"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

A democracia sequestrada



Brasília, capital do Brasil. Cidade planejada com o intuito de colocar à margem da cena política o principal protagonista da história: o povo! O povo humilde, trabalhador, a dona de casa, o gari, o professor, os povos indígenas, os quilombolas...

Tudo foi planejado para inviabilizar manifestações populares, barricadas, resistências e facilitar a ação do aparelho repressivo do Estado para dispersar e reprimir qualquer ato de caráter revolucionário e libertador: ruas largas e extensas, arquitetura grandiosa e pesada, como os próprios podres poderes exercidos por homens de terno e gravata, defensores ardorosos da “moral e dos bons costumes”!

Cidade político-administrativa que através de seus mandatários perpetuam mazelas seculares e legislam a favor das grandes empresas, das igrejas fundamentalistas, dos meios de comunicação... Máfia política defensora da família tradicional, mas que atrás das bancadas que representam coexistem o falso moralismo e a corrupção.

O povo vê suas cidadanias sendo negadas por um Congresso sem ética que só coloca em pauta para votação e aprovação projetos de leis retrógrados que colocam o país nas sombras da inquisição medieval. Os representantes lá encastelados defendem – em quase sua totalidade – os interesses das elites brancas (burguesas, fundamentalistas, homofóbicas, racistas, misóginas).

Brasília de homens de terno e gravata, imunes e impunes. Onde estão as instituições republicanas que não colocam um basta a essa situação caótica em que nos encontramos? Estarão envolvidas em corrupção? Nossa recente democracia foi seqüestrada sob a babuta do todo poderoso e debochado Eduardo Cunha e alimentada por uma oposição espúria, hipócrita e corrupta. História dos vencedores? O Brasil precisa ser reinventado. O povo precisa reescrever sua trajetória.


© 2015 by Orides Maurer Jr.

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