Vida cotidiana: primavera. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
O baixo crescimento da população resultava do elevado número de mortes, pois a média de vida, na época, não ultrapassava os 40 anos de idade. Os historiadores calculam que, de cada 100 crianças nascidas vivas, 45 morriam ainda na infância. Era comum a morte de mulheres durante o parto e os homens jovens morriam nas guerras ou vítimas de doenças para as quais ainda não se conhecia uma cura.
Vida cotidiana: sopa. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
A fome vitimava principalmente os camponeses, mas a falta de higiene pessoal, de água tratada e de um sistema de esgoto, provocou surtos de epidemias que mataram milhares de pessoas.
Vida cotidiana: vômito. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
Numa população supersticiosa, que interpretava todos os acontecimentos naturais como expressão da vontade divina, a doença era vista como punição pelos pecados. Para se livrar desses pecados, as pessoas faziam então penitências, compravam indulgências e procuravam viver de acordo com os mandamentos da Igreja.
O matrimônio só se tornou um sacramento da Igreja a partir de 1349, que também tornou o casamento indissolúvel e proibiu a poligamia e o concubinato. Para a Igreja, a única finalidade do sexo era a procriação e, por isso, os cristãos deveriam regular a frequência e os limites do ato sexual.
Vida cotidiana: coito. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
Casamentos assim, sem que os noivos sequer se conhecessem, acabavam abrindo espaço para grande número de relações extraconjugais, embora os padres ameaçassem os adúlteros com o "fogo do inferno". Por isso, a literatura medieval é tão fértil em romances proibidos, envolvendo quase sempre mulheres casadas e homens solteiros.
Vida cotidiana: insônia. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
Nas famílias camponesas, todos trabalhavam muito. Além de cuidar das terras do senhor do feudo, homens, mulheres e crianças faziam a colheita, moíam os grãos e construíam pontes, estradas, estábulos e moinhos. Ao mesmo tempo, cultivavam seus lotes e cuidavam dos animais e dos trabalhos artesanais e domésticos.
Vida cotidiana: ordenha. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
Os camponeses viviam em cabanas cobertas de palha, com o piso de terra batida e a área interna escura, úmida e enfumaçada. Em geral, as cabanas tinham apenas um cômodo, que servia para dormir e guardar alimentos e até animais. Os móveis, bastante rústicos, resumiam-se à mesa e bancos de madeira e aos colchões de palha.
Vida cotidiana: mobília. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
No almoço ou no jantar, comiam quase sempre pão escuro e uma sopa de vegetais, legumes e ossos. Carne, ovos e queijo, caros demais, só em ocasiões especiais. E em vários períodos houve a falta de alimentos e a fome se espalhou por muitas regiões da Europa, vitimando, é claro, os mais pobres.
Na mesa dos nobres, entretanto, não faltava uma grande variedade de peixes e carnes, quase sempre secas e salgadas, para se conservar durante o inverno. No verão, para disfarçar o gosto ruim e o mau cheiro da carne estragada, a comida era cozida com especiarias e temperos fortes, raros e exóticos, que vinham do Oriente, custavam caro e eram difíceis de obter. O vinho era consumido em grande quantidade em quase todas as regiões, e os habitantes do norte da Europa também costumavam consumir cerveja.
Vida cotidiana: vinho. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
As moradias dos nobres também se modificaram bastante, ao longo do tempo. Até o século XII, seus castelos se resumiam a uma torre, onde habitava a família do senhor, e eram feitos de madeira. A partir de 1200, tornam-se comuns as construções de pedra e tijolos. A mobília também se sofisticou e os nobres passaram a usar tapeçaria e pratarias vindas do Oriente.
Vida cotidiana: sono. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
As roupas e os sapatos da época eram bastante volumosos e escondiam quase inteiramente o corpo, especialmente o da mulher. As mais jovens até chegavam a revelar o colo, mas a Igreja sempre desaprovou os decotes.
Vida cotidiana: cultivo de rosas. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
O vestuário básico das mulheres incluía roupa de baixo, saia ou vestido longo, avental e mantos, além de chapéus. Na época, cabelos presos identificavam a mulher casada, enquanto as solteiras usavam cabelos soltos.
Para os homens, o vestuário se compunha de meias longas, até a cintura, culotes, gibão, chapéus de diversos tamanhos e sapatos de pontas longas. Os tecidos variavam de acordo com a condição social dos cavaleiros, o clima, a ocasião e local e, nos dias de festa, por exemplo, usavam ricas vestimentas. E festa é o que não faltava, o ano inteiro, nas feiras e nas datas religiosas e profanas da Europa Medieval. Tanto nos castelos quanto nas vilas, aldeias e cidades, em tempos de fartura, tudo era motivo para comer, beber e dançar, com fantasias, máscaras, procissões, muita alegria e até com certos excessos.
Os camponeses, apesar do sofrimento e da penúria, gostavam de festas, danças e músicas.
Vida cotidiana: diversão. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
Os jogos e a bebida, bastante comuns nas tavernas de todas as cidades, atraíam os homens, que consumiam muito vinho, jogavam dados e se envolviam em brigas e confusões. Por isso, os padres amaldiçoavam as tavernas, apontadas como antros de perdição.
Vida cotidiana: luta. Miniatura medieval do séc. XIV. Artista desconhecido
Nas cidades, aglomeravam-se e conviviam todos os tipos de pessoas e profissões: ricos comerciantes, taberneiros, artesãos, padeiros, relojoeiros, joalheiros, mendigos, pregadores, menestréis, etc. E na periferia das cidades, bastante discriminados pela maioria da população, viviam outros grupos: judeus, muçulmanos, hereges, leprosos, homossexuais e prostitutas, que estiveram entre os mais perseguidos e reprimidos pela Inquisição, a partir do século XII.
ANASTÁSIA, Carla. Encontros com a História. Curitiba: Positivo, 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário