"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Os Vedas, literatura sagrada da Índia

Críxena (à esquerda), a oitava encarnação de Vishnu, com sua consorte, Rada. Pintura do século XVII.

Os textos védicos são os primeiros monumentos literários da Índia. Considerados como "Revelação", constituem os textos fundamentais do hinduísmo. Os Vedas, palavra sânscrita que significa o "Saber" por excelência, cada uma das quatro grandes coletâneas de textos, entre os quais o Rigveda, o "Saber disposto em estrofes", que é o mais antigo. Se os Vedas só foram postos por escrito a partir de 500 a.C., concorda-se que esses escritos fixaram tradições bem anteriores.

Os primeiros textos foram compostos por volta de 1500 a.C., a seguir foram transmitidos oralmente durante gerações pelos árias (ou arianos), um povo originário da Ásia central que se estabeleceu na Índia a partir de 1000 a 800 a.C. Nada tem de surpreendente o fato de o período de transmissão oral ter sido tão longo - prosseguindo mesmo depois que a escrita entrou em uso: para os hindus, tal como foi transposto em palavras por sábios míticos, os Vedas, que são intemporais e de inspiração divina, devem ser "ouvidos". É por isso que Veda é também chamado de a "audição" e, hoje, ainda a regra é que seja aprendido de cor, da boca de um mestre.

Além dos conhecimentos relativos aos mitos e aos ritos sacrificiais, o Rigveda nos ensina que a religião védica preconiza uma sociedade ideal dividida em quatro grandes classes hierárquicas: no alto estão os brâmanes, sacerdotes depositários dos Vedas, seguidos dos guerreiros e dos produtores de bens. Vêm, por fim, os servidores, que não têm acesso aos textos sagrados. Essa estrutura sociorreligiosa está na base do sistema de castas que sobrevive até nossos dias.

SALLES, Catherine [dir.]. Larousse das civilizações antigas 1: dos faraós à fundação de Roma. São Paulo: Larousse do Brasil, 2008. p. 43.

Nenhum comentário:

Postar um comentário