"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Os citas se instalam na Rússia

Segundo Heródoto, os citas seriam originários da Ásia central, de onde teriam sido expulsos. Em sua caminhada para o oeste, defrontam-se com os cimérios que perseguem até a Anatólia oriental. Fontes assírias atestam sua presença nessa região por volta de 676 a 652 a.C. e são, provavelmente, os principais responsáveis pela destruição do Estado de Urartu (englobando o vale do Araxe, o Azerbaijão iraniano e a Turquia oriental). Partem em seguida para o norte e se estabelecem, no final do século VII, na Ucrânia e na Rússia principalmente. Nem todos os citas da Europa têm origens tão remotas, mas seus contatos com os grandes reinos do Médio Oriente e suas conseqüências culturais são inegáveis.

Na Ucrânia e na Rússia, os citas controlam ao mesmo tempo a estepe, onde praticam um nomadismo ligado à criação de carneiros e cavalos, e as zonas arborizadas, onde reside uma população de agricultores sedentários. Esse vasto conjunto humano é governado por uma tribo dominante, a dos “citas reais”. A sociedade cita é dividida entre uma aristocracia de chefes de guerra, uma massa de homens livres e escravos. Os citas não ignoram o comércio: exportam, para as colônias gregas da costa do mar Negro, trigo e escravos; importam sobretudo vinho, cerâmica de luxo e joias.

Tesouro de Kul-Oba.
Foto: PHGCOM

Sua fama entre os gregos se baseia em suas temíveis qualidades de cavaleiros e de arqueiros, providos de um arco de grande potência. Móveis e rápidos, os citas são difíceis de perseguir e surgem de improviso sobre seus adversários. O grande rei persa Dario I constata, de modo catastrófico, em 513 a.C., que é praticamente impossível conquistar a estepe cita e que deve recuar.

Os chefes mortos são enterrados em câmaras fúnebres construídas de madeira, com suas armas, seus tesouros, seus servos e seus cavalos. O túmulo é recoberto por um acúmulo de terra que pode atingir 20 metros de altura. O conjunto forma o que se chama um kurgane. As escavações arqueológicas dessas ricas sepulturas revelaram preciosas informações sobre as práticas funerárias e a arte dos citas.


SALLES, Catherine [dir.]. Larousse das civilizações antigas 1: dos faraós à fundação de Roma. São Paulo: Larousse d Brasil, 2008. p. 117.

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