar os subúrbios de Pequim. No século seguinte os Ming foram ameaçados por um povo vindo do norte da Grande Muralha, os manchus, que viviam numa província que mais tarde teria o seu nome: Manchúria. Quando intervieram nos problemas internos da China, foi o fim da Dinastia Ming. Em 1644, uma dinastia manchu, a Ch'ing, subiu ao trono, onde os seus imperadores se manteriam até o século XX.

ROBERTS, J. M. O livro de ouro da história do mundo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001. p. 306-331. 

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