No Novo Império, o poder
faraônico completou a submissão e a organização da Núbia em duas províncias,
Uauat e Kush. As guarnições do faraó estão presentes até a fortaleza de Semnah
na região da 4ª catarata. Composta de duas províncias, essa vasta colônia
possui sua administração própria sob a direção de um governador, chamado “filho
real de Kush”, verdadeiro vice-rei de amplos poderes. Os egípcios, após terem
extraído riquezas múltiplas da Núbia também tomaram o hábito de recrutar
pessoal. Certas tribos núbias fornecem os Medjai (do nome de uma etnia),
recrutados como forças de policiamento. Os indígenas da Núbia, gradualmente aculturados
e egipcianizados, tomam certos cuidados com relação a seus “colonizadores”.
Por volta de 950 a .C., Sheshonq I funda em
Tanis, no delta oriental, a 22ª dinastia. Entretanto, no sul, sua autoridade
não tem nenhum apoio. O reino é dividido em dois principados, dirigidos por
governadores de província.
Não se sabe praticamente nada de
Kashta, rei de Napata no século VIII a.C. Seu filho Pianky sucede-lhe por volta
de 751 a .C.
Enquanto a 22ª dinastia se envolve em conflitos internos, Pianky lidera uma sublevação
e tenta uma campanha militar (por volta de 728), a fim de tomar o poder em
Tebas. Consegue subir o vale do Nilo até Neferusy, perto de Hermópolis. Usurpa
o título de faraó e funda a 25ª dinastia núbia. Após ter proclamado sua piedade
para com o deus Amon em Tebas, prossegue sua campanha vitoriosa em direção a
Mênfis e Heliópolis. Retornando à Núbia, em Napata, Pianky morre e é enterrado
numa pirâmide. Durante esse tempo, os assírios invadiram o norte do Egito.
Pirâmides de Meroé.
Foto: B N Chagny
Os sucessores de Pianky no trono
do faraó, Shabaka (por volta de 716), depois Taharqa (por volta de 690), não
chegam a impor sua autoridade aos potentados locais. Montuemhat, prefeito de
Tebas e membro do clero de Amon, exerce então uma autoridade uma autoridade sem
divisão sobre toda a província de Tebas. Ao mesmo tempo, Taharqa deve enfrentar
a potência militar de Assurbanipal, rei da Assíria; consegue manter seu poder
até Mênfis, mas em 664 é vencido pelos assírios. Tebas é, então, pilhada.
Taharqa e suas tropas recuam até Napata, enquanto, no delta, o príncipe egípcio
Necao é mantido como simples governador de Mênfis sob tutela assíria.
Os príncipes de Napata
desenvolvem na Núbia e até Meroé (na altura da quinta catarata) uma cultura
herdada da tradição faraônica, mas que se alimenta doravante de raízes
africanas.
SALLES, Catherine [dir.]. Larousse das civilizações antigas 1: dos
faraós à fundação de Roma. São Paulo: Larousse do Brasil, 2008. p. 106-107.
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