Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes d'eu nascer!
Cazuza / George Israel / Nilo Romero
Bancada do boi. Bancada da bala. Bancada da
Bíblia. Bancada do futebol. Bancada sei lá mais do que. Dezenas de partidos
políticos. Parece piada. Nem em toda a história da civilização temos tantas
“ideologias” quanto no Brasil. É o famoso “jeitinho brasileiro” de se
"viver", de se "fazer política", ou, melhor,
“politicalha”. Os nomes já dizem a quais
interesses essas bancadas servem. Acendem velas para Cérbero, Caronte e Hades. Quem paga a conta? O povo, é óbvio. Escândalo do Mensalão, Operação Lava
Jato, Operação Zelotes... Um leque de
escândalos. Um desfile de lobistas, políticos, instituições, empresas, órgãos
públicos envolvidos. Bilhões de dólares desviados e impostos sonegados. Um banquete
antropofágico é servido "à la carte" ao povo
brasileiro. Corrupção histórica, crônica, de partidos grandes e pequenos, antigos e novos, legendas de aluguel. Fisiologismos! Um
cardápio para todos os paladares. O Congresso Nacional deveria ser rebatizado: “Vergonha Nacional”. A casa que, teoricamente, deveria ser ocupada pelo povo, representa outros interesses. Lá, o povo é expulso pela
segurança da casa. É proibido protestar. Estranha
democracia a nossa! Quem dera que os escândalos e as corrupções fossem só em Brasília. Estão
enraizadas de Norte a Sul. Aqui a corrupção deixa mais sequelas do que a “peste
negra”. Do peão de obras ao empresário, do vereador ao governador, do prefeito
ao deputado... todos querem se servir do festim regado a propina. Triste
realidade. Nunca se roubou tanto nesse país de forma tão descarada. Daí faltam
as verbas para os serviços públicos essenciais. Escolas depredadas, hospitais sucateados, transportes deficientes, segurança que só desce a ripa
em manifestantes ou serve de escudo aos colarinhos brancos... é o que vemos pelo país afora... Investigações e mais investigações. Que não termine em
rodízio de “pizza”, como é de praxe. Urge
acordamos desse analfabetismo político: não podemos continuar a votar como se fosse uma loteria, elegendo políticos pilantras, que fazem uso de discursos moralistas e falsas promessas e nem trocar votos por dentaduras, tijolos, tubos, tapinha nas costas,
copinho de cachaça no botequim da esquina, ameaça de fogo dos infernos,
promessa de cargo para um familiar...
Basta de raposas em pele de cordeiro que, com cinismo estampado no rosto, sorriso de Mona
Lisa, alegam ser "normal" ganhar “comissões”. Al
Capone faria pós-doutorado por aqui! Que o povo faça a revolução ocupando as ruas, as praças, as galerias das câmaras de vereadores, das assembleias legislativas, os gabinetes municipais e estaduais, o Congresso, o Senado... Xilindró é pouco para os que oferecem um banquete antropofágico.
Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim...
Cazuza / George Israel / Nilo Romero
Orides Maurer Jr. é historiador e autor do blog ϟ●• História
e Sociedade •●ϟ
© 2015 by Orides Maurer Jr.
MAURER JUNIOR, Orides. Ecos do
tempo: uma viagem pela história. Joinville: Letradágua, 2015. p. 65-66.
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