Trabalhos agrícolas dos servos medievais. Iluminura.
Texto 1- Os tributos anuais pagos por um camponês francês chamado Guichard - que viveu na Borgonha (atual França), não longe das propriedades do bispo de Mâcon - eram típicos desses acordos. A cada páscoa, ele dava ao cônego Étienne, seu senhor, um cordeiro; na estação do feno, devia-lhe seis peças de dinheiro. Quando chegava a época da colheita, Guichard era obrigado a dar uma medida generosa de aveia, bem como se reunir com outros camponeses para oferecer um banquete ao cônego. Na colheita da uva, Guichard pagava nova quantia em dinheiro, além de três pães e um pouco de vinho. Estava livre de obrigações durante os magros meses de inverno até o início da quaresma, quando o senhor aguardava um capão. Na metade desse período de penitência, devia mais seis peças de dinheiro, e logo depois chegava o momento de sacrificar o cordeiro da páscoa e recomeçar todo o ciclo (...)
A herdade feudal típica - a casa e as terras do senhor - era um mundo auto-suficiente. Tinha sua própria igreja, seu moinho, uma cervejaria e uma padaria centrais, possivelmente uma taverna. Os campos eram divididos entre os lotes dos camponeses e o terreno pessoal do senhor. As cabanas dos camponeses geralmente ficavam agrupadas numa aldeia próxima da fonte de água; uma grande herdade podia contar várias aldeias. O senhor tinha seu próprios celeiros e estábulos, que geralmente ficavam perto de sua moradia ou castelo; seus arrendatários dividiam amiúde suas cabanas com uma vaca ou cabra da família e, com exceção dos mais pobres, todos tinham um porco.
De uma geração para outra, o cenário rural dificilmente se alterava. O século VIII trouxera para a Europa os moinhos d'água, arados mais fundos e eficientes e o ciclo de três anos de plantações - trigo, depois aveia ou cevada, depois repouso - que alimentava homens e animais e permitia que a terra recuperasse sua fertilidade. (...) CAMPANHAS SAGRADAS: 1100-1200. Rio de Janeiro: Time-Life/Cidade Cultural, 1990. p. 31-2. (História em Revista)
Texto 2 - Pouco a pouco, durante a Idade Média, firmaram-se "diferenças sociais no comportamento alimentar; contudo elas diziam respeito mais às quantidades consumidas, que eram muito elevadas nas classes superiores, mesmo se é (sic) difícil avaliá-las em termos de pesos e calorias. O próprio fato de comer muito era visto na ética aristocrática como um sinal de distinção social, de força e de nobreza. (...)
(...) A alimentação das classes inferiores foi desde então essencialmente baseada em produtos de origem vegetal (cereais e legumes), enquanto o consumo de carne (principalmente de caça, mas também de carne fresca) tornou-se apanágio de poucos e foi sendo cada vez mais claramente visto como um sinal exterior de prestígio". MONTANARI, Massimo. Alimentação. In: LE GOFF, Jacques; SCHMIDT, Jean-Claude (Coord.) Dicionário Temático do Ocidente Medieval. Bauru: Edusc, 2002. p. 38-9.
Nenhum comentário:
Postar um comentário