Potências coloniais, mais tarde, destruíram muitos dos templos das Américas e utilizaram suas pedras para erguer catedrais, atos de apropriação cultural não esquecidos pelos colonizadores ou pelos colonizados. A habilidade de controlar a memória cultural significava ter o poder de "apagar" e também relembrar o passado. Poder, identidade e pertencimento podiam ser reforçados pelo estabelecimento de locais de autoridade reconhecidos.
Após o fim do império Khmer, Angkor foi gradualmente absorvida pela selva, para ser descoberta apenas por europeus no curso de sua colonização do sudeste asiático. Na metade do século XIX, uma expedição francesa começou a documentar as ruínas de Angkor, e até 1972, quando a guerra civil do Camboja os forçou a sair, a École Française d'Extrême Orient trabalhou firmemente na restauração do local. Apesar dos esforços dos trabalhadores locais para continuar, pouco foi feito nos 20 anos seguintes, conforme o Camboja foi envolvido pela guerra. Apenas em 1991, as Nações Unidas, por meio da Unesco, estabeleceram presença em Angkor para fornecer suporte internacional para os esforços de recuperação e proteção das estruturas que corriam risco de desabar devido ao afundamento do solo. Angkor, dessa forma, foi reconhecida não só como um monumento à identidade cultural para o povo do Camboja, mas também um local de herança mundial. Sítios assim foram envolvidos por elites que procuravam legitimidade, e sua arquitetura era vista como tendo testemunhado um passado glorioso e capaz de refletir valores que serviram à identidade nacional moderna. Na onda de devastação da guerra e do genocídio, aquela manifestação da memória cultural tornou-se ainda mais importante para um país buscando curar as feridas de um conflito fratricida.
Após o fim do império Khmer, Angkor foi gradualmente absorvida pela selva, para ser descoberta apenas por europeus no curso de sua colonização do sudeste asiático. Na metade do século XIX, uma expedição francesa começou a documentar as ruínas de Angkor, e até 1972, quando a guerra civil do Camboja os forçou a sair, a École Française d'Extrême Orient trabalhou firmemente na restauração do local. Apesar dos esforços dos trabalhadores locais para continuar, pouco foi feito nos 20 anos seguintes, conforme o Camboja foi envolvido pela guerra. Apenas em 1991, as Nações Unidas, por meio da Unesco, estabeleceram presença em Angkor para fornecer suporte internacional para os esforços de recuperação e proteção das estruturas que corriam risco de desabar devido ao afundamento do solo. Angkor, dessa forma, foi reconhecida não só como um monumento à identidade cultural para o povo do Camboja, mas também um local de herança mundial. Sítios assim foram envolvidos por elites que procuravam legitimidade, e sua arquitetura era vista como tendo testemunhado um passado glorioso e capaz de refletir valores que serviram à identidade nacional moderna. Na onda de devastação da guerra e do genocídio, aquela manifestação da memória cultural tornou-se ainda mais importante para um país buscando curar as feridas de um conflito fratricida.
Buda de Bamiyan
Outros locais de herança cultural e religiosa tiveram menos sorte. As cavernas de Bamiyan, no Afeganistão, guardavam duas enormes estátuas budistas que foram entalhadas nos paredões do Hindu Kusj, entre os séculos II e VI d.C. [...] Quando o Talibã conquistou o poder no Afeganistão, no final dos anos de 1990, eles prepararam a criação de um Estado islâmico puro e isso significava, nos termos mais radicais, a erradicação de todas as imagens representando outras religiões. Apesar das pressões internacionais para preservar os budas de Bamiyan, os talibãs os destruíram em 2001. A destruição dos budas ocorreu junto a da cidade de Bamiyan e seus habitantes, xiitas do grupo étnico Hazara, que foram perseguidos pelos sunitas talibãs. Nesse caso, tanto a memória cultural do budismo quanto a existência de um povo foram apagadas pelas ações do talibã.
GOUCHER, Candice; WALTON, Linda. História mundial: jornadas do passado ao presente. Porto Alegre: Penso, 2011. p. 288-289.
GOUCHER, Candice; WALTON, Linda. História mundial: jornadas do passado ao presente. Porto Alegre: Penso, 2011. p. 288-289.
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