Cena do filme "A Guerra do Fogo" [Diretor: Jean-Jacques Annaud, produção franco-canadense de 1981, 97 minutos]
Um dos raros filmes sobre a pré-história. Como o diretor se preocupou com a veracidade das informações, o filme permite discutir uma série de temas importantes. Um deles são as condições de sobrevivência do homem pré-histórico. Nesse aspecto o filme é muito violento: ameaças constantes representadas pelos animais, por outros grupos humanos, pelo frio e pela fome.
Outra discussão importante suscitada pelo filme é a da diversidade cultural e física entre os grupos humanos retratados. Um dos grupos envolvidos na luta pela posse do fogo é muito semelhante fisicamente ao homem atual, enquanto o outro tem o corpo coberto de pêlos. Neste aspecto o filme se mostra atualizado com as pesquisas científicas, que descartaram a ideia de uma evolução linear que iria do macaco ao homem. Hoje sabemos que, por exemplo, o Homo sapiens foi contemporâneo, por milênios, do Homo neanderthalensis.
As diferenças culturais são ainda mais evidentes: aparecem os que não possuem armas, outros com bordunas e um terceiro grupo que conhece o arco e a flecha. Uns moram em cavernas, outros já constroem as suas próprias habitações.
Outro aspecto importante do filme é o das trocas culturais entre grupos diferentes, mostrando que essas relações não precisam ser necessariamente marcadas pela violência. O fogo, objeto de disputa entre eles, exemplifica bem essa troca. Simbolicamente, é uma mulher que ensina ao homem de outro grupo como acender o fogo, quando ele se apagou. É a mulher que está sempre rindo no filme, parecendo indicar que as relações humanas são marcadas também pela cooperação e pela afetividade.
PEDRO, Antonio et alli. História do mundo ocidental. São Paulo: FTD, 2005. p. 15.
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