"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Códice Mixteca 1200-1521

Codice Mixteca. Artistas desconhecidos. Um exemplo das representações pictográficas mixtecas. Na imagem, a lâmina 75 do Códice Tonindeye. Esta lâmina narra a campanha militar de Oito Veado contra a ilha Lugar do Bragueiro. A campanha durou três dias (10 serpente, 11 morte e 12 veado) e nela participaram os dois grandes aliados do senhor de Tilantongo: Nove Água e Quatro Jaguar. A ilha Lugar do Bragueiro localiza-se na margem do mundo conhecido, na Região da Cor Preta e Vermelha — onde a Serpente Emplumada desapareceu após fugir de Tollan. (Hermann Lejarazu, 2006: 82-83).

Os códices são um tipo de livro que costuma conter páginas separadas e algum tipo de encadernação. Entretanto, na Mesoamérica pré-colombiana, os códices assumiam a forma de uma folha única e comprida, feita de pele de animais ou casca de árvore, coberta com massa de cal e dobrada em sanfona. Muitos códices anteriores à conquista espanhola foram destruídos ou pereceram; consequentemente, os que sobreviveram se tornaram fonte valiosíssima de informações. As pinturas dos códices contam histórias épicas com desenhos de pessoas, animais, objetos e arquitetura, mas, a princípio, eram mais do que apenas documentos históricos. O formato sanfonado permitia que fossem exibidos desdobrados e esticados, como murais numa parede, em reuniões do conselho e na casa dos governantes. Costumavam ser expostos em banquetes reais para servir de roteiro para poetas e atores. Os convivas que assistiam à peça serviam-se em jarras e pratos de cerâmica policromada decorados com cenas do códice.

Carol King. Códice Mixteca 1200-1521. In: FARTHING, Stephen. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 116-117.

NOTA: O texto "Códice Mixteca 1200-1521" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.

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