Templo romano em Évora
* Conquista da Lusitânia. Desde as lutas contra Cartago,
Roma dirigira sua atenção para a península Ibérica. Em fins do século III a.C.
começou o lento avanço dos romanos pela península. Ocuparam o sul da Hispânia e
prepararam-se para invadir a Lusitânia. Em 138 a .C. os exércitos romanos
chegaram à embocadura do rio Tejo (Tagus) e, pela primeira vez, acamparam às
margens do Atlântico.
Os lusitanos, chefiados por um grande guerreiro, Viriato,
ofereceram violenta resistência, conseguindo rechaçar o inimigo. Com a morte de
Viriato quebrou-se, porém, essa resistência e Roma iniciou a penetração do
território pelas regiões do norte e do centro. Os focos de luta contra o avanço
romano enfraqueceram-se a partir da queda da importante cidade de Numância (133 a .C.) e, aos poucos, toda
a península Ibérica caiu em poder dos romanos. A conquista e submissão da
Lusitânia custaram a Roma um século e meio de lutas (193-25 a .C.).
* Romanização da Lusitânia. Durante esse século e meio de
lutas foi-se operando lentamente a romanização das regiões lusitanas, dando
origem à civilização luso-romana, da qual somos em parte herdeiros. A
romanização dos territórios ocupados determinou importantes transformações,
sobretudo de ordem econômica e cultural.
Do ponto de vista econômico, as populações nativas,
habituadas a trabalhar a terra em regime comunitário (regime que ainda hoje
subsiste em certas aldeias portuguesas), passaram, sob a influência romana, a
cultivar o solo em grupo de família. Surgiu assim o tipo de propriedade
agrícola chamada vila, que abrangia a residência do dono, as casas dos
trabalhadores escravos e dos arrendatários, estábulos, celeiros e campos.
O novo sistema de ocupação e exploração da terra modificou
por completo a economia da Lusitânia que, predominantemente pastoril (criação
de cabras e ovelhas), tornou-se agrícola. Dessa forma, desenvolveu-se em grande
escala o cultivo da vinha, da oliveira, da cevada e do trigo; aumentou a
produção de frutos e de fibras têxteis (linho).
Intensificaram-se, ao mesmo tempo, as atividades da pesca e
da mineração; iniciou-se o fabrico de tijolos e de telhas (até então
desconhecidas dos lusitanos); aperfeiçou-se a técnica da cerâmica. A
construção, pelos romanos, de estradas e de pontes desenvolveu o comércio.
Generalizou-se o uso da moeda, substituindo o primitivo sistema de simples
troca de mercadorias.
Do ponto de vista cultural, os lusitanos adotaram o tipo de
casa romana, abandonando as pequenas habitações de chão batido, paredes toscas
de pedra, cobertas de palha ou de madeira. Foram adotadas a língua (latim) e a religião
romanas; e, no vestuário, os grosseiros trajes de lã acabaram sendo
substituídos pela túnica e pela toga.
Em toda a Lusitânia construíram-se templos, teatros, circos,
aquedutos, banhos públicos, e foram abertas escolas de ler e escrever.
Se, de um lado, os romanos marcaram com sua cultura e
civilização o povo lusitano, oferecendo-lhe longo período de paz e
desenvolvimento, de outro lado, porém, não lhe deram a projeção e a força
necessárias para poder resistir à ofensiva de povos germânicos que, poucos
séculos depois (V século), submeteram a Lusitânia a nova ocupação.
HOLLANDA, Sérgio Buarque de (org.). História da Civilização. São
Paulo: Nacional, 1980. p. 95-96.
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