"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A difusão cultural

O Senado de Tlaxcala, Rodrigo Gutiérrez

O eminente etnólogo norte-americano Paul Radin defende, entusiasticamente, a seguinte tese: as civilizações Maia, Pré-Incaica e Incaica seriam as grandes criadoras e irradiadoras culturais do continente. Os Maias teriam exercido influencia nos atuais territórios do México e dos Estados Unidos e mediante sucessivas migrações rumo ao sul, teriam também influenciado a América Central e América do Sul. O início destas migrações - a data não é precisa - remonta a uns cem anos antes de Cristo. Essas migrações massivas - cujos motivos desconhecemos - levavam consigo os admiráveis elementos da civilização Maia que, no contato com outros povos de níveis de desenvolvimento inferiores aos deles, perderam parte de sua entidade original exercendo porém uma intensa e benéfica influência. Ainda de acordo com a tese de Radin, os vestígios da cultura Maia são encontrados em uma área gigantesca, habitada por inúmeros povos de diferentes níveis culturais, possuidores de diferentes manifestações daquela cultura.

Atualmente, não há dúvida alguma de que os povos pré-incaicos possuíam uma civilização de altíssimo nível, e que a tribo Inca que os dominou e construiu o império [...] não acrescentou grande coisa àquelas civilizações. Também estaria fora de discussão o caráter de pólo irradiador de civilização que haviam tido e cujas projeções chegam até os Araucanos no sul do Chile, os Kauka no Equador, os Chibcha na Colômbia, os Calchaques na Argentina e numerosíssimas comunidades indígenas do Brasil. Povos que viviam nas margens do Rio Amazonas e seus tributários assim como os Tupi-Guarani, teriam sido alcançados de formas diversas pela civilização que, a partir do terceiro século de nossa era, irradiou-se das regiões que hoje formam o Peru e a Bolívia. Também nesse caso cada povo assimilou a influência à sua maneira e aproveitou dela aqueles elementos que pudessem facilitar sua sobrevivência e talvez aquilo que seu nível cultural permitisse assimilar.

Excelentes estudos confirmam a existência de comunicações marítimas entre México e Peru. Entre outras, são muitas as provas arqueológicas e filológicas. O momento do apogeu destes contatos situa-se antes da criação da Confederação Asteca e do Império Inca e, de acordo com Paul Rivet e Arsendaux, entre os séculos X e XI de nossa era. [...]

POMER, León. História da América hispano-indígena. São Paulo: Global, 1983. p. 36-7.

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