Os maias aperfeiçoaram ao máximo
a escrita. Não são, contudo, seus inventores. Outras civilizações deixaram,
antes deles, testemunhos da existência de textos elaborados, monumentos
datados. Alguns indícios dispersos, o desenho de uma pata ou de uma cabeça de
pássaro, não permitem atribuir à civilização olmeca (1500-400 a .C.) a concepção de um
sistema codificado. O monumento 1 de El Portón, de cerca de 400 a .C., traz uma breve
inscrição. Fora da área maia, em Oaxaca, glifos foram encontrados em monumentos
que remontariam a 500 a .C.
Trata-se de nomes próprios, como “Um Terremoto” do monumento 3 de San José
Magote, talvez topônimos.
É em 31 a .C. que se pode, com a
estela C de Três Zapotes, provar a existência de uma contagem do tempo, que
implica cálculos complexos e um registro escrito. Outros textos, nos sítios
maias de El Baúl, de Kaminaljuyú ou de Takalik Abaj, e na estatueta de Tuxtla,
comprovam essas decifrações, mesmo se as datas são muitas vezes mais tardias
(37).
Glifos maias, Palenque.
A prova definitiva remonta à
descoberta, em 1986, da estela de La Mojarra: um texto de mais de cem glifos, acompanhado
de datas (143-156), relata a epopeia de um senhor da guerra representado no
monumento. A análise epigráfica permitiu aos especialistas decifrar a inscrição
em língua mixezoque, língua falada por um povo cuja influência se estendia pela
costa do Pacífico a Guatemala, no antigo território olmeca, e ao coração do
país maia. O dinamismo dessa civilização ainda mal conhecida contribuiu para a
formação da civilização maia. A estela de La Mojarra confere uma coerência às
decifrações dos outros monumentos.
A instauração de uma escrita
codificada é, portanto, estabelecida nos séculos II e I antes de Cristo, com
talvez vários pontos de origem, Oaxaca e o território mixezoque. Mas esse é o
resultado de um longo processo, cujos antecedentes cabe aos especialistas
descobrir.
SALLES, Catherine [dir.]. Larousse das civilizações antigas 3: das
bacanais à Ravena. São Paulo: Larousse do Brasil, 2008. p. 250.
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