O aparecimento e expansão da Rússia no mundo europeu é um dos fatos fundamentais da história ocidental, no século XVIII. A Rússia tinha sido, até então, quase inteiramente asiática - um Estado oriental, expandindo-se pelo Oriente. Em duas etapas ela se torna uma potência europeia: primeiro com Pedro o Grande e, depois, com Catarina II.
Pedro o Grande. Pertencente à dinastia dos Romanof, que dominava a Rússia desde 1613, Pedro o Grande reinou durante 36 anos (1689-1725). os amigos europeus dos seus tempos de moço determinaram-lhe o rumo dos ideais e das realizações.
Depois de subir ao trono, propôs-se a:
1) Modificar a situação interna: "europeizar" (ou "ocidentalizar") seus súditos.
2) Modificar a situação externa: obter "portos quentes" e estabelecer comunicações livres com a Europa ocidental.
* Realizações internas. Pedro o Grande fez, previamente, uma viagem de estudos pela Europa (1697). Esteve na Holanda onde, como simples operário, trabalhou em estaleiros, estudando as técnicas de construção de navios. Ao seu regresso começou a enorme tarefa. Eis as realizações mais importantes:
1) Modificou os costumes:
- combateu as barbas e cabelos compridos;
combateu as roupas tradicionais, compridas, e propagou o estilo europeu de trajar;
- proibiu a reclusão oriental das mulheres.
2) Fundou escolas e academias.
3) Estimulou a agricultura, a mineração, a indústria e o comércio. Organizou centenas de fábricas. Abriu canais e construiu um grande número de estradas.
4) Organizou a administração oficial.
5) Reorganizou o exército à moda europeia, com grande disciplina; montou estaleiros e criou uma forte esquadra.
6) Submeteu a Igreja ortodoxa russa ao seu domínio pessoal, substituindo o patriarca por um Santo Sínodo.
7) Assegurou seu poder absoluto, abolindo todo traço de autonomia local.
8) Fundou uma nova capital, São Petersburgo (1703), em lugar da velha capital (Moscou).
* Política externa. Fracassou na luta contra a Turquia, mas venceu a Suécia (Poltava, 1709) e conquistou as províncias bálticas. (A paz com a Suécia só foi assinada em 1721).
* Resultados. Para uns, só a ação política foi profunda. A ação civilizadora teria sido superficial. As aparências tinham mudado, mas "o intelecto, os sentimentos e o caráter da nação eram os mesmos."
Para outros "o bem que fez foi, porém, grandemente ultrapassado pelas suas guerras perdulárias e pela crueldade diabólica."
Catarina II. Princesa alemã, inteligente e culta, enérgica e ambiciosa, casou-se com Pedro III (neto de Pedro o Grande), a quem mandou assassinar. Catarina II reinou durante 33 anos (1762-1796). Amiga de Voltaire e Diderot, e de muitos outros sábios e filósofos, foi um dos mais louvados expoentes do despotismo esclarecido.
"Entre as modernas mulheres-momento, é provavelmente Catarina II, aquela 'imperatriz russa de sangue germânico e cultura francesa', a de maior destaque. É difícil avaliar sua influência, visto que ela foi contemporânea de homens-momento também reinantes, como Frederico II, e porque o vagalhão da revolução burguesa tinha já começado no Oeste.
No seu reinado a Rússia expandiu enormemente suas fronteiras. Ela anexou uma de quase 625.000 quilômetros quadrados aos domínios russos. Ao mesmo tempo, a despeito de suas ideias esclarecidas, Catarina fixou mais seguramente as cadeias de servidão das massas russas e retardou o desenvolvimento de forças sociais progressistas por gerações. Com grande sagacidade política, ela secularizou a propriedade religiosa e amarrou a Igreja à coroa tão firmemente que, daí por diante, ela [a Igreja] se tornou primordialmente um instrumento do governo dinástico". (Sidney Hook, O herói na História).
* Política interna. Melhorou a administração pública. Fundou hospitais e orfanatos. Protegeu as letras e as artes. Aboliu a tortura e a pena de morte. Atraiu imigrantes estrangeiros (sobretudo alemães), para colonizarem as regiões meridionais da Rússia (Ucrânia). Mas foi despótica, cruel e duma absoluta falta de escrúpulos.
* Política externa. Catarina II acumpliciou-se com a Áustria (Maria Teresa) e a Prússia (Frederico II), a fim de liquidarem a Polônia. A Polônia foi desmembrada 3 vezes (1772, 1793 e 1795) e seus territórios foram repartidos entre as potências da "tríplice aliança" - Rússia, Áustria e Prússia.
Catarina II lutou, também, contra os turcos. Venceu-os e conquistou as margens setentrionais do Mar Negro. As cláusulas do tratado de paz (Caimárdji, 1774) permitiram aos russos intervir com frequência nos assuntos turcos e foi a origem da imensa influência que a Rússia exerceu, no século XIX, nos Balcás.
BECKER, Idel. Pequena história da civilização ocidental. São Paulo: Nacional, 1974. p. 410-412.
Pedro o Grande, Paul Delaroche
Pedro o Grande. Pertencente à dinastia dos Romanof, que dominava a Rússia desde 1613, Pedro o Grande reinou durante 36 anos (1689-1725). os amigos europeus dos seus tempos de moço determinaram-lhe o rumo dos ideais e das realizações.
Depois de subir ao trono, propôs-se a:
1) Modificar a situação interna: "europeizar" (ou "ocidentalizar") seus súditos.
2) Modificar a situação externa: obter "portos quentes" e estabelecer comunicações livres com a Europa ocidental.
* Realizações internas. Pedro o Grande fez, previamente, uma viagem de estudos pela Europa (1697). Esteve na Holanda onde, como simples operário, trabalhou em estaleiros, estudando as técnicas de construção de navios. Ao seu regresso começou a enorme tarefa. Eis as realizações mais importantes:
1) Modificou os costumes:
- combateu as barbas e cabelos compridos;
combateu as roupas tradicionais, compridas, e propagou o estilo europeu de trajar;
- proibiu a reclusão oriental das mulheres.
2) Fundou escolas e academias.
3) Estimulou a agricultura, a mineração, a indústria e o comércio. Organizou centenas de fábricas. Abriu canais e construiu um grande número de estradas.
4) Organizou a administração oficial.
5) Reorganizou o exército à moda europeia, com grande disciplina; montou estaleiros e criou uma forte esquadra.
6) Submeteu a Igreja ortodoxa russa ao seu domínio pessoal, substituindo o patriarca por um Santo Sínodo.
7) Assegurou seu poder absoluto, abolindo todo traço de autonomia local.
8) Fundou uma nova capital, São Petersburgo (1703), em lugar da velha capital (Moscou).
* Política externa. Fracassou na luta contra a Turquia, mas venceu a Suécia (Poltava, 1709) e conquistou as províncias bálticas. (A paz com a Suécia só foi assinada em 1721).
* Resultados. Para uns, só a ação política foi profunda. A ação civilizadora teria sido superficial. As aparências tinham mudado, mas "o intelecto, os sentimentos e o caráter da nação eram os mesmos."
Para outros "o bem que fez foi, porém, grandemente ultrapassado pelas suas guerras perdulárias e pela crueldade diabólica."
Retrato de Catarina II da Rússia, Fiodor Rokotov
Catarina II. Princesa alemã, inteligente e culta, enérgica e ambiciosa, casou-se com Pedro III (neto de Pedro o Grande), a quem mandou assassinar. Catarina II reinou durante 33 anos (1762-1796). Amiga de Voltaire e Diderot, e de muitos outros sábios e filósofos, foi um dos mais louvados expoentes do despotismo esclarecido.
"Entre as modernas mulheres-momento, é provavelmente Catarina II, aquela 'imperatriz russa de sangue germânico e cultura francesa', a de maior destaque. É difícil avaliar sua influência, visto que ela foi contemporânea de homens-momento também reinantes, como Frederico II, e porque o vagalhão da revolução burguesa tinha já começado no Oeste.
No seu reinado a Rússia expandiu enormemente suas fronteiras. Ela anexou uma de quase 625.000 quilômetros quadrados aos domínios russos. Ao mesmo tempo, a despeito de suas ideias esclarecidas, Catarina fixou mais seguramente as cadeias de servidão das massas russas e retardou o desenvolvimento de forças sociais progressistas por gerações. Com grande sagacidade política, ela secularizou a propriedade religiosa e amarrou a Igreja à coroa tão firmemente que, daí por diante, ela [a Igreja] se tornou primordialmente um instrumento do governo dinástico". (Sidney Hook, O herói na História).
* Política interna. Melhorou a administração pública. Fundou hospitais e orfanatos. Protegeu as letras e as artes. Aboliu a tortura e a pena de morte. Atraiu imigrantes estrangeiros (sobretudo alemães), para colonizarem as regiões meridionais da Rússia (Ucrânia). Mas foi despótica, cruel e duma absoluta falta de escrúpulos.
* Política externa. Catarina II acumpliciou-se com a Áustria (Maria Teresa) e a Prússia (Frederico II), a fim de liquidarem a Polônia. A Polônia foi desmembrada 3 vezes (1772, 1793 e 1795) e seus territórios foram repartidos entre as potências da "tríplice aliança" - Rússia, Áustria e Prússia.
Catarina II lutou, também, contra os turcos. Venceu-os e conquistou as margens setentrionais do Mar Negro. As cláusulas do tratado de paz (Caimárdji, 1774) permitiram aos russos intervir com frequência nos assuntos turcos e foi a origem da imensa influência que a Rússia exerceu, no século XIX, nos Balcás.
BECKER, Idel. Pequena história da civilização ocidental. São Paulo: Nacional, 1974. p. 410-412.
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