Oração para o espírito do búfalo. Ceromônia Blackfoot.
Joseph Henry Sharp
"Soube que pretendem colocar-nos em uma reserva das montanhas. Não quero ficar nela. Gosto de vagar pelas pradarias. Nelas me sinto livre e feliz; quando nos estabelecemos, ficamos pálidos e morremos. Pus de lado minha lança, o arco e o escudo, mas me sinto seguro na sua presença. Disse-lhes a verdade. Não tenho pequenas mentiras ocultas em mim, mas não sei como são os Comissários. São tão francos quanto eu? Há muito tempo, esta terra pertencia aos nossos antepassados; mas quando subo o rio, vejo acampamentos de soldados em suas margens. Esses soldados cortam minha madeira, matam meu búfalo e, quando vejo isso, meu coração parece partir; fico triste [...] Será que o homem branco se tornou uma criança que mata sem se importar e não come o que matou? Quando os homens vermelhos matam a caça, é para que possam viver e não morrer de fome."
(Satanta, Chefe dos Kiowas, 1869)
Cerimonial religioso com totens. Povo Nuxalk. Wilhelm Sievers
O flautista romântico. Petroglifo do povo anasazi.
Texto 1. Os índios da região Sudeste cultivavam quase que exclusivamente o milho, embora também conhecessem o feijão, a abóbora e muitos tipos de frutos silvestres. Praticavam ainda a caça e a pesca para sua alimentação.
Segundo a maioria dos relatos, eles andavam nus, protegendo-se com mantas de pele e adornando-se com plumas. Desenvolveram habilidades técnicas relativas à construção de casas, canoas, vasos de cerâmica e armas de ataque e defesa.
Os indígenas do Sudoeste também cultivavam o milho como principal alimento, chegando a guardar as sobras da produção em grandes silos. Conheciam sistemas de irrigação e cultivavam ainda o algodão para fazer tecidos. O trabalho de moer o milho era executado pelas mulheres, que também cuidavam das hortas. A caça era outra fonte importante de alimentação.
Esses índios usavam vestimentas, algumas feitas de pele de animais e outras de algodão tecido. Eram muito bons ceramistas, sobretudo as mulheres, e excelentes cesteiros.
O trabalho na tribo era dividido entre os sexos, e os homens colaboravam nas tarefas domésticas. Quando construíam suas casas, os homens assentavam a madeira, enquanto as mulheres faziam as misturas para erguer as paredes. Os homens também teciam e confeccionavam sandálias de couro, muito usadas entre eles.
A chefia dos chamados pueblos (povoados) era geralmente exercida com a ajuda de uma assembléia de anciãos, contando com a presença marcante dos sacerdotes da tribo. (REZENDE, Antonio Paulo e DIDIER, Maria Thereza. Rumos da história: história geral e do Brasil. São Paulo: Atual, 2005.)
O Apsaroke, ou Corvos. Edward S. Curtis
Texto 2. As nações iroquesas começaram a evoluir por volta de 1300 d.C. Eram os melhores guerreiros da região e frequentemente lutavam entre si e contra as nações algonquinas (ou algonquianas).
Por volta de 1560, sob a liderança de Hawatha, um famoso chefe mohawak, cinco nações iroquesas formaram a Liga das Cinco Nações: os onondaga, os mohawh, os seneca, os oneida e os cayunga. Essa liga incentivou a paz entre os iroqueses e criou uma forma de união contra seus inimigos, tais como a nação huroniana.
Os problemas comuns eram discutidos e resolvidos pelo Grande Conselho, um grupo de cinquenta representantes de cada nação. Uma característica da Liga das Cinco Nações é que as mulheres tinham grande poder. Elas escolhiam os representantes para o Grande Conselho e supervisionavam todas as suas atividades, mas eram os homens que tomavam as decisões finais. [...]
No sudoeste dos Estados Unidos concentrava-se a maior parte dos nativos americanos: entre 150 e 200 nações indígenas viviam nessa região. As principais eram: ao norte, os cherokee, os chickasaw e os tuscarora, todos de língua iroquesa; no litoral, os powhatan e os chatawba; ao sul, os creek, os natchez e os choctaw; e na região que hoje se chama Flórida, os serilinole. (ASIKINAK, Bill; SCARBOROUGH, Kate. Explorando a América do Norte. São Paulo: Ática, 2000. p. 10-13.)
Texto 3. Entre os povos indígenas mais aguerridos - e mais famosos - da América do Norte no tempo da colonização estava o dos sioux, termo que significa "serpente" e que era usado pelas tribos inimigas para designar um povo que chamava a si mesmo de dakota. Os sioux ou dakotas abrangiam três grandes grupos: os santees,, os yanktons e os tétons. Esses últimos, por sua vez, subdividiam-se em diversas tribos das quais se destacaram os oglalas, brulés, hunkpapas e outras. Esses grupos viviam no noroeste dos Estados Unidos, nas pradarias cortadas pelos rios das bacias do Mississipi e do Missouri. Na região existiam outras tribos, como os cheyenne, aliados dos sioux, e inimigos, como a tribo crow. Cada povo tinha seu próprio idioma, mas uma linguagem de sinais permitia a comunicação entre as diversas tribos.
Os sioux praticavam a agricultura, em especial a do milho, mas a sua sobrevivência dependia basicamente da caça ao bisão. Manadas com milhares de animais cortavam as planícies; para abatê-los, os índios mobilizavam aldeias inteiras. Após a caçada, as famílias repartiam a carne dos animais. Os ossos e os chifres eram utilizados para a fabricação de instrumentos de uso diário e de armas, e com o couro confeccionavam vestimentas, utensílios domésticos e tendas.
A existência dos sioux e das demais tribos das planícies do Oeste pode ser dividida em duas fases: antes e depois de conseguirem cavalos. Introduzidos na América do Norte pelos espanhóis que conquistaram o México, os animais se espalharam pelo continente e deram aos indígenas uma mobilidade que antes não conheciam. Graças às montarias, os caçadores puderam acompanhar as migrações dos rebanhos. Por isso, a preocupação pela busca de alimento diminuiu. A cultura tribal modificou-se, pois boa parte das horas e das energias antes destinadas à caça foi reservada aos rituais religiosos e mágicos. Entre as cerimônias sioux mais importantes estava a Dança do Sol. Os participantes, com estacas afiadas cravadas na pele, presas por tiras de couro a um poste de madeira, dançavam horas a fio em torno do poste, expostos ao Sol, até a pele se romper e receberem a visão transmitida pelos espíritos. (MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2007. p. 12.)
Texto 4. Relata-se pela tradição oral que muitas pessoas viveram no sudoeste norte-americano por pelo menos 10.000 anos, mas conhecemos os primeiros habitantes apenas de forma indireta, já que a história escrita teve início apenas no ano 1540 d.C., quando escrivões hispânicos registraram as primeiras observações da região feitas pelos europeus. Nós podemos apenas especular sobre os primórdios baseados nesses registros burocráticos, nas tradições orais dos índios Pueblo, registrados a partir dos anos 1880 e, principalmente, em uma crescente quantia de detalhes das evidências arqueológicas. A arqueologia do sudoeste depende de escavações sistemáticas de antigos sítios e da observação de perto de fragmentos do passado que são recuperados, incluindo inúmeras peças de cerâmica quebradas. [...] O conhecimento mais certo que temos do passado vem de sítios que estão essencialmente intactos. Ironicamente, embora aprendamos a coletar mais e mais informações causando menos e menos dano, centenas de sítios arqueológicos estão sendo destruídos de forma ignorante para satisfazer uma fome contemporânea por belas cerâmicas.
O passado antigo é um território que, na melhor das hipóteses, apresenta limites ao conhecimento. Por exemplo, nunca saberemos qual das pioneiras tradições cerâmicas, se alguma, representou um grupo ou uma "cultura" consciente de sua identidade, tampouco o que esses grupos ceramistas se chamavam, nem qual língua falavam. O que sabemos é que em 1540 d.C., talvez cerca de meio milhão de pessoas tenha vivido no sudoeste, a maioria composta de agricultores cujas vilas variavam em tamanho, de pouco menos de cem pessoas a duas ou três mil. Os exploradores espanhóis chamavam esses lugares e as pessoas que lá viviam de "pueblos" ("povoado" em espanhol) e seus descendentes deste então são o "povo Pueblo". Os Pueblo falavam pelo menos oito idiomas diferentes na época do contato e viviam em comunidades que eram essencialmente igualitárias, teocráticas e autônomas. Seu modo de vida era muito parecido de lugar para lugar e cerâmicas pintadas e moldadas a mão eram produzidas na maioria dos pueblos, se não em todos, em quantias relativamente grandes.
A maioria dos vilarejos Pueblo se agrupava em vales estreitos de rios, em estilo de oásis, ao longo do alto-médio Rio Grande e seus afluentes e a sul e a oeste do Planalto Colorado. Outros eram agricultores nas esparsas "rancherias" nos desertos do sul. A compreensão de que o universo Pueblo, historicamente conhecido, data em sua maior parte apenas do século XIV tornou-se mais ampla após o desenvolvimento de métodos de datação durante o século XX. Com o tempo, tornou-se amplamente aceito que vários das centenas de vilarejos, talvez a maioria deles, que foram abandonados há tempos no Planalto Colorado e nas terras altas Mogollon e abaixo delas, foram de alguma forma ancestrais aos Pueblos pós-1300 d.C. (J. J. Brody. Introdução. In: Antigas origens do sudoeste americano: 600-1600 d.C. Curitiba; Museu Oscar Niemeyer, 2008. p. 15-17.)
Por volta de 1560, sob a liderança de Hawatha, um famoso chefe mohawak, cinco nações iroquesas formaram a Liga das Cinco Nações: os onondaga, os mohawh, os seneca, os oneida e os cayunga. Essa liga incentivou a paz entre os iroqueses e criou uma forma de união contra seus inimigos, tais como a nação huroniana.
Os problemas comuns eram discutidos e resolvidos pelo Grande Conselho, um grupo de cinquenta representantes de cada nação. Uma característica da Liga das Cinco Nações é que as mulheres tinham grande poder. Elas escolhiam os representantes para o Grande Conselho e supervisionavam todas as suas atividades, mas eram os homens que tomavam as decisões finais. [...]
No sudoeste dos Estados Unidos concentrava-se a maior parte dos nativos americanos: entre 150 e 200 nações indígenas viviam nessa região. As principais eram: ao norte, os cherokee, os chickasaw e os tuscarora, todos de língua iroquesa; no litoral, os powhatan e os chatawba; ao sul, os creek, os natchez e os choctaw; e na região que hoje se chama Flórida, os serilinole. (ASIKINAK, Bill; SCARBOROUGH, Kate. Explorando a América do Norte. São Paulo: Ática, 2000. p. 10-13.)
Tribos indígenas norte-americanas
Vista de Chimney Rock, Ogalillalh, aldeia Sioux em primeiro plano. Albert
Bierstadt
Os sioux praticavam a agricultura, em especial a do milho, mas a sua sobrevivência dependia basicamente da caça ao bisão. Manadas com milhares de animais cortavam as planícies; para abatê-los, os índios mobilizavam aldeias inteiras. Após a caçada, as famílias repartiam a carne dos animais. Os ossos e os chifres eram utilizados para a fabricação de instrumentos de uso diário e de armas, e com o couro confeccionavam vestimentas, utensílios domésticos e tendas.
A existência dos sioux e das demais tribos das planícies do Oeste pode ser dividida em duas fases: antes e depois de conseguirem cavalos. Introduzidos na América do Norte pelos espanhóis que conquistaram o México, os animais se espalharam pelo continente e deram aos indígenas uma mobilidade que antes não conheciam. Graças às montarias, os caçadores puderam acompanhar as migrações dos rebanhos. Por isso, a preocupação pela busca de alimento diminuiu. A cultura tribal modificou-se, pois boa parte das horas e das energias antes destinadas à caça foi reservada aos rituais religiosos e mágicos. Entre as cerimônias sioux mais importantes estava a Dança do Sol. Os participantes, com estacas afiadas cravadas na pele, presas por tiras de couro a um poste de madeira, dançavam horas a fio em torno do poste, expostos ao Sol, até a pele se romper e receberem a visão transmitida pelos espíritos. (MOTA, Myriam Becho; BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2007. p. 12.)
Petroglifo. Pueblo
Texto 4. Relata-se pela tradição oral que muitas pessoas viveram no sudoeste norte-americano por pelo menos 10.000 anos, mas conhecemos os primeiros habitantes apenas de forma indireta, já que a história escrita teve início apenas no ano 1540 d.C., quando escrivões hispânicos registraram as primeiras observações da região feitas pelos europeus. Nós podemos apenas especular sobre os primórdios baseados nesses registros burocráticos, nas tradições orais dos índios Pueblo, registrados a partir dos anos 1880 e, principalmente, em uma crescente quantia de detalhes das evidências arqueológicas. A arqueologia do sudoeste depende de escavações sistemáticas de antigos sítios e da observação de perto de fragmentos do passado que são recuperados, incluindo inúmeras peças de cerâmica quebradas. [...] O conhecimento mais certo que temos do passado vem de sítios que estão essencialmente intactos. Ironicamente, embora aprendamos a coletar mais e mais informações causando menos e menos dano, centenas de sítios arqueológicos estão sendo destruídos de forma ignorante para satisfazer uma fome contemporânea por belas cerâmicas.
O passado antigo é um território que, na melhor das hipóteses, apresenta limites ao conhecimento. Por exemplo, nunca saberemos qual das pioneiras tradições cerâmicas, se alguma, representou um grupo ou uma "cultura" consciente de sua identidade, tampouco o que esses grupos ceramistas se chamavam, nem qual língua falavam. O que sabemos é que em 1540 d.C., talvez cerca de meio milhão de pessoas tenha vivido no sudoeste, a maioria composta de agricultores cujas vilas variavam em tamanho, de pouco menos de cem pessoas a duas ou três mil. Os exploradores espanhóis chamavam esses lugares e as pessoas que lá viviam de "pueblos" ("povoado" em espanhol) e seus descendentes deste então são o "povo Pueblo". Os Pueblo falavam pelo menos oito idiomas diferentes na época do contato e viviam em comunidades que eram essencialmente igualitárias, teocráticas e autônomas. Seu modo de vida era muito parecido de lugar para lugar e cerâmicas pintadas e moldadas a mão eram produzidas na maioria dos pueblos, se não em todos, em quantias relativamente grandes.
A maioria dos vilarejos Pueblo se agrupava em vales estreitos de rios, em estilo de oásis, ao longo do alto-médio Rio Grande e seus afluentes e a sul e a oeste do Planalto Colorado. Outros eram agricultores nas esparsas "rancherias" nos desertos do sul. A compreensão de que o universo Pueblo, historicamente conhecido, data em sua maior parte apenas do século XIV tornou-se mais ampla após o desenvolvimento de métodos de datação durante o século XX. Com o tempo, tornou-se amplamente aceito que vários das centenas de vilarejos, talvez a maioria deles, que foram abandonados há tempos no Planalto Colorado e nas terras altas Mogollon e abaixo delas, foram de alguma forma ancestrais aos Pueblos pós-1300 d.C. (J. J. Brody. Introdução. In: Antigas origens do sudoeste americano: 600-1600 d.C. Curitiba; Museu Oscar Niemeyer, 2008. p. 15-17.)
Galeria de imagens:
Índios no Forte Rupert. Ilha de Vancouver (Canadá). Julho de 1851. Edward Jenny
Pictografia navajo. Expedição de Narbona
Índios sioux. Alfredo Rodriguez
Tijela Anasazi, datando de 900-1100 d.C., norte da bacia de San Juan
Esquimós caçando focas. Artista desconhecido
Casamento índio. Captain Seth Eastman
Ruínas da Casa Grande, Arizona
Sozinho. Charles Marion Russel. A pintura mostra um policial solitário tentando prender um guerreiro
Caça do búfalo. George Catlin
Supernova, petroglifo anasazi em Chaco Canyon que retrata a Lua com SN em 1054
A dança do Tomahawk da tribo Chippeway. James Otto Lewis
Caça ao búfalo. J. T. Bowen
Pueblo Bonito, ruínas
Mulher com criança. Paul Kane
Dança do bisão dos índios Mandan. Karl
Bodmer
Interior de uma habitação Pueblo, Novo México
Caçadores do São Francisco. James C. Prichard
Colar de turquesas, povo anasazi
Índios no Canadá inferior. Cornelius Krieghoff
Estados Unidos da América. Dufay
Cliff Palace, Mesa Verde
Monkaushka. McKenney & Hall Sioux
Lança e faca. Parque Nacional de Mesa Verde
Interior de cabana de madeira. Robert
Petley
HUM LEGAL
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