Os pilares da sociedade, 1926. George Grosz
Quando Hitler se tornou chanceler da Alemanha, em 1933, e George Grosz saiu imediatamente do país para o exílio, o resumo de tudo o que ele odiava na psique de muitos de seus compatriotas - militarismo, xenofobia e avidez por um poder dominador - havia, finalmente, triunfado: os nazistas assumiram o poder. Os nazistas, por sua vez, o haviam rotulado de "bolchevista cultural número 1", em parte porque, após se juntar ao partido comunista alemão em seu início, em 1918, ele atuou na militância política sob o pseudônimo de "Propagandada" no dadaísmo de Berlim, mas em especial porque sua arte havia, consistentemente, arrancado as máscaras de legitimidade do nazismo.
Os pilares da sociedade é uma das pinturas mais persuasivas e abertamente políticas de Grosz. Algum tempo antes, ele enfocara os exploradores da guerra e seus aliados políticos, assim como aqueles que ficaram mutilados nos campos de batalha. Aqui, os "pilares da sociedade" são os enganadores e corruptos formadores de opinião na Alemanha, que estavam levando o país em direção à guerra e aos conflitos civis. Grosz costumava fazer desenhos rápidos dos rostos e maneirismos das pessoas que o interessavam, e estes forneciam um rico material para seus retratos satíricos. Atrás dos "pilares", ele pintou um edifício em chamas, com operários carregando pás, marchando para a esquerda política, enquanto soldados nazistas marchavam para a direita. Na época dessa obra, Grosz havia atingido um estilo gráfico que ultrapassava a mera caricatura para se tornar uma imagem satírica, segundo a tradição de William Hogarth e Francisco de Goya.
Larry McGinity. Os pilares da sociedade. In: FARTHING, Stephen. (org.). Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 422-423.
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