Em memória dos milhões de indígenas e africanos mortos nos últimos cinco séculos
“Dia
negro” para os dias que não nos são auspiciosos; “ovelha negra” para nossos
parentes e/ou amigos que apresentam condutas que reprovamos; “alma negra” para
as gentes de maus sentimentos; “a situação tá preta” quando a nossa vida é
confusa... Entretanto, se um “negro (a)” possui um comportamento que
consideramos afável, dizemos: “eis um negro (a) de alma branca!” ou, quando
desejamos que as coisas se esclareçam, dizemos: “que tudo fique às claras!”.
"Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra".
(Bob Marley)
"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar".
(Nelson Mandela)
“A razão pela qual intolerância, sexismo, racismo,
homofobia existem é o medo. As pessoas têm medo de seus próprios sentimentos,
medo do desconhecido.”
(Madonna)
"Padre, pintame el mundo en mi cuerpo".
(Canto indígena de Dakota del Sur)
"Padre, pintame el mundo en mi cuerpo".
(Canto indígena de Dakota del Sur)
"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito".
(Albert Einstein)
O
branco representa a “pureza”. A “maldade” – sob as formas da bruxa, do
nordestino, do gay, do pobre, do índio, do cigano – está sempre vestida de negro. Branca é
a vida. Negra é a morte. Bem e mal. Cores do preconceito. Forma estigmatizada e estereotipada de interpretar a realidade.
[...] o discurso preconceituoso - diz o historiador Jaime Pinsky - procura enquadrar as diferentes minorias, a partir de um prejulgamento decorrente de generalização não demonstrada. [...] Afirmações do tipo "os portugueses são burros", "os italianos são grosseiros", "os árabes são desonestos" [...] têm a função de contrapor o autor da afirmativa como a negação, o oposto das características atribuídas ao membro da minoria. Assim, o preconceituoso, não sendo português, considera-se inteligente; não sendo italiano, acredita-se fino; não sendo árabe, julga-se honesto [...].
[...] o discurso preconceituoso - diz o historiador Jaime Pinsky - procura enquadrar as diferentes minorias, a partir de um prejulgamento decorrente de generalização não demonstrada. [...] Afirmações do tipo "os portugueses são burros", "os italianos são grosseiros", "os árabes são desonestos" [...] têm a função de contrapor o autor da afirmativa como a negação, o oposto das características atribuídas ao membro da minoria. Assim, o preconceituoso, não sendo português, considera-se inteligente; não sendo italiano, acredita-se fino; não sendo árabe, julga-se honesto [...].
Por
que o negro, o gay, o índio, o nordestino, o pobre, a mulher estão sempre ligados em
nossa consciência às coisas de que não gostamos, que consideramos
maléficas? Onde tudo começou?
Racismo não tem embasamento científico. É político-ideológico. O homo sapiens sapiens surgiu na África. Portanto, somos todos africanos! Foram as migrações e as guerras que colocaram os humanos em contato uns com os outros. Os intercursos sexuais e intercâmbios culturais proporcionaram à humanidade ter toda essa luxuriante diversidade.
Racismo não tem embasamento científico. É político-ideológico. O homo sapiens sapiens surgiu na África. Portanto, somos todos africanos! Foram as migrações e as guerras que colocaram os humanos em contato uns com os outros. Os intercursos sexuais e intercâmbios culturais proporcionaram à humanidade ter toda essa luxuriante diversidade.
Os
homens – do passado e do presente – criam ideias para justificar o seu poder
político-econômico-ideológico. Daí brotaram - e brotam - venenosas ideologias racistas que duvidaram se os índios tinham alma, que escravizaram os negros, que perseguiram judeus... Daí a misoginia que levou às fogueiras centenas de milhares de mulheres! Daí o
fundamentalismo religioso cristão nas Cruzadas e na conquista da América! Ou o fundamentalismo judeu na Terra Santa ou o fundamentalismo islâmico da jihad. Daí a xenofobia que exclui o cigano e o africano na Europa Ocidental e o latino-americano nos Estados Unidos. Daí o ódio ao “outro”, ao
“diferente”. Daí nossa sociedade excludente. São os "skinheads" na Europa, a Ku Klux Klan nos Estados Unidos, os Carecas do ABC em São Paulo... Racismo made in Europe. Racismo made in United States. Racismo made in tupiniquim! Doentio. Maléfico. Arrogante. Que mata todos os
dias centenas de milhares de seres humanos.
Qual o compromisso que as gerações atuais devem assumir, sejam brancos, índios, negros, ciganos, judeus, nordestinos no Brasil atual? Coloque-se no papel de um negro, de um índio, de um cigano, de um nordestino... É um exercício salutar.
Mas como pode um homem
escravizar outro homem?
O homem negro não é melhor
que o homem branco, nem pior
a pele branca não é pior
que a vermelha, nem melhor
a pele negra, branca, vermelha, amarela
é apenas a roupa que veste um homem
- animal nascido do amor
criado para pensar, sonhar e fazer
outros homens
com amor.
("A cor do homem", Milton Nascimento e Fernando Brandt)
Qual o compromisso que as gerações atuais devem assumir, sejam brancos, índios, negros, ciganos, judeus, nordestinos no Brasil atual? Coloque-se no papel de um negro, de um índio, de um cigano, de um nordestino... É um exercício salutar.
“Quando o português
chegou aqui
Debaixo de uma bruta
chuva
Vestiu o índio.
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
E o índio teria
despido o português...”
(Oswald de Andrade)
Orides Maurer Jr. é historiador e autor do blog ϟ●• História
e Sociedade •●ϟ
MAURER JUNIOR, Orides. Ecos do
tempo: uma viagem pela história. Joinville: Letradágua, 2015. p. 41-43,
© 2015 by Orides Maurer Jr.
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