A Revolução Francesa (1789-1799)
foi o grande marco na história política da Europa moderna. Ela representou
grandes rupturas com o poder real e o fim da sociedade estamental. Dela
surgiram vocabulários, projetos políticos, códigos legais, novas noções de
justiça, o voto universal masculino, a ideia de escola pública e até mesmo um novo
sistema métrico.
A crise financeira e as
diferentes insatisfações sociais podem ser apontadas como pontos importantes do
período pré-revolucionário. A estrutura da sociedade francesa apresentava um
mundo “desigual em direitos”, separada em clero, nobreza e terceiro estado. A
maior parte da população pertencia ao terceiro estado, responsável pela
sustentação econômica do país. No entanto, o primeiro e o segundo estado
detinham antigos privilégios, tais como direito a pensões e isenções de
impostos, além de poderem ocupar cargos políticos.
Sans-culotte, Louis
Léopold Boilly.
Os sans-culottes (literalmente, sem culote) eram assim chamados por não usarem as roupas típicas dos nobres, caracterizados por um calção curto (culote) e meias brancas até a altura dos joelhos. Eles andavam armados e tiveram grande importância em todo o desenvolvimento da Revolução Francesa.
Charge representando o terceiro estado carregando o clero e a nobreza nas costas.
Desse modo, a população custeava
a França, seu aparelho burocrático, bancava o luxo da corte e patrocinara duas
guerras em que o país se envolveu: a Guerra dos Sete Anos [...] e a
Independência dos Estados Unidos [...]. Ao mesmo tempo, os membros do terceiro
estado não tinham direitos políticos nem eram considerados cidadãos.
Luís XVI, rei desde 1774, consultou seus ministros. A solução era fazer o primeiro e o segundo estados
pagarem impostos. Com o intuito de discutir esse problema, foi marcada a
Assembleia dos Notáveis, em fevereiro de 1788. Sem que houvesse resolução, Luís
XVI convocou os Estados-gerais, reunidos em maio do ano seguinte no Palácio de
Versalhes.
Em junho de 1789, o terceiro
estado se reuniu em Assembleia Nacional, e Luís XVI propôs uma reforma. A
revolução já estava em curso. A proposta foi recusada, e uma Assembleia
Constituinte foi formada. O historiador Georges Lefebvre batizou esse momento
de “o grande medo”. No dia 4 de julho de 1789, houve a queda da Bastilha, em
que a população invadiu uma antiga prisão, símbolo do poder real. No mês
seguinte, no dia 26, foi publicada a Declaração de Direitos do Homem e do
Cidadão, documento-chave que propunha a igualdade de direitos.
A tomada da Bastilha, Henri Paul Perrault.
"[...] Em tempos de revolução nada é mais poderoso do que a queda de símbolos. A queda da Bastilha, que fez do 14 de julho a festa nacional francesa, ratificou a queda do despotismo e foi saudada em todo o mundo como o princípio da libertação. [...] a queda da Bastilha levou a revolução para as cidades provincianas e para o campo. [...]" HOBSBAWN, Eric J. A era das revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001. p. 79-80.
Em 1791, ficou pronta a primeira
Constituição revolucionária, marcada pelo fim dos privilégios feudais. Sem rumo
e poder, Luís XVI tentou fugir, a fim de organizar exércitos e armar a
contrarrevolução. No entanto, foi preso em agosto de 1792, em Varenne. Em
setembro, foi organizada a República Jacobina, marcada pela figura de
Robespierre e pela formação do Comitê de Salvação Pública. O regime do “Terror”
usaria todos os meios para manter os jacobinos no poder. O uso da guilhotina e
a morte de milhares de franceses marcaram a radicalização da revolução. O
próprio rei foi julgado e executado em janeiro de 1793 . A rainha Maria
Antonieta, em outubro do mesmo ano. Danton e Marat, líderes revolucionários,
também foram executados.
No ano de 1794, os girondinos
retomaram o poder, e o próprio Robespierre foi executado. O governo do
Diretório, entre os anos de 1795 e 1799, marcou a fase final do movimento,
antes da ascensão de Napoleão Bonaparte, no célebre golpe de 18 Brumário.
A Revolução Francesa marcou o
início da Idade Contemporânea, o fim do absolutismo e dos privilégios feudais e
ajudou, certamente, a formar os alicerces do Estado liberal e democrático a
partir de um novo conceito de revolução: a ruptura com a ordem e a proposta de
algo novo.
Marcus Vinícius de Morais.
Revolução Francesa. In: BETING, Graziella. Coleção
história de A a Z: [volume] 3: Idade Moderna. Rio de Janeiro: Duetto, 2009.
p. 59-60.
NOTA: O texto "Revolução Francesa (1789-1799)" não representa, necessariamente, o pensamento deste
blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do
conhecimento histórico.
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