"Os espelhos estão cheios de gente.
Os invisíveis nos vêem.
Os esquecidos se lembram de nós.
Quando nos vemos, os vemos.
Quando nos vamos, se vão?"
Eduardo Galeano: Espelhos

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Abelardo e Heloísa: amor e tragédia

Representação de Abelardo e Heloísa em ilustração de manuscrito francês de 1370. Artista desconhecido

Pedro Abelardo (1079-1142) era um brilhante professor de Dialética (Lógica) em Paris, na França. Heloísa (1101-1164) era a jovem e culta sobrinha de Fulberto, o cônego da catedral de Notre-Dame. Quando se conheceram, ele tinha 36 anos e ela 17. Abelardo, para ficar mais próximo da moça, convenceu o cônego a dar-lhe abrigo e passou a lecionar para ela.

O cônego não suspeitou que os dois tivessem iniciado um relacionamento amoroso. Quando descobriu a paixão entre sua sobrinha e o professor, Fulberto expulsou Abelardo de sua casa.

O casal continuou a se encontrar secretamente e a moça engravidou, dando à luz o filho longe de Paris para evitar escândalos. Contrariado, o cônego consentiu que Abelardo e Heloísa se casassem às escondidas, mas não perdeu a chance de se vingar do ultraje: contratou uns homens para invadir os aposentos de Abelardo e castrá-lo. Humilhado e envergonhado, Abelardo se tornou monge, ordenando que sua esposa fizesse o mesmo.


O amor de Abelardo e Heloísa, Jean Vignaud

A partir de então, nunca mais se viram, e comunicaram-se apenas por cartas. Mais do que protagonistas de uma trágica história de amor, Abelardo e Heloísa passaram a ser vistos como exemplos de liberdade intelectual e moral em uma época de rígidas convenções religiosas e sociais. Além disso, simbolizavam o amor em suas diversas formas (físico, intelectual e espiritual).

Não é possível comprovar a veracidade dos textos hoje conhecidos como as cartas de Abelardo e Heloísa, uma vez que, ao longo de séculos, tal correspondência foi numerosas vezes transcrita, recriada, poetizada. Alguns estudiosos se referem a elas como um mito literário. Ainda assim, a popularidade dessas cartas, em suas várias versões, traduzidas para diversas línguas, contribuíram para disseminar a história desse amor proibido, bem como os valores da época e a situação da mulher na sociedade medieval.

NAPOLITANO, Marcos; VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. Volume 1. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 131.

Nenhum comentário:

Postar um comentário