“O pobre está melhor morto do que vivo.
Se tem pão, não tem sal,
Se tem sal, não tem pão.
Se tem carne, não tem cordeiro,
Se tem cordeiro, não tem carne.”
(Provérbio sumério)
Sacerdote da Suméria
A unidade ideológica e econômica
da cidade-Estado se expressava no templo, localizado no topo de uma construção
em forma de pirâmide truncada, feita de argila. Esse templo (zigurate) compreendia também celeiros,
armazéns e oficinas. O templo ou “casa divina”, administrado por uma corporação
de sacerdotes, tinha a propriedade jurídica dos meios de produção. Teoricamente,
os deuses eram os proprietários das terras da cidade. Na prática, a maior parte
dessas terras era entregue aos camponeses. Cada família recebia um lote de
terra de dimensões variáveis para cultivar e, pelo seu uso útil, devia entregar
ao templo uma parte da colheita. A outra parte das terras, “propriedade pessoal”
do templo, era cultivada por assalariados (recebiam o pagamento em produtos,
como cevada) ou arrendatários (que também pagavam como renda uma fração da
produção obtida).
Além disso, os templos reuniam
também artesãos especializados (padeiros, oleiros, tecelões) e escravos. Esses
trabalhadores, afastados da produção primária (cultivo da terra), eram
sustentados pelo excedente produzido pelos agricultores “assalariados” ou
arrendatários dos deuses. Os artesãos do templo recebiam um pagamento em
produtos (cevada), e os escravos apenas o estritamente necessário à sua
sobrevivência. Assim, os sacerdotes (administradores do templo) acumulavam
enorme quantidade de cereal e os melhores lotes de terra.
O templo era também o proprietário
dos meios de trabalho mais aperfeiçoados: ferramentas de metal, arados, animais
de tração etc., e possuía ainda grande quantidade de gado. Acrescente-se ainda
que os campos de pastagem eram propriedade comunal.
Uma outra forma de aproveitar a
força de trabalho dos camponeses e escravos era obrigá-los ao trabalho coletivo
nas grandes construções públicas (templos, canais etc.).
O registro arqueológico dessa época
oferece provas da existência de um ativo intercâmbio comercial na Mesopotâmia. A
necessidade de importação de metal (cobre ou bronze), pedra e madeira para
construção levou a contatos comerciais com as mais distantes regiões (Síria, Ásia
Menor, Irã e Índia) do Oriente Próximo. Assim, o comércio favoreceu a difusão
da cultura sumeriana (língua, escrita cuneiforme etc.), além de aumentar a
heterogeneidade étnica da população, devido à presença de comerciantes
estrangeiros (semitas).
No entanto, tanto a produção
artesanal quanto os artigos obtidos no comércio eram comprados apenas pela
aristocracia (os Reis, os sacerdotes e os funcionários mais graduados dos
templos). Dessa maneira, não era muito grande o número de artesãos, e as condições
de vida da massa da população (camponeses, arrendatários e “assalariados”) eram
muito difíceis.
AQUINO, Rubim Santos Leão de [et
al]. História das sociedades: das
comunidades primitivas às sociedades medievais. Rio de Janeiro: Imperial
Novo Milênio, 2008. p. 169-171.
NOTA: O texto "Sacerdotes e camponeses na Mesopotâmia" não representa, necessariamente, o pensamento deste
blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do
conhecimento histórico.
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