O hinduísmo é uma
das grandes religiões antigas que chegaram até o presente, sendo, também, uma
das que apresentam maior diversidade interior. Seus textos sagrados mais
antigos, os Veda (“saber”), contêm hinos que datam de, ao menos, mil e
quinhentos anos antes de nossa era e se referem aos deuses dos indo-europeus,
como o deus do céu, Dyaus Pitar, que é o Zeus dos gregos e o Júpiter dos
romanos (o nome provém de uma voz que significa “luz celestial” e deu lugar,
também, a nossa palavra “dia”). Porém, o hinduísmo sofreu uma grande
transformação com a introdução das ideias da reencarnação, liberação e yoga
entre os anos 800 e 400 a .C.,
numa época caracterizada por um novo conjunto de textos sagrados, os Upanixades
ou “ensinamentos secretos”, complementando o corpo inicial dos Veda, escritos
numa língua que havia se tornado incompreensível para os fiéis, com textos de
uma grande diversidade que vão desde códigos, como as Leis de Manu, até as duas grandes epopéias do Mahabbarata e o Ramayana,
ou a vasta literatura dos Puruna,
dedicados geralmente a deuses concretos e a seus mitos particulares.
No hinduísmo, havia uma grande multiplicidade de deuses –
diz-se que até 330 milhões -, entre os quais se distinguiam três figuras
principais – Brahma (o Criador) e suas duas manifestações complementares Vishnu
(o Preservador) e Shiva (o Destruidor) – com suas respectivas deusas consortes,
concebidas como manifestações pessoais de força criativa (o pensamento indiano
considerava a fêmea como ativa e o macho como mais passivo). Os deuses podiam
receber diversos nomes (assim Vishnu seria, em diversos “avatares” ou encarnações,
Rama ou Krishna) e aparecer em numerosas variações locais, de maneira que o
hinduísmo poder ser interpretado como um politeísmo extremo ou como uma espécie
de panteísmo que venera, mais que deuses distintos, formas diversas da
divindade.
O Budismo se baseia na vida e nos ensinamentos de Siddartha Gautama (século VI a.C.), chamado Buda o Iluminado, que ensinou a forma de superar a miséria da existência e de chegar a um estado de iluminação por meio de um processo de purificação moral e intelectual. O ensinamento de Buda, transmitido de forma oral e recolhido, mais tarde, nos textos da “cesta tripla” ou “tripitaka”, não é, estritamente, uma religião – não contém a ideia de um deus ou ser supremo que controle o universo -, mas sim uma regra de vida que ensina a forma de libertar-se das baixezas e sofrimento da existência indo até à extinção ou nirvana.
O Budismo se baseia na vida e nos ensinamentos de Siddartha Gautama (século VI a.C.), chamado Buda o Iluminado, que ensinou a forma de superar a miséria da existência e de chegar a um estado de iluminação por meio de um processo de purificação moral e intelectual. O ensinamento de Buda, transmitido de forma oral e recolhido, mais tarde, nos textos da “cesta tripla” ou “tripitaka”, não é, estritamente, uma religião – não contém a ideia de um deus ou ser supremo que controle o universo -, mas sim uma regra de vida que ensina a forma de libertar-se das baixezas e sofrimento da existência indo até à extinção ou nirvana.
O fato em si de que o Budismo não tenha um dogma nem uma
autoridade religiosa – Buda não deixou nenhum sucessor pessoal -, ocasionou que
sua expansão tenha se produzido de acordo com modalidades diferentes. No Sri
Lanka, manteve-se em sua maior pureza o Budismo Theravada, que estabeleceu o
que se chamou de um “misticismo sem deus”, no qual se utilizam técnicas de
lavagem cerebral semelhantes às dos contemplativos islâmicos ou cristãos para
chegar a um estado de libertação pessoal. Na Índia, ao contrário,
desenvolveu-se, a partir do século VII de nossa era, o chamado Budismo
Vajrayana ou Mantrayana, que poria a ênfase em ritos mágicos e sacramentais e
na recitação de “mantras” ou fórmulas sagradas. Esta modalidade, que na Índia
foi assimilada gradualmente pelo hinduísmo (o que explica que o Budismo acabou
ali), foi a que se difundiu no Nepal e no Tibete, onde após o enfrentamento
armado entre duas facções religiosas, acabou constituindo uma teocracia que
destituiu a monarquia, dando o poder político e religioso aos 14 Dalai Lamas
que foram se sucedendo, desde Gedun Truppa (1391-1475) até Tenzin Gyatso
(nascido em 1935). A expansão pela China, Vietnã, Coréia e Japão fez com que o
Budismo se associasse, nesses países, a outras tradições religiosas, dando
origem a correntes originais, como o zen japonês.
A China é descrita, geralmente, como “a terra das três
religiões”, referindo-se ao confucionismo, ao Taoísmo e ao Budismo. Entretanto,
o confucionismo não é propriamente
uma religião, mas uma norma social e de conduta, ainda que inclua manifestações
de culto, especialmente aos antepassados. Não tem dogmas, nem clero, nem
templos, nem monastérios, o que explica que seja confundido com a cultura
tradicional chinesa. O Taoísmo
religioso, que não deve ser confundido com o filosófico, é uma religião popular
com uma hierarquia clerical, liturgia, textos sagrados e um panteão de deuses
santos. Não tem uma organização nem um credo unificados, mas apresenta uma espécie
de federação de comunidades, em sua maior parte laicas, que tem especial importância
em Taiwan e em Hong Kong. O Budismo, que se difundiu na China a partir do século
II de nossa era, o fez através de variantes ecléticas, próximas da prática do
Taoísmo. A religião popular, o que melhor se pode qualificar como “religião
chinesa”, formou-se com um conjunto de ideias e de práticas provenientes tanto
do Taoísmo, como do Budismo e da “religião do Estado”, convencionalmente
denominada de confucionismo (uma combinação normal seria, por exemplo, a de
tomar as normas do confucionismo como guia da vida cotidiana, recorrer ao Taoísmo
para os ritos de purificação e dos exorcismos, e ao Budismo, para a celebração
dos funerais).
Resta, ainda, o xintoísmo
japonês, que não é outra coisa do que um amálgama de religiões tradicionais
anteriores à chegada do Budismo, tendo vivido longamente associado a este, já
que a doutrina e o culto xintoísta eram compatíveis. A restauração Meiji de
1868 quis convertê-lo em uma religião nacional, unida ao culto do imperador,
porém teve que acabar aceitando a coexistência das “três religiões” (xintoísmo,
Budismo e cristianismo) e perseguindo as seitas extremistas e as novas religiões.
Apesar do imperador ter sido “desdivinizado” em 1945, como conseqüência de sua
derrota na Segunda Guerra Mundial, os japoneses continuam participando das
festas e dos ritos xintoístas, como se fossem atos de uma cultura que lhes é própria.
FONTANA, Josep. Introdução
ao estudo da história geral. Bauru: Edusc, 2000. p. 295-298.
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