"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Memória cultural: monumentos nas Américas

A arquitetura pode ser também uma fonte de memória cultural que reflete continuidade e mudança. Os restos tangíveis das comunidades norte-americanas sugerem uma base espiritual para a cultura tão penetrante quanto as religiões mundiais afro-eurasianas. Muitos norte-americanos levavam uma vida nômade, com poucas necessidades no que toca a estruturas permanentes. Trabalhos de terraplanagem, como o Grande Monte Serpente (cerca de 500-1000 d.C.), em Ohio, parecem ter sido desenvolvidos para funcionar como efígies sagradas e podem ter sido construídos como pontos de referência para povos assentados. Há outros em formas de panteras, ursos, pássaros e humanos, encontrados em uma variedade de locais. Os montes monumentais de Cahokia serviram a propósitos religiosos e políticos. Alguns eram montes funerários, tumbas de madeira cobertas de terra em vários formatos.

Cahokia. Reconstrução da paliçada

O conteúdo desses montes funerários forneceu evidências das habilidades artísticas dos habitantes de Cahokia e refletiu suas práticas religiosas e seu evidente consumo de mercadorias luxuosas (metais, conchas e dentes). Estruturas públicas e residências foram construídas em alguns montes e refletiam a graduação das estruturas sociais e políticas da sociedade. [...]

Tikal

É possível que as tradições monumentais da América do Norte tenham sido importadas por imigrantes do sul ou pelo menos inspirada pela arquitetura mais antiga da América Central. Há um entendimento geral de que a cultura Olmeca (cerca de 1200-400 a.C.) forneceu uma base comum para as culturas mesoamericanas que vieram depois dela. A arte monumental clássica maia (cerca de 300 a.C.) reflete um ambiente no qual as pedras eram abundantes. Característico das ruínas maias são templos em forma de pirâmides compostas por pedra calcária estucada, "palácios" com muitas salas, trilhas conectando grupos de estruturas em cidades e as próprias cidades, incluindo monumentos de pedra frequentemente inscritos de hieróglifos maias. Em Tikal, as edificações de uma acrópole central foram construídas sobre tumbas antigas da elite, cortadas direto no leito da pedra. A acrópole tinha funções cerimoniais e era cercada por um grande subúrbio. A pedra era o meio primário para a arte mesoamericana, e os monumentos de Tikal fornecem evidências significativas das complexas conexões políticas e culturais pelas terras baixas do sul.

GOUCHER, Candice; WALTON, Linda. História mundial: jornadas do passado ao presente. Porto Alegre: Penso, 2011. p. 288.

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