"Os quadros mentais são prisões de longa duração."
(Fernand Braudel, historiador francês)
Brazil com "z" II: os protestos de 16 de agosto de 2015
Domingo, 16 de agosto de 2015,
dia de protestos pelo país afora contra o governo Dilma. O foco dos movimentos “Vem
pra Rua”, “Brasil Livre”, “Revoltados Online” – os principais articuladores das
manifestações – é pedir o impeachment da presidente. Como na obra "Peregrinação à fonte de São Isidoro ou Procissão do Santo Ofício", do pintor espanhol Francisco Goya, os manifestantes canibalizaram a frágil democracia brasileira.
Faixas com os dizeres incoerentes “O povo é soberano! Intervenção militar não é crime”, “Intervenção constitucional urgente!! Somos contra o comunismo”, bandeira do Brasil Império e mais do mesmo de insanidades fizeram parte dos adereços desse carnaval fora de época: "Por que não mataram todos em 1964", "Dilma, pena que não te enforcaram no DOI-CODI", "DILMA você só tem três opções: renúncia, suicídio ou impeachment. A escolha é sua", "País sem corrupção é país onde rico manda, pois quem é rico não precisa roubar", “Je suis interditin militaire”...
Como contraponto às manifestações contra o governo, movimentos sociais e políticos e centrais sindicais ligadas à CUT, fizeram um ato em frente ao Instituto Lula (São Paulo), em defesa da democracia e do governo Dilma. No ato também aconteceu a terceira edição da Jornada pela Democracia, cuja temática é “Não vai ter golpe”.
O crescimento dos movimentos conservadores tanto nas ruas quanto no meio político, liderados por políticos que se dizem cristãos, como Malafaia, Feliciano, Bolsonaro, Eduardo Cunha – espécie de primeiro ministro todo-poderoso -, e instigados pela mídia privada -, chocaram seu “ovo da serpente”. Pelo andar da carruagem, querem implantar uma República Fundamentalista. Se Jesus aparecesse na Avenida Paulista teriam sido os primeiros a gritarem “Barrabás”.
Tudo isso é resultado de uma transição incompleta. Incompleta porque o PT, com a tal da "governabilidade", escolheu fazer um governo de coalizões estaparfúdias - aliando-se com o que há de mais podre -, deixando de atender as velhas e novas demandas de movimentos e setores excluídos da sociedade. Há uma imbecilização da cultura e da política brasileira. O país não se resume ao PSDB, PMDB e PT.
Os números de manifestantes nas capitais - como ocorrido em março e abril desse ano - são contraditórios. Mas, ao que tudo indica, houve um arrefecimento do número de participantes nos atos nesse 16 de agosto. Mas podem voltar a se tornar gigantescos caso não ocorram mudanças de peso na atual administração. A conferir...
Orides Maurer Jr. é historiador e autor do blog ϟ●• História e Sociedade •●ϟ
Faixas com os dizeres incoerentes “O povo é soberano! Intervenção militar não é crime”, “Intervenção constitucional urgente!! Somos contra o comunismo”, bandeira do Brasil Império e mais do mesmo de insanidades fizeram parte dos adereços desse carnaval fora de época: "Por que não mataram todos em 1964", "Dilma, pena que não te enforcaram no DOI-CODI", "DILMA você só tem três opções: renúncia, suicídio ou impeachment. A escolha é sua", "País sem corrupção é país onde rico manda, pois quem é rico não precisa roubar", “Je suis interditin militaire”...
Em Brasília, manifestantes pediram a
volta de Sarney; aparece um enorme boneco inflável do ex-presidente Lula com roupa de presidiário; em
Belo Horizonte - o protesto foi pífio –, Aécio compareceu, mas não
emplacou em sua terra natal; em Porto Alegre, mulher bate panela; em
São Paulo , na Avenida Paulista, manifestantes tiraram foto com Alexandre Frota e com a PM; um homem estava vestido com uniforme militar e escudo do Capitão América; uma mulher faz topless; no Rio de Janeiro, na orla de Copacabana, os carros de som dos movimentos organizadores gritaram "Fora Globo"; duas psicólogas chegaram ao ato de carro blindado; um homem estava vestido de Batman!
Como contraponto às manifestações contra o governo, movimentos sociais e políticos e centrais sindicais ligadas à CUT, fizeram um ato em frente ao Instituto Lula (São Paulo), em defesa da democracia e do governo Dilma. No ato também aconteceu a terceira edição da Jornada pela Democracia, cuja temática é “Não vai ter golpe”.
O crescimento dos movimentos conservadores tanto nas ruas quanto no meio político, liderados por políticos que se dizem cristãos, como Malafaia, Feliciano, Bolsonaro, Eduardo Cunha – espécie de primeiro ministro todo-poderoso -, e instigados pela mídia privada -, chocaram seu “ovo da serpente”. Pelo andar da carruagem, querem implantar uma República Fundamentalista. Se Jesus aparecesse na Avenida Paulista teriam sido os primeiros a gritarem “Barrabás”.
Tudo isso é resultado de uma transição incompleta. Incompleta porque o PT, com a tal da "governabilidade", escolheu fazer um governo de coalizões estaparfúdias - aliando-se com o que há de mais podre -, deixando de atender as velhas e novas demandas de movimentos e setores excluídos da sociedade. Há uma imbecilização da cultura e da política brasileira. O país não se resume ao PSDB, PMDB e PT.
Os números de manifestantes nas capitais - como ocorrido em março e abril desse ano - são contraditórios. Mas, ao que tudo indica, houve um arrefecimento do número de participantes nos atos nesse 16 de agosto. Mas podem voltar a se tornar gigantescos caso não ocorram mudanças de peso na atual administração. A conferir...
MAURER JUNIOR, Orides. Ecos do
tempo: uma viagem pela história. Joinville: Letradágua, 2015. p. 67-68.
© 2015 by Orides Maurer Jr.
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