Ocupando território espanhol,
conhecido então como Al Andalus, os muçulmanos controlaram as terras dos reis
visigodos e da Igreja.
Obrigavam os camponeses a pagar
um terço da produção. Ao mesmo tempo introduziram inovadoras técnicas
agrícolas, que beneficiaram os agricultores. Desenvolveram as atividades
comerciais. Cunharam moedas. Exploraram minérios. Construíram estradas e
aproveitaram aquelas existentes desde o domínio romano. Edificaram cidades que foram
autênticos símbolos da opulência da civilização urbana andaluza, como Sevilha,
Córdoba e Toledo.
A longa permanência dos
conquistadores muçulmanos deixaria marcas definitivas no Ocidente, e nesse
aspecto o papel da Espanha foi o de ser a principal área intermediária. A
cultura muçulmana no Ocidente agiu como uma força sintetizadora, levando para
as regiões conquistadas o que havia de mais importante em todos os centros da
atividade humana, o que havia de mais significativo no conhecimento de
chineses, indianos e gregos. Traduzindo as obras dos mais importantes autores
da Antiguidade clássica, os muçulmanos transferiam para o Ocidente o
conhecimento acumulado durante séculos. Eles contribuíram para o
desenvolvimento da cartografia e da astronomia, da química e da medicina, da
indústria e do comércio, da arquitetura e da matemática, da filosofia e da
literatura. Introduziram no Ocidente os algarismos hindus (hoje chamados
arábicos). Desenvolveram a álgebra e a astronomia. Imortalizaram nomes como o
do médico e filósofo Averróis, comentarista da obra de Aristóteles. Como o
também médico e filósofo Avicena, que teve sua obra enciclopédica, chamada Canon, utilizada durante muito tempo nas
escolas europeias de medicina. Como o historiador Ibn Khaldun, que muitos vêem
como precursor da abordagem científica da vida social. Como o sábio Al Biruni,
que se dedicou a praticamente todas as disciplinas científicas de seu tempo.
O apogeu do islamismo ocidental
foi vivido em território espanhol e desmoronou com a Reconquista cristã,
concluída no ano de 1492. No entanto, a contribuição deixada pela civilização
do Islão representa uma herança que continuou depois disso a beneficiar toda a
humanidade e que se prolonga, através da História, até nossos dias.
YASBEK, Mustafá. A Espanha Muçulmana. São Paulo: Ática,
1987. p. 29-30.
NOTA: O texto "A Espanha Muçulmana" não representa, necessariamente, o pensamento deste
blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do
conhecimento histórico.
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