"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A cultura jovem dos anos 80: do pós-punk à world music

Nos anos 80, o desenvolvimento tecnológico permitiu uma reciclagem de ritmos do passado pela criação de "instrumentos computadorizados" - sequenciadores, samples e midis -, que gravam, armazenam e inventam qualquer som desejado. Tais "instrumentos" possibilitaram aos músicos criar e recriar qualquer tipo de linguagem musical, como também se apropriar de qualquer trecho de músicas já editadas.

Dentro desse contexto, a partir do final dos anos 70, alguns nomes internacionais (como Joy Division, U2 [...], Depeche Mode [...]) abriram novas perspectivas no contexto da música jovem, independentemente dos rótulos adotados pela crítica especializada como pós-punk [...], trash-metal, tecnopop etc.


Joy Division

A música negra (black music), valendo-se também das novas tecnologias, acabou expandindo seu raio de influência no cenário da música pop da década de 1980, com a revitalização de ritmos como o funk [...] e o reggae [...].

Surgiu também o rap ("conversa", "papo", "tagarelice") ou hip hop - funk eletrônico [...].

O rap surgiu para ser, basicamente, uma forma de expressão e comunicação dentro da comunidade negra dos Estados Unidos. Seus textos falam dos problemas dos jovens negros do subúrbio: música, garotas, discriminação, falta de perspectiva profissional, drogas [...], batidas policiais, tiroteios e gangues. [...]

[...]

Ao longo dos anos 80, a África chamou a atenção do mundo não só pela fome e pelo racismo permanente, mas também pela música. Várias campanhas [...] e shows musicais (Live Aid, Free Mandela Concert etc.) procuraram arrecadar fundos e sensibilizar o mundo para esses graves problemas africanos. Tais eventos contaram com a participação de astros consagrados da música pop, como Michael Jackson, Lionel Richie, Steve Wonder, Bruce Springsteen, Madonna, Tina Turner, Sting, Peter Gabriel, Lou Reed, Dire Straits, U2, entre outros.

O processo histórico africano de dependência econômica acabou determinando, culturalmente, um choque entre a alta tecnologia importada dos países desenvolvidos e as tradições tribais africanas. Na área musical, por exemplo, esse choque entre culturas deu origem a novos ritmos [...], a partir de nomes como Tabu Ley, Manu Dibango [...], Toure Kunda e Youssou N'Dour.

A partir dos anos 80, esse caldeirão efervescente de novos ritmos africanos acabou influenciando músicos conceituados no cenário internacional, como Peter Gabriel [...]. Miles Davis e Paul Simon. Para muitos, essa troca de influências rítmicas [...] originou a chamada "geléia geral do terceiro milênio", que, na música pop, alguns denominam world music [...].

BRANDÃO, Antonio Carlos; DUARTE, Milton Fernandes. Movimentos culturais de juventude. São Paulo: Moderna, 2008. p. 119-122.

NOTA: O texto "A cultura jovem dos anos 80: do pós-punk à world music" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.

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