Sob o reinado do rei Selêucida
Antíoco IV (175-164 a .C.),
surge na Judeia um movimento de helenização que procura dar fim à
“marginalização” dos judeus, que aplicam estritamente sua lei, a Torá. Essa
tentativa é realizada por dois grandes sacerdotes que acumulam autoridade
religiosa e responsabilidades políticas. Nomeado sumo sacerdote em 175 a .C., Jasão promulga uma
reforma fundando um ginásio em Jerusalém; visa talvez transformar a cidade em
centro urbano grego, com o nome de Antióquia.
A pouca resistência que a reforma
encontra, incita Menelau a depor Jasão em 172 a .C., para tomar seu lugar e promover um
helenismo ainda mais radical, entregando-se ao mesmo tempo a uma verdadeira
pilhagem dos recursos do Templo. Menelau provoca assim uma revolta popular,
motivada por razões religiosas, mas também pela intensidade insuportável das
cobranças fiscais. Em resposta aos motins e aos assassinatos que perturbam
Jerusalém, Antíoco IV vem restabelecer a ordem de maneira brutal: suas tropas
se entregam a verdadeiros massacres e o tesouro do templo é pilhado. Mais grave
ainda, no outono de 168 a .C.,
o rei promulga um “édito de perseguição” que proíbe toda prática do judaísmo e
institui cultos “pagãos” na Judeia: Zeus olímpico substitui assim Javé no
templo de Jerusalém.
Uma parte do povo foge então de
Jerusalém e encontra chefes militares na família dos Asmoneus, mais conhecidos
com o nome de Macabeus (do hebraico maqqaba,
“martelo”): sob a direção de Matatias, em seguida de seu filho Judas, ajudado
por seus quatro irmãos, de 167
a 165 a .C.,
um exército de 6 mil a 10 mil homens multiplica os ataques contra as tropas
selêucidas, mas também se voltam contra aqueles judeus que se submetem muito
facilmente ao édito real. A guerra dos Macabeus termina com a tomada de
Jerusalém e uma nova consagração do Templo, que é devolvido ao culto
tradicional em dezembro de 165
a .C.
Os Macabeus não dispõem, contudo,
de forças suficientes para expulsar definitivamente a guarnição da cidadela
selêucida de Jerusalém. A morte de Antíoco IV lhes permite entabular
negociações. Obtém a abolição do édito, de perseguição e a eliminação do sumo
sacerdote Menelau, mas não podem impedir a nomeação de um novo sumo sacerdote
filo-helênico. Um estado de guerra abafado se difunde então pelo país. Judas
Macabeu desaparece em 160 a .C.
e seu irmão Jônatas toma o comando das tropas dos Macabeus.
É somente em 152 a .C., favorecidos pela
crise dinástica que opõe dois candidatos selêucidas, que os Macabeus finalmente
triunfam: Jônatas é nomeado oficialmente sumo sacerdote e recebe uma série de
garantias que conduzem praticamente à instauração de um Estado judaico
independente. Mas é entre seus partidários que encontra novos adversários,
porque sua família não é habilitada para exercer o pontificado. E, enquanto se
instaura o Estado asmoneu, alguns dos mais rigorosos defensores da aplicação da
Tora, os hassidim, se exilam voluntariamente para as margens do mar Morto e ali
fundam a comunidade dos essênios.
SALLES, Catherine [dir.]. Larousse das civilizações antigas 3: das
bacanais à Ravena. São Paulo: Larousse do Brasil, 2008. p. 240.
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