Nelson Mandela. Depois de 25 anos de prisão, o líder negro conduziu as negociações que levaram ao fim o regime racista - apartheid - da África do Sul. "O colonialismo europeu deixou heranças amargas na América, na Ásia e na África. Na África a herança colonial parece até hoje quase impossível de ser removida. O continente forneceu milhões de escravos para os empreendimentos coloniais europeus, ao longo dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. Sofreu ainda a ocupação imperialista, que só chegou ao fim depois da Segunda Guerra Mundial. Essa ocupação foi marcada por atrocidades, massacres e exploração econômica, além da humilhação dos povos africanos pelos dominadores europeus." (PEDRO, Antonio et alli. História do Mundo Ocidental. São Paulo: FTD, 2005. p. 461.)
"O choro durante séculos
nos seus olhos traidores pela servidão dos homens
no desejo alimentado entre ambições
de lufadas românticas
nos batuques choro de África
nas fogueiras choro de África
nos sorrisos choro de África
nos sarcasmos no trabalho choro de África
.................................................................
O choro de séculos
onde a verdade violentada se estiola
no círculo de ferro
da desonesta força
sacrificadora dos corpos
cadaverizados
inimiga da vida
fechada em estreitos cérebros de
máquinas de contorno
na violência
na violência
na violência
O choro da África é um sintoma.
Nós temos em nossas mãos outras vidas e alegrias
Desmentidas nos lamentos de suas bocas - por nós!
E amor
E os olhos secos."
(Agostinho Neto, A. Poemas de Angola)
I - "A Descolonização pode
ser descrita como um processo histórico, primordialmente político, ocorrido
especialmente após a Segunda Guerra Mundial, que se traduziu na obtenção
gradativa da independência das colônias europeias situadas na Ásia e na África.
Teve seu ritmo regulado quer pela política de 'concessão' de autonomia, diferente
segundo a potência colonizadora e a especificidade de cada território, quer
pelas formas de luta dos povos coloniais na conquista de sua
independência". PEREIRA, J. M. N. Colonialismo, Descolonização e
Neocolonialismo. Rio de Janeiro: Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 1973. p. 12.
II - "A Ásia e a África haviam sofrido o impacto do imperialismo, por vezes sob a forma do colonialismo, nos séculos XIX e XX. A Primeira Guerra Mundial, a Grande Depressão e, sobretudo, a Segunda Guerra Mundial funcionaram como fatores de desintegração dos impérios coloniais. Devido à crise das metrópoles, as colônias haviam incrementado seu desenvolvimento econômico, o que contribuiu para uma progressiva tomada de consciência quanto à independência, tanto mais que os conflitos mundiais destruíram o mito da "superioridade do homem branco", o principal fundamento ideológico do imperialismo e do colonialismo.
A própria valorização dos movimentos democráticos, liberais e socialistas, fortalecidos na luta contra o fascismo, propagou-se nas colônias, onde muitos nativos, tendo lutado contra a opressão e a tirania, desejaram usufruir dos mesmos benefícios obtidos pelos vencedores. Além disso, os EUA e, principalmente, a antiga URSS, interessados em ampliar áreas de influência, afastando as antigas potências coloniais, incentivaram os movimentos de libertação, cujos líderes chegaram a invocar o princípio de autodeterminação formulado pelos dirigentes dos EUA e da Inglaterra na Carta do Atlântico (1941), reafirmado na Declaração das Nações Unidas (1942).
A Descolonização, intensificada após 1945 e constituindo um fenômeno ainda não acabado, apresentava dois aspectos fundamentais:
1) de um lado, os países colonizadores sentiram que estava na hora de adotar novas formas de exploração, adotando uma política neocolonialista. Daí progressivas concessões políticas, envolvendo a nomeação de nativos, a realização de eleições, a permissão do autogoverno e até a independência política, embora a antiga metrópole mantivesse as tradicionais relações econômicas; assim, as antigas metrópoles eliminavam os gastos com a manutenção de tropas e da administração colonial e aumentavam a margem de lucros pela preservação de concessões econômicas;
2) de outro lado, os afro-asiáticos lutando por uma independência político-econômica, e não somente de bandeira e hino, o que, em diversos casos, converteu a luta pela independência em uma luta anti-imperialista; assim, a conquista da independência, por vezes, resultou na organização de uma sociedade socialista, como ocorreu no Vietnã, em Angola etc." AQUINO, Rubim Santos Leão de et alli. História das sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2010. p. 556-558.
III - "[...] A descolonização não deixa, pois, de ser o choque de valores do Ocidente na Ásia e na África - valores que atribuíam preeminência à técnica e aos bens materiais - e a revolta da Ásia e da África contra o Ocidente, que tentava arrancar-lhes o que o tempo e a História lhes tinham ajudado a produzir: identidade cultural, riquezas e autonomia. Nesse sentido, a descolonização passou a ser vista como a expressão do ódio e da humilhação pacientemente acumulados, do desejo de recuperar a dignidade, mas uma dignidade a ser definida no plano internacional." CANÊDO, Letícia Bicalho. A descolonização da Ásia e da África. São Paulo: Atual, 1994. p. 7.
A própria valorização dos movimentos democráticos, liberais e socialistas, fortalecidos na luta contra o fascismo, propagou-se nas colônias, onde muitos nativos, tendo lutado contra a opressão e a tirania, desejaram usufruir dos mesmos benefícios obtidos pelos vencedores. Além disso, os EUA e, principalmente, a antiga URSS, interessados em ampliar áreas de influência, afastando as antigas potências coloniais, incentivaram os movimentos de libertação, cujos líderes chegaram a invocar o princípio de autodeterminação formulado pelos dirigentes dos EUA e da Inglaterra na Carta do Atlântico (1941), reafirmado na Declaração das Nações Unidas (1942).
A Descolonização, intensificada após 1945 e constituindo um fenômeno ainda não acabado, apresentava dois aspectos fundamentais:
1) de um lado, os países colonizadores sentiram que estava na hora de adotar novas formas de exploração, adotando uma política neocolonialista. Daí progressivas concessões políticas, envolvendo a nomeação de nativos, a realização de eleições, a permissão do autogoverno e até a independência política, embora a antiga metrópole mantivesse as tradicionais relações econômicas; assim, as antigas metrópoles eliminavam os gastos com a manutenção de tropas e da administração colonial e aumentavam a margem de lucros pela preservação de concessões econômicas;
2) de outro lado, os afro-asiáticos lutando por uma independência político-econômica, e não somente de bandeira e hino, o que, em diversos casos, converteu a luta pela independência em uma luta anti-imperialista; assim, a conquista da independência, por vezes, resultou na organização de uma sociedade socialista, como ocorreu no Vietnã, em Angola etc." AQUINO, Rubim Santos Leão de et alli. História das sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2010. p. 556-558.
III - "[...] A descolonização não deixa, pois, de ser o choque de valores do Ocidente na Ásia e na África - valores que atribuíam preeminência à técnica e aos bens materiais - e a revolta da Ásia e da África contra o Ocidente, que tentava arrancar-lhes o que o tempo e a História lhes tinham ajudado a produzir: identidade cultural, riquezas e autonomia. Nesse sentido, a descolonização passou a ser vista como a expressão do ódio e da humilhação pacientemente acumulados, do desejo de recuperar a dignidade, mas uma dignidade a ser definida no plano internacional." CANÊDO, Letícia Bicalho. A descolonização da Ásia e da África. São Paulo: Atual, 1994. p. 7.
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