Para Edésio Ferreira Filho, que, como "Mama África", resistiu e venceu
todos os preconceitos no “mundo dos brancos”
“A liberdade de um homem é o jugo de outro”.
Provérbio africano, Benin
▬╡ஐ I ஐ╞▬
Sou África, mulher forte
de raça antiga!
Pari o homo sapiens.
Pari o homo sapiens.
As pinturas rupestres de Tassili n' Ajjer - testemunhos de nossas origens!
A terra negra dos
faraós.
De Meroé.
As pirâmides. Templos. Palácios.
A arte da metalurgia. A ciência. O calendário.
Os jogos de tabuleiro.
Os jogos de tabuleiro.
O papiro - registros de histórias, literatura, filosofia...
Sou África, mulher
forte de raça antiga!
Pari os griots - cantadores-contadores
das tradições ancestrais.
As candaces - rainhas guerreiras.
O ouro dos reis de Ifé, Benin,
Oyo, Ghana,
Mali.
Da Grande Zimbabwe!
As mesquitas. Bibliotecas. Mercados. Fortalezas.
As mesquitas. Bibliotecas. Mercados. Fortalezas.
▬╡ஐ II ஐ╞▬
Sou África, mulher de
raça antiga que chorou com seus filhos!
Vi o Islã e o Cristianismo penetrarem em nossas terras!
Homens brancos
chegarem em casas flutuantes com armas que cuspiam fogo!
Vi povos europeus atraídos pelas nossas riquezas tomarem de assalto nossas cidades-estados!
Vi meu povo chorar
quando suas aldeias foram incendiadas!
Mães gritarem de
dor pelos filhos mortos!
Milhões de homens
e mulheres de todos os cantos serem acorrentados e conduzidos para os fétidos
porões dos navios negreiros - tumbeiros!
Vi o sofrimento do meu
povo na tenebrosa travessia do grande Mar Oceano!
Vi meu povo sendo
exibido em mercados humanos no Novo Mundo!
Trabalhando sob chicote de sol a sol:
Trabalhando sob chicote de sol a sol:
nos engenhos de açúcar,
nas minas de ouro e diamantes,
nas plantações de algodão, tabaco, cacau,
nas casas-grandes dos senhores da América!
nas minas de ouro e diamantes,
nas plantações de algodão, tabaco, cacau,
nas casas-grandes dos senhores da América!
Vi meu povo humilhado
e sofrido dormir nas frias senzalas!
Gritar de
dor e chorar de tanto sofrimento pelos castigos a que eram submetidos!
Vi meu povo sentir
banzo!
Vi meu povo resistir aos senhores, feitores, capitães-do-mato!
A força e a fé de
meu povo nos candomblés e nos Orixás!
A luta e a
resistência de meu povo nos quilombos!
Nos maracatus, nas congadas, no maxixe!
Nos maracatus, nas congadas, no maxixe!
Vi Castro Alves denunciar a crueldade da escravidão e clamar pela
liberdade em suas poesias!
Vi a África dominada e partilhada pelas potências imperialistas!
Povos subjugados. Riquezas espoliadas. Cidadanias negadas.
Vi a resistência de Rosa Parks, Martin Luther King, Malcom X, pelos direitos civis. A luta dos Black Panthers.
Vi o horror do apartheid. A luta de Mandela pela liberdade na África do Sul.
Vi o florescer da Negritude. A renascença do Harlem. A luta cotidiana nas favelas, nas palafitas, nos mocambos, nos guetos. A força traduzida na capoeira, nos calundus, nos batuques dos terreiros.
Vi o sofrimento por causa dos estigmas, dos preconceitos, do racismo.
▬╡ஐ III ஐ╞▬
Sou África, Pai/Mãe forte de raça antiga que resisti!
No blues de B.B. King.
No jazz de Louis Armstrong.
No rock de Little Richard.
No samba de Cartola.
No reggae de Bob Marley.
No rap.
No break.
No grafite.
No jazz de Louis Armstrong.
No rock de Little Richard.
No samba de Cartola.
No reggae de Bob Marley.
No rap.
No break.
No grafite.
Sou África, mulher forte de raça antiga!
Sou África, mulher de raça antiga que chorou com seus filhos!
Sou África, Pai/Mãe forte de raça antiga que resisti!
Resistimos com sangue, garra, arte!
Sou África, mulher de raça antiga que chorou com seus filhos!
Sou África, Pai/Mãe forte de raça antiga que resisti!
Resistimos com sangue, garra, arte!
Porque somos todos
África... o berço da humanidade... uma raça forte e antiga!
MAURER JUNIOR, Orides. Ecos do
tempo: uma viagem pela história. Joinville: Letradágua, 2015. p. 91-93.
© 2015 by Orides Maurer Jr.
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