A década de 1960 nos Estados Unidos foi marcada pelo Movimento dos direitos civis e pelo surgimento de grandes líderes negros que lutavam contra o racismo e a desigualdade racial, entre eles Martin Luther King e Malcom X (líder revolucionário socialista, assassinado em 1965, que defendia a luta armada para obter as reivindicações dos negros), e grupos como os Panteras Negras (Black Panthers). Foi nesse contexto que surgiu o Movimento Hip-Hop. O jamaicano Kool Herc levou uma espécie de canto-falado para os bailes da periferia de Nova York e o DJ americano Afrika Baambataa encarregou-se de expandir esse novo gênero musical. Junto com os MC's (mestres de cerimônias) e os rappers, criaram o RAP (Rythm and Poetry - Ritmo e Poesia). O Movimento Hip-Hop norte-americano é constituído por três vertentes: o RAP (música), o break (dança) e o grafite (artes plásticas), que, em conjunto, têm o objetivo de denunciar a exclusão social e destacar a história e a identidade dos negros.
O Movimento Hip-Hop chegou ao Brasil no início dos anos 1980 e sofreu a influência da cultura local. Por isso, ele acabou se diferenciando do movimento norte-americano. O RAP, por exemplo, recebeu a influência do samba e o break tem um paralelo na capoeira. O Movimento tornou-se um espaço para a formação da identidade negra, vinculado à experiência dos jovens que são marginalizados e vivem na periferia das grandes cidades, sobretudo em São Paulo.
As letras dos RAPs divulgadas por grandes artistas, como Mano Brown do grupo Racionais MC's, Rappin' Hood e MV Bill, mencionam a violência e a discriminação sofrida por negros e pobres. Mas o Hip-Hop não é apenas o RAP. Ele é um movimento social organizado. Em 1989, por exemplo, foi criado o MH2O (Movimento Hip-Hop Organizado) pelo produtor dos Racionais MC's, Milton Salles. De caráter contestatório, o Movimento Hip-Hop hoje se dedica às ações políticas, voltando-se para práticas educativas e culturais na tentativa de minimizar a segregação e promover a cidadania à população negra e pobre do Brasil. MATTOS, Regiane Augusto de. História e cultura afro-brasileira. São Paulo: Contexto, 2008. p. 202-3.
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