Egito. A prostituição era praticada às margens do Nilo, mas não se
sabe com que freqüência. A atividade era moralmente condenada; contudo, além
das menções de favores sexuais obtidos em troca de dinheiro, encontram-se
várias menções a relações sexuais coletivas em papiros ou ostraca, que não deixam dúvidas da existência de casas de
prostituição.
Apesar de alguns documentos com
relatos eróticos, o Egito não teve prostituição sagrada. As relações, mesmo
íntimas, entre uma sacerdotisa e a divindade ocorriam no contexto da relação
simbólica de um legítimo casal. (Michel
Baud)
Mesopotâmia. A importância social e o papel positivo da
prostituição aparecem na epopeia de Gilgamesh. Uma mulher seduz Enkidu e faz
com que ele, de bruto selvagem, transforme-se em homem. Quando Enkidu está
próximo da morte, amaldiçoa a prostituta que lhe tiraria a inocência. Depois,
percebendo o bem que ela lhe trouxera, volta atrás. O exemplo mostra como os
babilônios viam essas mulheres. A prostituição não era um setor marginalizado
da sociedade mesopotâmica.
Não havia contradição entre a
condição de uma prostituta ou de uma mulher dedicada aos deuses, ambas tinham
escapado das regras familiares tradicionais. Assim, funcionárias de templos
gerenciavam casas de prostituição, e Nanaya, deusa de Uruk, era associada ao erotismo
e sexualidade. (Antoine Cavigneaux)
Mundo greco-romano. De acordo com o direito ateniense, o homem que
se prostituía (em uma relação homossexual) perdia a capacidade de exercer uma
função pública e de freqüentar locais públicos. A violação era punida com a
morte. A razão dessas regras está no papel social desempenhado pela pederastia.
Hetaira urinando dentro de um skyphos. Cerâmica, ca. 480 a.C.
Já a prostituição feminina não
era punida, pois cumpria uma função útil, a de evitar o adultério. Havia várias
formas de se prostituir, e a mais depreciada era a das mulheres que se vendiam
na beira das estradas e em bordéis. Aquelas que acompanhavam os homens na
sociedade (fechada às mulheres honestas) e tinham certa educação (da qual as
mulheres em geral eram privadas) eram chamadas “acompanhantes”. Diante de
alguns templos (e em proveito deles), a prostituição sagrada era praticada, mas
não há indícios disso em Atenas.
Cliente e prostituta. Cerâmica, ca. 480-470 a.C.
Pelas mesmas razões, a
prostituição feminina sempre foi tolerada em Roma. Mas a prostituta era objeto
de reprovação social. A prostituição masculina foi proibida por volta da metade
do século III d.C. A constituição imperial de 390 d.C. estabelecia que fossem
queimados vivos os homens que se prostituíssem nos bordéis da cidade. (Eva Cantarella)
In: BETING, Graziella. Coleção história de A a Z: [volume] 1:
antiguidade. Rio de Janeiro: Duetto, 2009. p. 24.
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