Texto 1. Thomas Müntzer foi, a princípio, um discípulo de Lutero e por este nomeado pastor. Müntzer, exaltado e violento, logo ultrapassou as ideias do mestre. Com um grupo de seguidores, deixou de se apoiar nas Escrituras e passou a se orientar pela voz do Espírito que dizia falar dentro dele. Retomando tradições antigas, a firmava que o fim do mundo se aproximava, que era preciso formar comunidades de eleitos para aguardar esse momento. Pregava também a revolução social, a luta contra os senhores e os príncipes, em favor dos camponeses. "Todos os bens devem ser divididos entre todos", afirmava Müntzer ao reivindicar uma reforma agrária, a abolição do trabalho servil, dos privilégios e dos impostos.
Thomas Müntzer, Escola alemã.
Os partidários de Müntzer foram expulsos sucessivamente de várias localidades até se estabelecerem, em 1525, na cidade de Mühlhausen e tornarem-se os líderes do movimento camponês na região. Depois de alguns meses de luta, o pequeno exército rebelde foi destruído. Müntzer, capturado, foi torturado e executado em público. (VEIGA, Luiz Maria. A Reforma Protestante. São Paulo: Ática, 1990. p. 28-29.)
Texto 2. Enquanto no campo católico conservador se agruparam todos os elementos interessados na conservação do que existia, quer dizer, do poder imperial, dos príncipes eclesiásticos e parte dos seculares, dos nobres ricos, dos prelados e do patriciado das cidades, a reforma luterana burguesa e moderada agrupa os elementos opositores bem instalados na vida: a massa da pequena nobreza, a burguesia e até parte dos príncipes seculares que queriam enriquecer arrebatando os bens do clero e que aproveitaram esta oportunidade para conseguir independência maior do poder imperial. Os camponeses e plebeus por fim formaram o partido revolucionário, cujo porta-voz mais ardente foi Thomas Müntzer.
Texto 2. Enquanto no campo católico conservador se agruparam todos os elementos interessados na conservação do que existia, quer dizer, do poder imperial, dos príncipes eclesiásticos e parte dos seculares, dos nobres ricos, dos prelados e do patriciado das cidades, a reforma luterana burguesa e moderada agrupa os elementos opositores bem instalados na vida: a massa da pequena nobreza, a burguesia e até parte dos príncipes seculares que queriam enriquecer arrebatando os bens do clero e que aproveitaram esta oportunidade para conseguir independência maior do poder imperial. Os camponeses e plebeus por fim formaram o partido revolucionário, cujo porta-voz mais ardente foi Thomas Müntzer.
[...] Ao estourar a guerra
camponesa em regiões onde os príncipes e a nobreza eram na maioria católica,
Lutero logo assumiu uma atitude conciliadora. Arremeteu contra os governos
atribuindo-lhes a culpa da insurreição que, segundo ele, era devida à opressão
que exerciam. Para ele, não eram os camponeses que opunham resistência: era o
próprio Deus. Por outro lado, a sublevação era também ímpia e contrária ao
Evangelho. Finalmente aconselhou ambas as facções a fazerem concessões e se
reconciliarem [...].
A Lutero, reformador burguês,
oponhamos Müntzer, revolucionário plebeu [...].
[...] Em 1522 fez-se pregador em
Alstadt. Ali começou a reformar o culto. Suprimiu completamente o uso do latim,
antes de Lutero se atrever a fazê-lo, deixando que se lesse a Bíblia inteira e
não somente as epístolas e os evangelhos de rigor no culto dominical. Ao mesmo
tempo organizava a propaganda na região. O povo acudia de toda parte e Alstadt
veio a ser o centro do movimento anticlerical popular em toda a Turíngia.
Müntzer continuava sendo o teólogo,
seus ataques dirigiam-se quase exclusivamente contra o clero. Porém, não
propugnava a discussão pacífica e o progresso legal como já o fazia Lutero. Saiu,
pelo contrário, pregando a violência, conclamando à intervenção armada contra
os padres romanos. (ENGELS, Friedrich. As
guerras camponesas na Alemanha. São Paulo: Grijalbo, 1977. p. 37-49.)
NOTA: O texto "Thomas Müntzer e a revolta camponesa" não representa, necessariamente, o
pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção
do conhecimento histórico.
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