"Por milênios o homem foi caçador. Durante inúmeras perseguições, ele aprendeu a reconstruir as formas e movimentos das presas invisíveis pelas pegadas na lama, ramos quebrados, bolotas de esterco, tufos de pelos, plumas emaranhadas, odores estagnados. Aprendeu a farejar, registrar, interpretar e classificar pistas infinitesimais como fios de barba. Aprendeu a fazer operações complexas com rapidez fulminante, no interior de um denso bosque ou numa clareira cheia de ciladas." (GINSBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 151.)
Pintura rupestre do povo Sam, África do Sul
"A linguagem da arte é poderosa para as pessoas que a compreendem, e intrigante para quem não a compreende. O que sabemos é que aqui estava a mente moderna em funcionamento, gerando simbolismos e abstrações de um modo que somente o Homo sapiens é capaz de fazê-lo."
(Richard Leakey, paleontólogo)
1. Pré-história: crítica ao termo. Tradicionalmente, costuma-se dividir o processo histórico em Pré-história e História, sendo a utilização da escrita o fato que distingue uma sociedade pré-histórica ou "primitiva" de outra sociedade histórica ou "civilizada".
O estudo da Pré-história trata de aspectos da vida de povos que não tiveram escrita. Alcança um período cerca de cem vezes maior do que o abrangido pela História escrita. Os mais antigos documentos escritos do Egito ou da Mesopotâmia datam aproximadamente de 5000 anos e sabe-se hoje que os primeiros grupos humanos surgiram há mais de 600 ou 500 mil anos! Portanto, tal divisão da História limita o seu próprio campo.
As escritas constituíram-se quando apareceram os primeiros instrumentos de metal e já se encontravam bem desenvolvidas quando surgiram os instrumentos de bronze e se iniciou a vida urbana. Assim, o aparecimento da escrita pressupõe um determinado desenvolvimento das forças produtivas e da capacidade mental dos homens. Mas qual terá sido o benefício social para a massa de um povo, para a classe trabalhadora dessas sociedades onde se elaboraram sistemas gráficos? Essa grande transformação cultural foi aproveitada pela sociedade como um todo? De modo algum. Durante vários milênios, a escrita e também o metal foram privilégios apenas de uma parcela da população. A massa das sociedades permaneceu iletrada até pelo menos a Revolução Industrial dos séculos XVIII/XIX. Assim, na verdade, a cultura "Pré-histórica" coexiste com as chamadas "civilizações". Mas nem por isso se poderá dizer que as sociedades da Idade Média, por exemplo, viviam na Pré-história!
Himbas, Namíbia.
Foto: Rosier
Uma outra descoberta, por certo, foi muito mais revolucionária e muito mais significativa do que a invenção da escrita: o controle do fogo. (AQUINO, Rubim Santos Leão de et al. História das sociedades: das comunidades primitivas às sociedades medievais. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2008. p. 100-101.)
2. Estudo da Pré-história. A base para os estudos pré-históricos são as escavações em sítios arqueológicos, que trazem à luz um número cada vez maior de fósseis (literalmente, tirados da terra): resíduos de seres vivos - plantas, animais, ossos etc. - petrificados ou endurecidos, depois de permanecerem por longo tempo soterrados entre as camadas de rochas. Nos sítios, é recolhido também todo e qualquer objeto produzido ou utilizado pelos seres humanos, além da investigação de registros por eles deixados, como pinturas em rochas.
Para esse estudo concorrem diversas ciências voltadas para o conhecimento histórico propriamente dito: arqueologia, antropologia, paleontologia. Além dessas, o estudo de vestígios e registros pré-históricos vale-se de pesquisas de outras áreas e de técnicas ligadas à investigação da constituição física da Terra e ao conhecimento dos seres vivos, como geologia, geografia e biologia.
Uma das principais contribuições para os estudos da Pré-história vem da química e da radiologia, que possibilitam, por meio de medições dos isótopos radioativos de certos elementos químicos (como o carbono 14), datações cada vez mais precisas dos objetos e vestígios humanos antigos.
Outro recurso empregado pelos estudiosos do passado remoto da humanidade é o da etnologia comparada, que permite estabelecer hipóteses, e mesmo algumas interpretações, a partir do conhecimento sobre os atuais povos iletrados. (NEVES, Joana. História Geral - A construção de um mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 24-25.)
3. Passado presente. Numerosos povos de caçadores atingiram o século XIX e início do século XX, tempo suficiente para serem estudados por etnólogos e antropólogos físicos e sociais. Hoje, as atividades de caça e coleta são representadas pelos bosquímanos, esquimós e aborígenes australianos. Eles abrangem apenas algumas centenas de milhares do total da população mundial, mas fornecem uma possibilidade valiosa e única de compreensão das atividades primitivas humanas.
Senhoras Himba, Opuwo, Namíbia.
Foto: Hans Hillewaert
Estudos recentes revelam estreito relacionamento entre povos caçadores e seu ambiente natural, relativa simplicidade da cultura material (apenas 94 artefatos existem entre os bosquímanos kung), ausência de acúmulo de riqueza individual [...].
As unidades sociais, bandos ou hordas, são pequenas: grupos de familiares e poucos amigos que podem viver e trabalhar em conjunto. Estudos recentes contradizem a visão tradicional da vida de caça como grosseira, embrutecedora e curta, e como uma luta constante contra o ambiente hostil. Com efeito, as exigências de subsistência dos bosquímanos são satisfeitas por um pequeno esforço - talvez até de dois ou três dias de trabalho por semana, para cada adulto; não precisam se empenhar por recursos de alimentação; suas atitudes em relação à propriedade são flexíveis e seus grupos admitem recém-chegados de outros grupos. [...]
Há evidências de que a expectativa de vida nas comunidades de caça e coleta não é necessariamente curta. Doenças infecciosas são raras, já que as pessoas se estendem por diversas terras, tornando mais difícil o contágio entre grupos [...]. (BARRACLOUGH, Geoffrey (coord.). Atlas da história do mundo. São Paulo: Folha de S. Paulo/Times Books, 1985. p. 35)
4. O início da vida na Terra. De acordo com os
geólogos, a Terra teria tido origem, há cerca de 4 a 5 bilhões de anos, de uma
bola incandescente de vapores e gases. De seu resfriamento progressivo
formaram-se a atmosfera e a crosta terrestre.
A crosta terrestre chegou a seu
aspecto atual no decurso de numerosas transformações que se processaram através
de bilhões de anos. Essas transformações foram classificadas pelos cientistas
em várias eras, acompanhando a formação física da Terra e o aparecimento da
vida vegetal e animal.
* Azóica (sem vida). Formação das rochas ígneas (formadas pelo fogo) e de uma atmosfera carregada de gases.
* Azóica (sem vida). Formação das rochas ígneas (formadas pelo fogo) e de uma atmosfera carregada de gases.
* Arqueozóica (vida arcaica). Primeiras chuvas. Formação de
oceanos, numerosos vulcões, altíssimas montanhas. Surgiram as primeiras formas
de vida, seres unicelulares, algas marinhas.
* Proterozóica (vida elementar). Formação de rochas
sedimentares. Aparecimento de esponjas, corais, primeiras plantas com raízes.
* Paleozóica (vida antiga). Surgiram enormes extensões
cobertas por samambaias gigantescas; sua decomposição determinou a formação de
grandes jazidas de hulha (carvão mineral). Essa era é também chamada primária,
pois nela se iniciou a evolução da espécie animal, - moluscos, peixes,
anfíbios, insetos, - favorecida por um clima quente e úmido.
* Mesozóica (vida média) ou secundária. Era de grandes
erupções vulcânicas modificando o aspecto da crosta terrestre, levantando
algumas das mais altas cadeias de montanhas da atualidade: Himalaia (Ásia),
Andes (América do Sul), Rochosas (América do Norte). Evoluíram formas mais
complexas de vida: répteis, aves, primeiros mamíferos.
* Cenozóica (vida recente) ou terciária. Nessa era ocorreu
grande queda de temperatura, determinando a formação de colossais massas de
gelo nos pólos. No hemisfério norte essas glaciações avançaram sobre grande
parte da Europa, América e Ásia. Multiplicaram-se os mamíferos, surgindo os
chamados primatas, dos quais, na era seguinte, evoluiria o homem.
* Neozóica (vida nova) ou quaternária. Nesta era
alternaram-se períodos de glaciações com períodos de intenso calor.
Desapareceram certos animais (o mamute, por exemplo), que conhecemos apenas
pelos fósseis (restos petrificados de bichos e plantas) encontrados nas
diferentes camadas de rochas do nosso planeta; outros animais (rena, alce,
bisão) fixaram-se em regiões junto às zonas árticas. Quando cessaram as
glaciações o homem já havia surgido e continentes e oceanos já haviam adquirido
sua forma atual.
"O aparecimento do Homem sobre a terra é indicado pelos instrumentos que ele faz".
(Gordon Childe, arqueólogo)
* Zinantropo e Australopiteco, descobertos, pela primeira
vez, no século XX, na África. Existiram há cerca de 1,5 milhões de anos e foram
considerados muito próximos dos macacos.
* Homem de Java, aí descobertos, pela primeira vez, no fim
do século XIX. Existiu de 500000
a 2000000
a .C. e foi considerado o primeiro tipo de homem;
conhecido por Pithecanthropus erectus (homem-macaco de pé).
* Homem de Pequim, aí descoberto, pela primeira vez, no
princípio do século XX. Foi contemporâneo dos últimos pitecantropos.
* Homem de Neandertal, descoberto, pela primeira vez, na
Alemanha, em meados do século XIX. Existiu de 200000 a 50000 a .C.
Representação moderna de família de Neandertais.
Os Neandertais viveram em áreas do norte e oeste da Eurásia
na última Idade do Gelo. Os Neandertais eram caçadores-coletores. Criaram armas
e ferramentas de pedra. O mamute-lanoso, o veado com chifres de Bush e o gato
de dentes de Sabre são os animais extintos da época do Pleistoceno. O cavalo da
Eurásia, o Orix, o Lemming em faixas e o boi-almiscarado são animais que ainda
existem. Ilustração: Randii Oliver
* Homem de Cro-Magnon, ou homo sapiens, isto é, homem que
raciocina. Descoberto na França, em meados do século XIX, é o antepassado do
homem atual.
Além dos restos
humanos ainda foram encontrados, nas várias camadas da Terra, utensílios e
armas usados pelos homens primitivos, permitindo-nos reconstituir pelo menos em
parte o tipo de vida que levaram e acompanhar sua evolução. Conforme as
técnicas que o homem foi inventando para viver e sobreviver em seu ambiente, e
dele tirar proveito, dividiram-se os longos tempos de sua Pré-história em três
períodos: Paleolítico, Neolítico e Idade dos metais.
Neandertais Moustier, Charles R. Knight
6. Os grandes períodos da Pré-história. É provável que os
primeiros homens se tenham servido de galhos de árvores e pedaços de pau a fim
de desenterrar raízes, derrubar frutos, fisgar peixes, matar animais e para se
defender. Nada, porém, restou desses instrumentos que o tempo se encarregou de
destruir. Os instrumentos mais antigos encontrados em escavações são de pedra,
de chifre ou de marfim. Como os objetos de pedra são mais numerosos, chamou-se
ao primeiro período da Pré-história de Idade da pedra. E como os diferentes
tipos de armas e utensílios eram alguns mais toscos, outros mais aperfeiçoados,
dividiu-se a Idade da pedra em pedra lascada, ou Paleolítico, e pedra polida,
ou Neolítico. Quando os homens descobriram como fazer uso dos metais teve início
a Idade dos metais; e quando, por volta de 3000 a .C., o homem inventou
a escrita, podendo assim registrar fatos significativos de sua existência, usos
e costumes, teve início a História.
* Paleolítico. Durou desde o aparecimento do Pitecantropo -
cerca de 600000 a .C.
- até aproximadamente 10000
a .C., quando já aparecera o homem de Cro-Magnon, o homo
sapiens.
No começo os
homens eram nômades, vivendo em busca do alimento pela coleta de frutos, ervas
e raízes, comendo insetos, peixes e pequenos animais, às vezes capturados em
armadilhas rudimentares. Aos poucos aprenderam a fabricar instrumentos de
pedra, sobretudo de sílex, lascando-os com outra pedra. Com os primeiros
instrumentos, espécie de machados, puderam caçar animais maiores, atirando sua arma
à distância, e foram fazendo novos instrumentos, de acordo com a necessidade:
lanças, arpões, anzóis e, mais tarde, agulhas de osso, arcos e flechas. Com o
aperfeiçoamento das armas os homens dedicaram-se à caça, e a coleta ficou a
cargo das mulheres, das crianças e dos velhos. As peles dos animais mortos
serviam de roupa e eram costurados com fios obtidos dos tendões da caça
abatida.
Bisão, Loius Agassiz Fuertes
Conforme as
regiões habitadas abrigavam-se em cavernas ou em choupanas feitas de galhos,
cobertas de folhas. Aos poucos perderam o medo do fogo provocado na natureza
por combustão espontânea ou por raios, descobriram sua utilidade e aprenderam a
acendê-lo. Passaram a assar a carne e a cozinhar vegetais em sacos de pele.
Junto ao fogo se reuniam, descansavam e se protegiam do frio e dos ataques de
animais ferozes.
Diálogo de gerações - o elo constante da civilização.
As experiências vividas sempre são úteis aos novos projetos. Os mais velhos abrem frentes de meditação e explicação, sejam no campo dos bens materiais, sejam nas questões do espírito.
* Neolítico. Estende-se de cerca de 10000 até
aproximadamente 4000 a .C.;
denomina-se também Idade da pedra polida, pois nessa fase os homens aprimoraram
os instrumentos de pedra, polindo-os e tornando-os também mais afiados. Fizeram
muitos novos utensílios, tais como facas, foices, enxadas e vasilhas para
guardar ou cozinhar alimentos. O homem descobriu como utilizar a argila (fim do
sexto milênio a.C.), modelando recipientes que eram depois cozidos ao fogo para
adquirir resistência; descobriu como tecer fibras vegetais e pelos de animais
para fazer roupas mais práticas e adequadas a vários climas, a trançar cestos e
balaios, a construir barcos e jangadas escavando ou unindo troncos de árvores.
Instrumentos de trabalho do período Neolítico
Entretanto, a
realização mais importante, mais significativa, do homem do Neolítico foi ter
dado início à agricultura (ca. 8000
a .C.). As primeiras formas de agricultura
desenvolveram-se na Ásia Menor (Mesopotâmia), onde tamareiras, oliveiras,
figueiras, macieiras e outras plantas cresciam espontaneamente em grande
quantidade.
Observando o
ciclo de crescimento das plantas aprendeu a cultivar para produzir e colher
cereais, frutos e legumes. Deixou, pois, de ser apenas coletor e caçador e,
como agricultor, fixou-se ao solo, tornando-se sedentário. Passou a viver em
moradias de pedra, barro, tijolos ou madeira, muitas vezes sobre palafitas, à
beira de lagos, agrupadas em núcleos cada vez maiores que formaram as primeiras
aldeias, reunidos em tribos - grupos de famílias unidas pelos mesmos interesses
e mesmos laços de sangue.
Capturando
animais selvagens, para tê-los como reserva alimentícia, aprendeu a
domesticá-los e a aproveitar-se do que eles ofereciam, como leite e lã. No fim
do Neolítico o homem já havia domesticado o cachorro, o carneiro, a cabra, o
boi, o porco, o cavalo e outros animais, segundo as regiões do globo que
habitavam. Assim, além de agricultor, tornou-se também criador e desenvolveu o
pastoreio.
O Neolítico
assinalou grandes modificações na vida dos homens: agricultura e criação
permitiram-lhes divisão de trabalho, cooperação entre grupos, uma existência
mais organizada, contar com reservas de alimentos e iniciar um tipo primitivo
de comércio, baseado em trocas, desenvolver o sentido de propriedade (terras,
produtos, animais).
Das regiões da
Ásia, onde, nesse período, houve grande aumento de população, a agricultura se
irradiou gradativamente em direção à Europa, com migrações de numerosos grupos
em busca de novas terras.
* Idade dos metais.
Assim como o homem descobriu, pela observação e o raciocínio, como
aproveitar e trabalhar as pedras, pedaços de ossos, chifres de animais e
madeira, da mesma forma aprendeu a trabalhar os metais que encontrou no solo. O
primeiro metal utilizado foi o cobre (no VI milênio a.C.), de início martelado
a frio, depois fundido ao fogo e moldado em forma de barro ou de pedra, para
feitura de ornamentos e lâminas de facas. Sendo um metal mole, o cobre não
substituiu totalmente a pedra, que continuou sendo usada para instrumentos ou
armas que exigiam grande resistência. Mais tarde o homem descobriu a liga do
cobre com o estanho, obtendo assim o bronze, metal mais duro, que foi
largamente empregado na fabricação de lanças, espadas, capacetes e objetos de
adorno. Descobrindo como utilizar o metal, o homem, além de agricultor, pastor
e criador, tornou-se também artesão. Esse novo tipo de atividade exigiu nova
divisão de trabalho entre os membros das tribos, uma organização social mais
complexa. Nasceram, assim, os primeiros pequenos núcleos urbanos que puderam
atender às necessidades de uma população em aumento, desenvolver o comércio de
matérias-primas e objetos de artesanato, oferecer serviços coletivos - tais
como distribuição de água e de cereais - providenciar a construção de
fortificações, templos, edifícios públicos.
Com a Idade dos
metais deu-se a passagem da Pré-história à História. Através de cerca de 1
milhão de anos o homem evoluiu física e mentalmente, graças à inteligência que
lhe permitiu dominar a natureza, passo a passo. Essa evolução, entretanto, não
ocorreu ao mesmo tempo no mundo todo. Houve um grande desnível entre os
períodos pré-históricos no Oriente e no Ocidente. Também a entrada dos homens
na História deu-se em épocas diversas: enquanto a Europa ainda se encontrava na
Pré-história, no Oriente já haviam surgido civilizações, precursoras da
civilização ocidental.
* Os paleoíndios no continente americano. "Escavações feitas numa caverna com as paredes pintadas, próximo a Monte Alegre, na margem norte do Amazonas, trouxeram à tona descobertas tão importantes (...) que valeram a seus autores a capa da respeitada revista norte-americana Science. Foram encontrados lascas de pontas de lança e de outras ferramentas, carvão de acampamentos humanos e restos de alimentos, como frutas e animais, além de pedras pintadas que atestam a presença de culturas indígenas no local durante 1 200 anos, a partir de 11 mil anos atrás, mesma época dos primeiros vestígios humanos na América do Norte". (Trecho do artigo de Martha San Juan França publicado em O Estado de S. Paulo, 18 abr. 1996.)
* Os paleoíndios no continente americano. "Escavações feitas numa caverna com as paredes pintadas, próximo a Monte Alegre, na margem norte do Amazonas, trouxeram à tona descobertas tão importantes (...) que valeram a seus autores a capa da respeitada revista norte-americana Science. Foram encontrados lascas de pontas de lança e de outras ferramentas, carvão de acampamentos humanos e restos de alimentos, como frutas e animais, além de pedras pintadas que atestam a presença de culturas indígenas no local durante 1 200 anos, a partir de 11 mil anos atrás, mesma época dos primeiros vestígios humanos na América do Norte". (Trecho do artigo de Martha San Juan França publicado em O Estado de S. Paulo, 18 abr. 1996.)
"No final do
período Paleolítico, o continente americano já era habitado por diversos povos,
chamados paleoíndios. Esses povos, de modo geral, eram caçadores e coletores
que sobreviviam praticando a caça, a pesca e a coleta de frutos e raízes.
Na região Norte
do continente, os grupos de paleoíndios eram experientes na fabricação de
ferramentas de pedra, e suas pontas de lança eram talhadas com grande habilidade.
Eles eram especializados na caça de grandes animais, como os mamutes.
Artistas Cro-magnon pintando mamutes em Font-de-Gaume, Charles R. Knight
A América do Sul
também era povoada nessa época. A região de Lagoa Santa, no atual estado de
Minas Gerais, por exemplo, era habitada por paleoíndios.
[...] Viviam em
bandos reunidos em torno de um líder. Dominavam o fogo e tinham técnicas
rudimentares de construção de utensílios de pedra lascada, como pontas de
lanças e lâminas de quartzo capazes de cortar couro e carne.
Ao contrário do
que normalmente se imagina, os paleoíndios não moravam em cavernas, e sim em
locais abertos onde havia água corrente disponível [...]. Nesses locais, a
vegetação farta e a presença de animais silvestres garantia uma alimentação
balanceada entre vegetais e carne de caça. As cavernas eram usadas como abrigos
pelos caçadores e, provavelmente, para a realização de rituais religiosos e
fúnebres. Embora fossem nômades, cada grupo movia-se dentro de um território
próprio, que conheciam detalhadamente – o que facilitava a busca de alimentos.
[...]
A arqueologia
também nos mostrou, mais recentemente, que os [habitantes] do Brasil paleoíndio
tinham respeito por seus mortos, depositando-os em abrigos de pedra – o que
garantiu sua conservação ao longo dos milênios". [...] ROMANINI, Vinicius. “O
Brasil de Luzia”. In : Os caminhos da Terra, ano 12, n. 151. São Paulo: Peixes,
novembro/2004. p. 48.
"Quase por toda parte do Mundo o homem primitivo escavou, gravou ou pintou nas paredes rochosas dos seus abrigos ou grutas: na África Meridional, Central ou Setentrional; nas regiões ocidentais dos Estados Unidos; na Oceania, na Austrália e em muitas outras regiões. Todas essas manifestações de arte rupestre não datam da mesma época; de fato, muitas vezes os arqueólogos podem emitir hipóteses sobre a sua data; todavia, em numerosos pontos do globo, essa arte primitiva apresenta caracteres comuns." (E. M. Upjohn et alii. História mundial da arte. Lisboa: Bertrand, 1965. v. 1. p. 32-33.)
Os monumentos de
pedra parecem ter significado religioso, ligando-se ao culto dos mortos. São de
dois tipos, conhecidos pelos nomes de menirs (pedra comprida, em língua bretã)
e dólmens (mesa de pedra, também em língua bretã).
Os megálitos são os mais antigos monumentos da humanidade. Os círculos de Stonehenge [Grã-Bretanha] estão talvez ligados a um culto solar ou lunar.
O homem da
Pré-história criou ritos mágicos para auxiliá-lo a vencer a natureza e o medo
do desconhecido. Esses ritos buscavam favorecer a caça, trazer chuvas, estações
propícias, fartura de alimentos. Foram os ritos mágicos favorecedores da caça
que provavelmente deram início às primeiras manifestações artísticas,
desenhadas e pintadas nas paredes e no teto de cavernas, com carvão, tintas
minerais e vegetais, representando animais como o mamute, o touro, o javali, a
rena, o cavalo.
Caça de búfalos, Tassili n' Ajjer, Saara - Argélia
Apareceram também
estatuetas, sobretudo imagens femininas, representativas da fecundidade, da
natureza fértil; gravuras em pedra, osso, marfim; cerâmicas pintadas ou
decoradas com motivos geométricos.
Vênus de Laussel. Relevo em pedra calcária, datado de 20000 - 18000 a.C. e encontrado na região de Dordonha, França. Havia uma forte presença feminina na religião, uma vez que a fertilidade da terra/natureza era identificada com a fertilidade da mulher. A chamada Vênus de Laussel faz parte de uma série de representações do mito da fecundidade. Essas figuras femininas têm como características o ventre inchado, seios e nádegas grandes e quadris largos.
Na Idade dos
metais multiplicaram-se os desenhos geométricos no artesanato, aperfeiçoou-se a
representação das figuras humana e animal. Em certas regiões do Oriente Médio
construíram-se templos em homenagem a várias divindades; e, também no Oriente,
nasceu, sobre placas de argila, a escrita pictográfica.
AQUINO, Rubim Santos Leão de et alii. História das sociedades: das comunidades primitivas às sociedades medievais. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2008. p. 100-101.
BARRACLOUGH, Geoffrey (coord.). Atlas da história do mundo. São Paulo: Folha de S. Paulo/Times Books, 1985. p. 35.
GINSBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 151.
HOLLANDA, Sérgio Buarque de. História da Civilização. São
Paulo: Nacional, 1980. p. 2-8.
NEVES, Joana. História Geral - a construção de um mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 24-25.
ROMANINI, Vinicius. “O Brasil de Luzia”. In : Os caminhos da Terra, ano 12, n. 151. São Paulo: Peixes, novembro/2004. p. 48.
UPJOHN, E. M. et alii. História mundial da arte. Lisboa: Bertrand, 1965. v. 1. p. 32-33.
NEVES, Joana. História Geral - a construção de um mundo globalizado. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 24-25.
ROMANINI, Vinicius. “O Brasil de Luzia”. In : Os caminhos da Terra, ano 12, n. 151. São Paulo: Peixes, novembro/2004. p. 48.
UPJOHN, E. M. et alii. História mundial da arte. Lisboa: Bertrand, 1965. v. 1. p. 32-33.
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