"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Revolução Americana (1776-1783)

A Inglaterra se envolveu em uma série de conflitos, a maioria contra a França. Durante o final do século XVII e todo o XVIII. Em todas essas guerras, homens das 13 colônias inglesas na América foram requisitados para defender as possessões britânicas contra os franceses, que sempre buscavam alianças com nações indígenas, oferecendo terras a eles.

Um dos exemplos mais conhecidos foi a Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Mesmo com a vitória inglesa, a guerra causou enormes prejuízos aos cofres britânicos. Para reequilibrar seu orçamento, a Coroa passou a cobrar pesados impostos das colônias.

Paralelamente, a Inglaterra iniciava a Revolução Industrial e necessitava, cada vez mais, de matéria-prima e mercados consumidores para seu crescente potencial produtivo, para o qual as 13 colônias tinham papel fundamental.

Como decorrência da Guerra dos Sete Anos, a Inglaterra iniciou uma política de repressão econômica que objetivava controlar a economia das colônias. Uma série de leis e taxações foi promulgada pela Coroa e amplamente questionada pela população das 13 colônias.

Para o professor Bernard Baylin, essas leis apenas contribuíram para instigar um sentimento de indignação que já existia entre os colonos. Por meio de panfletos que circulavam por todas as colônias, os principais intelectuais mostravam sua insatisfação contra a metrópole. Atos de protesto e boicotes a produtos ingleses ocorriam por toda parte. Ao contrário da Revolução Francesa, o objetivo não era instaurar uma nova ordem sociopolítica, mas manter as liberdades existentes antes do controle rígido da Inglaterra.


Boston Tea Party, Nathaniel Currier

Unidos mais por um sentimento anti-inglês que por nacionalismo, os colonos convocaram, em 1774, o Primeiro Congresso da Filadélfia. Diante da contínua negação de representatividade no Parlamento inglês e de ações militares intimidadoras, organizou-se um novo congresso, ainda na Filadélfia, onde foi assinada a Declaração de Independência, no dia 4 de julho de 1776.

Essa declaração, redigida por Thomas Jefferson, inspirada no teórico inglês John Locke e no Iluminismo, é uma manifestação da jovem burguesia, enfática nos direitos de liberdade, da busca da felicidade pessoal e da defesa da propriedade.


Declaração de Independência, John Trumbull

A luta de independência foi dirigida por George Washington e contou com o apoio de voluntários franceses e material bélico fornecido pela Espanha. Em 1783, a independência foi finalmente reconhecida pelos ingleses, por meio do Tratado de Paris.

Com o fim da Revolução Americana de Independência, era preciso organizar um novo país, juntando 13 estados no continente americano. A nova nação adotava como nome o princípio que a gerara: Estados Unidos da América. Mesmo assim, como escreveu Joyce Appleby, demoraria uma geração para criar a noção de ser americano e absorver os novos valores republicanos e de independência.


Luiz Estevam de O. Fernandes. Revolução Americana. In: BETING, Graziella. Coleção história de A a Z: [volume] 3: Idade Moderna. Rio de Janeiro: Duetto, 2009. p. 58.

NOTA: O texto "Revolução Americana (1776-1783)" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.

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