"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sábado, 7 de setembro de 2013

Guerra e resistência

A Segunda Guerra Mundial sujeitou grande parte da Europa e do leste da Ásia à ocupação militar estrangeira. As respostas dos povos ocupados variaram de um lugar para outro e entre as populações – algumas vezes até mesmo entre os membros da mesma família – da mesma comunidade. Nas Índias Holandesas do leste, os invasores japoneses foram inicialmente bem recebidos como libertadores do domínio colonial ocidental. Na Noruega, a maioria dos cidadãos resistiu tanto contra os nazistas quanto ao punhado de colaboradores noruegueses reunidos pelos nazistas como um governo marionete. Algumas vezes, o caminho da resistência ofereceu complicados dilemas morais. Por exemplo, aqueles que espionavam para o inimigo ou que escondiam crianças judias e outros refugiados foram, com freqüência, obrigados a agir de forma que colocava em perigo suas próprias vidas e as vidas de suas famílias, vizinhos e colegas.

Nem toda resistência ocorreu como atos individuais de consciência moral. Após a queda da França, em 1940, duas formas de oposição francesa contra os alemães surgiram. Os patriotas franceses, liderados pelo General Charles de Gaule (1890-1970), organizaram a resistência contra os alemães a partir do exterior. Dentro ou fora da França, nos territórios franceses norte-africanos, um movimento de resistência secreto, camuflado, operou com muito sucesso para esconder judeus e pilotos britânicos e norte-americanos abatidos e para ajudar alguns deles a escapar das autoridades alemãs. Muitos homens e mulheres deram sua vida à Resistência. Houve também movimentos de resistência em comunidades na Dinamarca e na Holanda. A resistência iugoslava tomou a forma de guerrilha contra as forças de ocupação alemãs e italianas, conduzidas por dois grupos: os leais à monarquia e os “partisans”, apoiados pela União Soviética e liderados por Josef Broz (1892-1980), conhecido como Tito.

Movimentos de resistência dentro da Alemanha e da Itália opuseram-se aos nazistas e aos fascistas de Mussolini. Por exemplo, Rosa Branca foi o nome de um pequeno grupo de estudantes, professores e intelectuais alemães que se opunham à guerra e distribuíam panfletos pedindo que o povo alemão resistisse aos nazistas e aos esforços de guerra. Dois estudantes e um professor da Universidade de Munique foram executados, em 1943, por conta de suas atividades com a sociedade Rosa Branca. A resistência judia foi extremamente difícil nos campos fortemente vigiados, embora tenha havido focos de protestos isolados, mas notáveis. No gueto de Varsóvia, onde milhares de judeus poloneses estavam confinados em um bairro da cidade e sujeitos ao superpovoamento e à fome, uma rebelião armada ocorreu, em 1943. Os membros da resistência não receberam qualquer apoio externo e a maioria acabou sendo morta pelos nazistas.

Soldados alemães prendem judeus durante a revolta do Gueto de Varsóvia, maio de 1943

É difícil encontrar a documentação da resistência de grande escala contra o governo nazista na sociedade alemã. Um exemplo de resistência massiva das mulheres alemãs ocorreu em 1943, quando cerca de 600 mulheres desarmadas marcharam até um prédio próximo ao quartel general da Gestapo, em Berlim, exigindo que fossem libertados os prisioneiros recolhidos como resultado das leis que restringiam o casamento entre judeus e não judeus. As mulheres manifestantes tiveram sucesso em assegurar a libertação daqueles acusados; suas ações salvaram as vidas de muitos alemães.


GOUCHER, Candice; WALTON, Linda. História mundial: jornadas do passado ao presente. Porto Alegre: Penso, 2011. p. 353-354.

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