Mulher índia, Orozco
ஐ
Canto ancestral ஐ
Oh!
Grande Espírito Manitu!
   Que nos presenteou com a
   cerimonial Teotihuacán
   imponente Tenochtitlán!
Terra
de homens e deuses:
   Talude da Grande Serpente
   livro sagrado Popul Vuh
   “Filhos do Sol” da sagrada Machu Picchu
Nazca
de mágicas linhas traçadas 
    pueblos encravados
    petróglifos rasgados
    nos rochedos!
Quipus
contam contas
   milhos abóboras batatas
   verdes chinampas
   codex de vidas cotidianas!
Sopro
de Quetzalcoatl
   sangue para Huitzilopochtli 
   luas e sóis piramidais
   portais de luas e sóis em cantares
ancestrais.
ஐ
Canto violado ஐ
Malinches
oferecem corpos sedutores
   aos conquistadores
   encomenderos
   d’almas desfiguradas de profanadores!
Cicatrizes
infinitas:
   filhos pisoteados por monstros de quatro
patas
   guerreiros-jaguares atravessados pelo fio de
espadas de aço
   plumas de quetzal adormecidas! 
ஐ
Canto barroco ஐ
Desvirginizada
pelas plazas
   erguem-se igrejas ornadas de ouro
   sob pedras imemoriais com sangue estuprado
   dos índios nas minas de Potosi!
ஐ
Canto insurgente ஐ
Veias abertas
   corpos em
transe nas santerias
   rebeliões
haitianas
   idealismos
sandinistas...
Centenas de Chiapas
   tenazes
araucanos
   cotidianos
maroons
   Black Hills de Cavalos Doidos...
ஐ
Canto resistente ஐ
Mãos
calejadas
   nos monumentais murais de Diego Rivera
   nas pinceladas coloridas de Frida Khalo ferida/dolorida
   na poesia de Neruda... 
Corpos
entrelaçados
   na sedutora rumba
   no erótico tango
   nas canções de Mercedes Sosa...
Corações
pulsantes
   na luta mítica de Che Guevara
   na carta do Cacique Seatlle
   nas mães da Plaza de Mayo...
Por
ti América
   na resistência dos povos ancestrais
   na mestiça afro americana dor
   Nuestra
America de tantos gozos!
© 2016 by Orides Maurer Jr.
MAURER JR., Orides. O olhar do historiador: vidas cotidianas. Curitiba: Liberum, 2016. p. 126-9.

Nenhum comentário:
Postar um comentário