Texto 1
A emancipação política do Brasil, ocorrida em 1822, apesar de ter sido promovida pela classe proprietária de terra e de gente [...], não deixou de impulsionar a emergência de novas ideias, bem como a alteração de costumes e valores culturais. [...]
[...] O recente país necessitava de uma estrutura jurídico-política própria, o que incentivou a elite econômica a formar os seus quadros de bacharéis em Direito, cujas principais faculdades localizavam-se em Olinda e São Paulo. Muitos desses bacharéis, no entanto, logo se transferiam para o Rio de Janeiro, objetivando notoriedade profissional e o ingresso na carreira política [...]. Entretanto, não só de advogados era composto o corpo parlamentar brasileiro; militares, grandes proprietários, clérigos e jornalistas também se faziam presentes. [...]
Com a expansão da imprensa e sua afirmação em todo o país [...], foi esse veículo de informação/formação um dos grandes responsáveis pela definição do perfil da identidade cultural brasileira. [...] através da imprensa [...] estabeleceram-se os parâmetros da brasilidade sustentados e reforçando princípios norteadores da Igreja católica, então a principal base ideológica do Império. [...]
O debate de ideias, contudo, ficou restrito a uma pequena parcela da população, ou melhor, à minoria letrada, que em 1875 correspondia a apenas 15,7% da população [...]. Dentre este percentual, podemos destacar o papel das mulheres, que, com o crescimento urbano datado da segunda metade do século XIX, passaram a frequentar salões de festas, consumir livros etc., e dos jovens estudantes que em futuro bem próximo iriam compor os quadros dirigentes do país, além de funcionários públicos e médios comerciantes.
Mulheres e escravos eram excluídos da cidadania política no Brasil imperial. Foto de 1860, Província de São Paulo
A vida na capital do Império também se modificou. Surgiram inovações nos serviços de transportes coletivos, destacando-se os bondes de tração animal.
[...]
Apesar da expansão e popularização do serviço de bondes, com ele coexistiriam os tradicionais tílburis, os faetontes, as caleças, as diligências e os coches.
[...]
Mas a vida urbana continuava sujeita a tragédias, como a febre amarela, os temporais na cidade do Rio de Janeiro, a Grande Seca de 1877 a 1879 - só no Ceará vitimou 60 mil pessoas - e a epidemia de bexiga em Petrópolis. O viver em cidades também envolvia a falta de trabalho, a sujeira das ruas, a escassez da água, o mau calçamento, a violência dos capoeiras, os crimes passionais, o trottoir das prostitutas e assaltos a residências ou nas ruas.
Mesmo assim os divertimentos se multiplicavam. Na cidade do Rio de Janeiro, cafés e confeitarias reuniam variada clientela, atraída pelas guloseimas e bebidas locais ou importadas. [...]
[...]
Bailes e saraus em casas de família e clubes tornaram-se cada vez mais animados. Ainda que o banho de mar se popularizasse, especialmente nos fins de semana, a palidez das mulheres prevalecia e, a partir de 1871, começou a ser disfarçada pelo uso do ruge, importado da Europa.
A sociedade continuava preconceituosa, não obstante se transformasse.
AQUINO, Rubim Santos Leão de et al. Sociedade brasileira: uma história através dos movimentos sociais. Rio de Janeiro: Record, 2008. p. 581-584.
Texto 2
[Aos ingleses] deve-se a introdução do gosto pela residência em casas isoladas por jardins bem tratados, e longe do centro da cidade, frequentemente em contato direto com a natureza agreste; as transformações no interior mesmo das casas, com adoção de cômodos, novos arranjos, novos móveis e melhor higiene; o refinamento das maneiras de comer, com uso do garfo e da faca; modificações na moda [...]. Os produtos ingleses, louças e porcelanas, cristais e vidros, panelas de ferro, cutelaria e uma infinidade de outros objetos conquistaram as casas brasileiras e nelas se instalaram como mercadorias de qualidade superior.
Texto 2
[Aos ingleses] deve-se a introdução do gosto pela residência em casas isoladas por jardins bem tratados, e longe do centro da cidade, frequentemente em contato direto com a natureza agreste; as transformações no interior mesmo das casas, com adoção de cômodos, novos arranjos, novos móveis e melhor higiene; o refinamento das maneiras de comer, com uso do garfo e da faca; modificações na moda [...]. Os produtos ingleses, louças e porcelanas, cristais e vidros, panelas de ferro, cutelaria e uma infinidade de outros objetos conquistaram as casas brasileiras e nelas se instalaram como mercadorias de qualidade superior.
Olga Pantaleão. A presença inglesa. In: Sérgio Buarque de Holanda, org. História geral da civilização brasileira. São Paulo: Difel, 1970. t. 2. v. 1. p. 64.
Texto 3
Ainda que os senhores pudessem desejar - e às vezes exigir - que seus escravos trabalhassem dezoito horas por dia, os cativos precisavam de um descanso. No tempo que tinham para eles mesmos, reuniam-se nas ruas e mercados do Rio e dançavam nas praças nos dias de festa religiosa. Graças à diversidade étnica da cidade, criaram uma cultura afro-carioca nova que combinava muitas tradições africanas e luso-brasileiras. [...]
Os escravos do Rio cantavam em todas as ocasiões possíveis. Os grupos de carregadores cantavam em coro em suas línguas africanas enquanto trotavam pelas ruas com volumes sobre as cabeças. Às vezes, paravam para descansar, reunindo-se em torno de um cantor principal e cantando em grupo. [...]
Apesar da perseguição da polícia, os escravos cariocas realizavam muitas danças na cidade. Três das mais significativas eram o lundu, o batuque e a capoeira. Menos comumente descritas eram a bamboula, o guachambo, a jardineira e a dança dos velhos.
[...] Trabalhando nas ruas, nas praias e nos mercados, aprenderam a proteger suas mercadorias e a si mesmos dando golpes potentes com os pés e a cabeça, acabando por estilizá-los numa forma de dança.
KARASH, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-1850. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 292, 328-329 e 331.
Texto 3
Ainda que os senhores pudessem desejar - e às vezes exigir - que seus escravos trabalhassem dezoito horas por dia, os cativos precisavam de um descanso. No tempo que tinham para eles mesmos, reuniam-se nas ruas e mercados do Rio e dançavam nas praças nos dias de festa religiosa. Graças à diversidade étnica da cidade, criaram uma cultura afro-carioca nova que combinava muitas tradições africanas e luso-brasileiras. [...]
Os escravos do Rio cantavam em todas as ocasiões possíveis. Os grupos de carregadores cantavam em coro em suas línguas africanas enquanto trotavam pelas ruas com volumes sobre as cabeças. Às vezes, paravam para descansar, reunindo-se em torno de um cantor principal e cantando em grupo. [...]
Apesar da perseguição da polícia, os escravos cariocas realizavam muitas danças na cidade. Três das mais significativas eram o lundu, o batuque e a capoeira. Menos comumente descritas eram a bamboula, o guachambo, a jardineira e a dança dos velhos.
[...] Trabalhando nas ruas, nas praias e nos mercados, aprenderam a proteger suas mercadorias e a si mesmos dando golpes potentes com os pés e a cabeça, acabando por estilizá-los numa forma de dança.
KARASH, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-1850. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 292, 328-329 e 331.
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