"[...] foste cheia de bens e te glorificaste muito no
meio dos mares."
(Ezequiel, 27, 25)
(Ezequiel, 27, 25)
"Pela extensão da tua sabedoria, pelo comércio
aumentasse o teu poder, e elevasse o teu coração por causa do teu poder."
(Ezequiel, 28, 5)
Relevo fenício
Na Fenícia, não havia um Estado unificado. Cada cidade
(Biblos, Ugarit, Sidon, Tiro) formava um Estado independente. Os regimes
políticos variaram conforme as épocas e os lugares. Assim, encontramos cidades
ora organizadas como monarquias hereditárias, ora como repúblicas
plutocráticas. No caso das monarquias hereditárias, à frente do Estado havia um
Rei, com poderes despóticos ou militados. Nas repúblicas plutocráticas, o
governo era exercido por um Conselho de Anciãos ou Juízes (Sufetas), geralmente
integrado pelos comerciantes ricos. De qualquer modo, em todas as cidades-Estados
fenícias predominava socialmente uma oligarquia mercantil, formada pelos
grandes comerciantes e armadores (proprietários de navios), que governava as
cidades. Os sacerdotes também desfrutavam de grande poder e prestígio,
recebendo os templos grandes doações. Os setores mercantil e sacerdotal da
classe dominante predominavam sobre a massa urbana e camponesa e os escravos.
A História política da Fenícia é, na verdade, a história das
suas cidades-Estados. De acordo com a importância comercial, em dado momento
histórico, uma das cidades se projetava e predominava sobre as outras. O
período de florescimento das cidades fenícias estendeu-se do século XII ao VIII
a.C. A História política dos fenícios resumiu-se, sucessivamente, na hegemonia
de Biblos, Ugarit, Sidon e Tiro.
Na Fenícia, não havia grandes rios e planícies aluvionais,
como no Egito e na Mesopotâmia. Assim, desde cedo, a principal atividade
econômica dos fenícios foi a pesca. Ao mesmo tempo, desenvolveu-se a construção
de barcos. O artesanato concentrou-se nas cidades, praticado por artesãos
especializados. Os fenícios destacaram-se na produção de tecidos (especialmente
o de púrpura, obtido graças ao tingimento com uma substância de cor avermelhada
extraída de um molusco - o múrex), armas, jóias, vasilhas, vidros transparentes
etc. A necessidade de buscar matérias-primas (ouro, prata, marfim etc.) e de
vender a sua produção artesanal cedo obrigaram os fenícios a aperfeiçoarem a
construção naval e a desenvolverem um intenso comércio nas costas do Mediterrâneo.
O transporte marítimo foi o principal meio de comunicação entre as cidades
fenícias e o exterior, dada a dificuldade de comunicações pelo interior, onde
predominavam as regiões montanhosas. Assim, em épocas remotas já havia um
intercâmbio regular entre a cidade de Biblos e o Egito: troca de madeira de
construção (cedro) por papiro.
Aos poucos, o comércio marítimo foi-se transformando na
principal atividade econômica dos fenícios. Os mercadores fenícios exportavam pescado,
vinho, azeite, madeira e a produção artesanal - tecidos, jóias, vasilhas etc.
Além dessas mercadorias, os fenícios também negociavam escravos adquiridos nos
países com que mantinham relações de intercâmbio.
Com o desenvolvimento da navegação e do comércio, os
fenícios estenderam as suas rotas comerciais por todo o Mediterrâneo,
estabelecendo feitorias, colônias ou obtendo concessões comerciais
(estabelecendo-se em bairros nas cidades importantes) - um dos principais
apoios da sua atividade comercial; ocuparam os litorais do Norte da África
(Cartago), do Sul da França, do Sudoeste da Espanha (Cádiz) e ilhas do
Mediterrâneo (Chipre). Nesses portos, os fenícios carregavam as suas
embarcações com produtos exóticos (perfume, vasos), matérias-primas, escravos
etc., e descarregavam a sua produção artesanal, a madeira, o vinho, o azeite
etc.
A respeito das embarcações fenícias, podemos dizer que
"primitivamente os barcos mercantes eram, ao mesmo tempo, barcos de
guerra; mais tarde, foram construídos [...] navios de guerra mais longos,
estreitos e rápidos, providos de remos, com reforçada proa para cravar com
força o esporão de bronze (rostrum) no costado do navio inimigo e retirá-lo
rapidamente a fim de que a água penetrasse pela abertura [...]." (WEISS,
J. B. História Universal. Barcelona: Tipografia de la Educación, s/d, v. I, p.
813.)
As colônias fenícias estenderam-se por todo o Mediterrâneo,
rivalizando em importância com as colônias gregas. A partir do século VIII
a.C., entretanto, a expansão comercial grega suplantou o ativo intercâmbio dos
fenícios no Mediterrâneo, contribuindo para o declínio das cidades-Estados
fenícias.
AQUINO, Rubim Santos Leão de et alli. História das
sociedades: das comunidades primitivas às sociedades medievais. Rio de Janeiro:
Imperial Novo Milênio, 2008. p. 185-187.
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