Representação de Abelardo e Heloísa em ilustração de
manuscrito francês de 1370. Artista desconhecido
Pedro Abelardo (1079-1142) era um brilhante professor de
Dialética (Lógica) em Paris, na França. Heloísa (1101-1164) era a jovem e culta
sobrinha de Fulberto, o cônego da catedral de Notre-Dame. Quando se conheceram,
ele tinha 36 anos e ela 17. Abelardo, para ficar mais próximo da moça,
convenceu o cônego a dar-lhe abrigo e passou a lecionar para ela.
O cônego não suspeitou que os dois tivessem iniciado um
relacionamento amoroso. Quando descobriu a paixão entre sua sobrinha e o
professor, Fulberto expulsou Abelardo de sua casa.
O casal continuou a se encontrar secretamente e a moça
engravidou, dando à luz o filho longe de Paris para evitar escândalos.
Contrariado, o cônego consentiu que Abelardo e Heloísa se casassem às
escondidas, mas não perdeu a chance de se vingar do ultraje: contratou uns
homens para invadir os aposentos de Abelardo e castrá-lo. Humilhado e
envergonhado, Abelardo se tornou monge, ordenando que sua esposa fizesse o
mesmo.
A partir de então, nunca mais se viram, e comunicaram-se
apenas por cartas. Mais do que protagonistas de uma trágica história de amor,
Abelardo e Heloísa passaram a ser vistos como exemplos de liberdade intelectual
e moral em uma época de rígidas convenções religiosas e sociais. Além disso,
simbolizavam o amor em suas diversas formas (físico, intelectual e espiritual).
Não é possível comprovar a veracidade dos textos hoje
conhecidos como as cartas de Abelardo e Heloísa, uma vez que, ao longo de
séculos, tal correspondência foi numerosas vezes transcrita, recriada,
poetizada. Alguns estudiosos se referem a elas como um mito literário. Ainda
assim, a popularidade dessas cartas, em suas várias versões, traduzidas para
diversas línguas, contribuíram para disseminar a história desse amor proibido,
bem como os valores da época e a situação da mulher na sociedade medieval.
NAPOLITANO, Marcos; VILLAÇA, Mariana. História para o ensino
médio. Volume 1. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 131.
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