O poema de Hesíodo, Teogonia,
nos proporciona a visão mais coerente da religião dos gregos. Nele, são
identificadas duas idades distintas da história dos deuses: uma primeira, de
desordem, em que reinava o Caos, pai da Obscuridade e a Noite, que, por sua
vez, gerou filhos como o Destino, a Morte, o Sonho, ou como as Parcas, que
tecem a sorte do ser humano. De Gaya, a Terra, nasceriam Urano (o céu), as
montanhas e Pontos (o mar), e de suas relações entre si, surgiram os Titãs, os
Ciclopes e os monstros de cem mãos. Com o Urano queria evitar que os filhos saíssem
do ventre de Gaya, um dos titãs, Cronos (o tempo, conhecido pelos romanos como
Saturno), cortou os testículos de seu pai com a foice que lhe deu a própria
Gaya. Cronos, por sua vez, sabendo que um dos seus próprios filhos o
derrotaria, como ele havia feito com seu pai, os devorava ao nascer, porém, a mãe,
Rea, salvou um deles, Zeus, escondendo-o em Creta, onde cresceu e se tornou
forte e, armado com o raio, derrotou a Cronos e aos titãs depois de uma longa
luta, obrigando seu pai a vomitar, depois, todos os seus irmãos que havia
devorado. Teria início, então, uma nova etapa da história dos deuses, com Zeus
no Olimpo, regendo sem disputa a sorte do Universo e, consequentemente, a dos
homens.
A primeira etapa da religião grega relaciona-se intimamente com os mitos do Oriente Próximo, com as cosmogonias dos babilônios e dos hititas. Os deuses destronados por Zeus não recebiam culto normalmente, exceto em períodos muito especiais (Cronos, por exemplo, o recebia no período “carnavalesco” entre o final de um ano e o começo de outro). Eram deuses do passado, excluídos da nova ordem religiosa que reinava no tempo de Hesíodo. Posteriormente, os filósofos gregos foram reinterpretando o cosmos, relacionando os mitos com as forças naturais e a princípio abstratos, enquanto que os historiadores veriam os mitos heróicos como um reflexo de fatos reais do passado, iniciando, com eles, seus relatos da história do mundo.
Ares e Afrodite. Afresco romano. Casa di Meleagro, Pompéia.
A primeira etapa da religião grega relaciona-se intimamente com os mitos do Oriente Próximo, com as cosmogonias dos babilônios e dos hititas. Os deuses destronados por Zeus não recebiam culto normalmente, exceto em períodos muito especiais (Cronos, por exemplo, o recebia no período “carnavalesco” entre o final de um ano e o começo de outro). Eram deuses do passado, excluídos da nova ordem religiosa que reinava no tempo de Hesíodo. Posteriormente, os filósofos gregos foram reinterpretando o cosmos, relacionando os mitos com as forças naturais e a princípio abstratos, enquanto que os historiadores veriam os mitos heróicos como um reflexo de fatos reais do passado, iniciando, com eles, seus relatos da história do mundo.
Os romanos souberam transformar sua religião num sincretismo
em que os deuses dos diversos povos eram admitidos como variantes da religião
romana, identificando-os com eles, ou os integravam ao Panteão, sem nenhum tipo
de discriminação (parece que Alexandre Severo quis construir um templo a Jesus
Cristo para incluí-lo na religião oficial). Este mosaico de religiões
vinculadas à ordem estabelecida tinha um ritual que dava ao imperador uma
dimensão religiosa, como herdeiro das funções sacerdotais dos senadores e como
sacrificador. Muitos dos templos egípcios, que associamos à época faraônica,
foram embelezados e reconstruídos pelos romanos (Trajano aparece representado
como um faraó no templo de Khnum e, no de Luxor, há um altar com uma inscrição
de Constantino). Os romanos não tinham Igreja organizada com uma casta
sacerdotal: a religião era, para eles, parte de seu sistema político.
FONTANA, Josep. Introdução
ao estudo da história geral. Bauru: Edusc, 2000. p. 298-299.
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