Setor constituído pela
proletarização de agricultores sem terra, em virtude dos “cercamentos” (enclousures) intensificados na Grã-Bretanha
e na Europa ocidental durante o século XVIII, essa massa de despossuídos iria
constituir a mão de obra fabril durante a Revolução Industrial. Por extensão, o
termo passou a designar, particularmente, os trabalhadores manuais fabris no
mundo inteiro.
No século XVIII e parte do XIX,
por operário entendia-se o trabalhador desqualificado, sem ofício, ou seja,
aquele que não passara pelo sistema de aprendizado dos ofícios manuais regido
pelas corporações controladas pelos mestres de ofício. Portanto, o termo
comportava uma noção de inferioridade hierárquica dos trabalhadores manuais
desqualificados com relação aos qualificados.
Greve, Boris Kustodiev
Nos anos 1830, na Europa
ocidental, começou a ser empregada a designação de cunho político “classe operária”,
que englobava tanto trabalhadores qualificados quanto não qualificados, como
integrantes de um todo, compartilhando interesses e uma identidade comum. Fenômeno
similar ocorreu no Brasil na década de 1870. Essa inovação na terminologia
refletia a necessidade de formas de atuação e organização capazes de superar as
divisões e os interesses setoriais, que se concretizou sob a forma de organizações
sindicais gerais, mas também por organizações políticas que pretendiam
representar os interesses do operariado, como os partidos que se designavam
como operários, trabalhistas, socialistas e, já no século XX, comunistas. Desse
modo, na Europa, houve uma clara associação entre o surgimento e crescimento de
partidos desse tipo e o crescente peso social do operariado, que constituía a
base de apoio dessas organizações.
O peso do operariado também foi
decisivo em uma série de movimentos e revoluções, como: as revoluções de 1830 e
1848 na Europa; o movimento cartista (que pretendia a ampliação dos direitos
políticos) na Grã-Bretanha nas décadas de 1830-40; a Comuna de Paris de 1871;
as revoluções russas de 1905 e 1917; os movimentos grevistas, ocupações de fábricas,
levantes e revoluções que atingiram vários países do mundo ao final da Primeira
Guerra Mundial. E vários desses movimentos, particularmente a Revolução de
Outubro de 1917 na Rússia, foram feitos em seu nome.
Em fins do século XIX, em virtude
das transformações operadas no mundo do trabalho, não faltaram discussões
acerca da desaparição do operariado. Porém, ao mesmo tempo que setores
industriais perderam peso e o número de trabalhadores empregados nessas indústrias
diminuiu, esse período assistiu também ao ressurgimento de condições de
trabalho semelhantes aquelas encontradas sob a Revolução Industrial
Claudio Batalha. Operários. In:
BETING, Graziella. Coleção história de A
a Z: [volume] 4: Idade Contemporânea. Rio de Janeiro: Duetto, 2009. p. 15.
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