Pintura da caverna Chauvet. 31 mil anos de idade, provavelmente Aurignacien. O grupo de cavalos, provavelmente, não retrata um rebanho deles, mas algum tipo de estudo etological, mostrando, da esquerda para a direita, calma, agressividade, sono e pastagem.
A arte parietal pré-histórica surpreende sempre pela sua beleza e também pela ciência de observação e perfeição dos seus autores, de que é testemunha. Como é que estes homens, que viveram entre 30000 anos e 8500 anos antes de nossa era, em condições muito difíceis segundo os nossos critérios atuais, que apenas dispunham de utensílios de pedra, de osso, de chifres de cervídeos e provavelmente também de madeira, conseguiram criar obras-primas tão perfeitas?
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Das cerca de 150 "cavidades" - grutas e cornijas rochosas - ornamentadas com gravuras e pinturas realizadas, da Espanha aos Urais, entre 30000 e 8500 a.C., quero dizer, durante o Paleolítico Superior, 136 estão situadas em território francês.
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A datação da arte parietal é uma das principais dificuldades que os estudiosos da pré-história têm para resolver. Os traços gravados e os pigmentos das pinturas não se adaptam a nenhum dos métodos modernos de datação absoluta. Os carvões das fogueiras ou das tochas foram muitas vezes deitados fora. E mesmo quando são cuidadosamente retirados de uma camada arqueológica rigorosamente referenciada e pesquisada nada permite afirmar que os homens que queimaram estes pedaços de madeira foram os autores das gravuras ou das pinturas que decoram a "cavidade". De igual modo, os artesãos dos utensílios de pedra, de osso ou de chifre de cervídeo encontrados nas camadas arqueológicas, e que podemos datar por comparação com os das estações arqueológicas conhecidas com precisão, não são forçosamente os artistas gravadores ou pintores.
Pintura de um bisão na caverna de Altamira (Espanha)
No entanto, os especialistas puderam traçar um quadro geral da história da arte parietal paleolítica da Europa, que nos parece um episódio breve das atividades humanas, que afinal de estendeu, ao longo de 215 séculos, ou seja, entre cerca 30000 e 8500 a.C.
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Entre 8500 e 8000 anos a.C., termina o último período glaciar. Esta revolução climática coincide com o desaparecimento da arte parietal, que dá o lugar à arte móvel, embora algumas cornijas rochosas das civilizações epipaleolíticas sejam ainda decoradas com algumas gravuras (na floresta de Fontainebleau, entre outras). De tempos em tempos ainda surgem algumas descobertas inesperadas. O pequeno mamute gravado na parede calcária tem o ar de um boneco, com os seus parcos 18 centímetros de comprimento.
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Caverna de Lascaux, França. "Na criação dessas imagens, os artistas das cavernas usavam carvão para delinear as irregularidades da rocha que se assemelhavam a formas encontradas na natureza. O volume era dado pelas saliências, enquanto as tonalidades terrosas emprestavam contorno e perspectiva. As "tintas" utilizadas eram torrões de ocra vermelha e amarela esfarelada até virar pó e aplicada à superfície com pincel, ou soprada através de um osso oco. Os desenhos eram superpostos aleatoriamente, talvez atendendo à necessidade de novas imagens antes de cada caçada. Essas imagens - sempre figuras de animais - são representadas em perfil bidimensional e parecem flutuar no espaço, sem qualquer representação do ambiente".
(STRICKLAND, Carol. Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p. 4.)
Além dos mamutes, advinha-se aqui um pescoço e a cabeça de um bode, ali um cavalo e, em diversos sítios, as paredes estão estriadas com traços simples, gravados profundamente, que por vezes se entrecruzam, mas nunca chegam a desenhar os sinais abstractos característicos da arte parietal.
REBEYROL, Yvonne. Crónicas da pré-história. Mem Martins (Portugal): Europa-América, 1988. p. 134-139.
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