"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

História oficial, história popular

Segunda Classe, Tarsila do Amaral

"Ser membro da comunidade humana é situar-se com relação a seu passado." 
(Eric Hobsbawn)

O que você aprendeu da nossa História?
Que livros de História pôde ler?
Qualquer que seja sua resposta, provavelmente aprendeu uma história de dominação.
E o que é uma história de dominação?

É aquela que está a serviço das classes dominantes. É uma verdadeira História Oficial. É a História dos vencedores e não dos vencidos. É a que exalta generais e presidentes e em que se destaca que os que se revoltam são enforcados ou fuzilados. É aquela que prega uma ordem contra a qual os que se opõem são chamados de subversivos, de comunistas, de desordeiros, de fanáticos, de bandidos e de outros nomes mentirosos e cheios de desprezo!

A luta dos excluídos da História Oficial, dos sem-terra, dos sem-teto, dos sem-emprego é transformada em ameaça à ordem! Ordem que somente beneficia as classes dominantes: os com-terra, com-teto, com-dinheiro, com-tudo!

O excluído lutador, que não se submete à exploração e à violência dos com-tudo, é transformado em inimigo do progresso e do Brasil.

Que progresso é esse em que uma minoria e os gringos ficam cada vez mais ricos? Que progresso é esse em que a maioria de brasileiros está cada vez mais pobre?

O Brasil que desejamos é de todos nós! Não o que existe, onde poucos têm tudo e a maioria pouco ou nada possui!

O excluído que resiste a trabalhar para encher os bolsos alheios é apresentado como vagabundo, irresponsável e malandro.

É preciso ousar lutar, para ousar vencer!

Quem assim falou foi Carlos Lamarca, capitão do Exército que pegou em armas contra a ditadura militar imposta aos brasileiros (1964-1985). Lamarca era filho de sapateiro. Nasceu em um bairro pobre da zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Tinha quase 34 anos quando foi assassinado no interior da Bahia.

Foi mais um exemplo de como tem sido a repressão contra os brasileiros que lutam por uma sociedade solidária, justa, democrática e verdadeiramente humana.

[...] 

Na realidade, a luta dos indígenas, dos negros, dos brancos, dos excluídos da História, dos chamados de vagabundos, tem sido uma constante na sociedade brasileira.

AQUINO, Rubim Santos Leão de et alli. Brasil, uma história popular. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 17-18.

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