Por motivos ainda desconhecidos dos historiadores,
na segunda metade do século XIII a.C., povos provenientes do litoral mediterrâneo da África e Europa - denominados “Povos do mar” -,
modificaram profundamente a vida no Oriente Próximo. De acordo com as fontes egípcias, as ilhas "extravasavam os seus povos", "nenhuma terra os impedia de avançar".
Foi um movimento migratório de proporções
gigantescas. A penetração na Anatólia se deu de forma violenta. O Império
Hitita foi varrido. Alguns se instalaram nessa região; outros prosseguiram para
o Leste. Toda a bacia do Mar Mediterrâneo estava em ebulição. As invasões
dos dórios na Grécia haviam empurrado as populações do Egeu.
Esses povos guerreiros desceram pela costa do Mar Mediterrâneo
até o Nordeste da África. Entraram em contato com os impérios egípcio e hitita.
Os “Povos do mar”, guerreiros munidos de armas de ferro, atacaram e saquearam. Sua cultura era diferente daquela das civilizações imperiais.
É atribuído aos “Povos do mar” a destruição de Chipre e de Ugarit (Fenícia); a Síria foi devastada; Troia foi cercada. Foram detidos no Egito,
em 1208 a .C.,
pelo faraó Merneptah - que fez muitos prisioneiros - e, em 1117
a .C., pelo faraó Ramsés III, que os enfrentou em três frentes no Delta (dois oriundos da Líbia e um do Leste, por terra e por mar).
Uma vez rompido o impacto inicial das invasões,
alguns “Povos do mar”, como os filisteus, instalaram-se na região da Palestina;
chocaram-se com os hebreus pela disputa das terras; outros retornaram ao mar em
direção oeste. Os egípcios viam neles povos oriundos da Ásia e citam diversos
nomes.
Ocorreram migrações maciças para a Mesopotâmia;
surgiram reinos arameus. Os antigos reinos mesopotâmicos se transformaram em civilizações imperiais.
No fim do século XIII a.C., novas invasões ocorrem:
os dórios submetem a Grécia, Creta e a Ásia Menor. A civilização creto-micênica sucumbe: desaparece a realeza, a escrita, os palácios... Os dórios trazem novos costumes (deuses masculinos, cremação dos mortos). Ocorre um êxodo em todo o Mediterrâneo. O Egito sofre com a suspensão
do comércio internacional. As populações do Delta revoltam-se e são expulsas: é
o Êxodo dos hebreus.
Na Líbia ocorre outra "invasão" – pacífica - de tribos nômades. Tornam-se mercenários do exército egípcio. A região do Delta prosperou.
O Alto Egito declinou. A Núbia torna-se independente.
O contato entre os “Povos
do mar” e as sociedades do Oriente Próximo, teve como marcas distintivas a
guerra e a conquista. Entretanto, isso significou também trocas de
conhecimentos.
MAURER JUNIOR, Orides. Ecos do
tempo: uma viagem pela história. Joinville: Letradágua, 2015. p. 27-28.
©
2015 by Orides Maurer Jr.
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