Os Astecas faziam a guerra não
para destruir o inimigo e suas riquezas, mas para submetê-lo e desfrutar de
parte delas. Uma cidade era conquistada quando, após o cerco, conseguiam
capturar o templo dos deuses locais, incendiando imediatamente o santuário do
deus tribal. Derrotada a divindade local, o triunfo era atribuído a Huitzilopochtli,
supremo deus guerreiro dos Mexicas. A guerra era feita em nome de um deus, mas
o desfrute dos tributos – dos quais uma parte era destinada ao deus triunfante –
era consumido por seres humanos mesmo, fossem eles sacerdotes, dignatários
leigos ou o soberano e sua corte.
Antes de se decidir pela guerra,
os Astecas procuravam negociar a submissão da cidade e da região que
pretendiam. Somente quando essas negociações fracassavam, é que empunhavam as
armas. Obtida a vitória, exigiam o reconhecimento da supremacia de
Huitzilopochtli, o pagamento de um tributo e que os derrotados não fizessem
pactos com estrangeiros. A cidade derrotada – voltamos a dizer – conservava seus
deuses, autoridades locais, idioma, costumes, etc.
A guerra tem, para os Astecas, um
caráter sagrado. Mas seu resultado – quando vitorioso – é obter tributos e o
começo de uma certa hegemonia política.
* Os tributos a Tenochtitlan. As
cifras, que são aproximadas e provavelmente não estejam longe da verdade,
estimam que nos últimos anos do Império Asteca chegavam a sua capital e vindos
de diversos lugares do vasto território, os seguintes tributos:
Milho
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aproximadamente 7.000 toneladas
|
Feijão
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mais de 4.000 toneladas
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Chian¹
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mais de 4.000 toneladas
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Huauthli²
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mais de 4.000 toneladas
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Cacau
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mais de 21 toneladas
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Pimenta seca
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mais de 36 toneladas
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Mel de abelha
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1.500 cântaros pequenos
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Mel de maguey (planta)
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2.512 cântaros
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Mantas de algodão
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2.079.200 unidades
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Henequém³
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296.000
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Anáguas
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240.000
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Saias
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240.000
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Algodão ao natural
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4.400 fardos
|
A esses tributos, deve-se
acrescentar outros, cujas cifras não são precisas: armas e pequenos escudos,
plumas de diversas aves, lenha, papel, vasilhas feitas de cabaças pequenas,
madeira para fabricar flechas, cal, esteiras, cochinilla (inseto do qual se extrai o carmim), acazetl (um tipo de perfume para a boca),
copal (goma de uma planta), âmbar, conchas do mar, etc. Isto tudo nos dá uma
ideia dos produtos tributados. Não existe o tributo em dinheiro, simplesmente
porque ele não era empregado na complexa sociedade dominada pelos Astecas, tal
como o conhecemos e usamos.
¹ ² ³ As palavras Chian e
Huauthli são indígenas e, ao que tudo
indica, foram incorporadas pelo espanhol em sua própria origem, sem ter
portanto um correspondente em castelhano. O que se sabe é que elas se referem a
plantas. O mesmo acontece com Henequém
e a tradução mais aproximada seria feno.
POMER, León. História da América hispano-indígena. São Paulo: Global, 1983. p.
11.
NOTA: O texto "Guerra e tributo na Confederação Asteca" não representa, necessariamente, o pensamento deste
blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do
conhecimento histórico.
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