“O imaginário popular ilustra o
período joanino com palácios, carruagens, banquetes, vestidos volumosos e
leques. Mas a realidade, relegada até pela própria história, era bem diferente.
Em contraste à riqueza que
aportou no Rio de Janeiro em 1808, as condições urbanas da cidade e de vida da
sua população eram extremamente precárias, e com o aumento repentino das
demandas, as carências ficaram mais evidentes: faltava água, comida e moradia.
[...]
Rua Direita, Félix-Émile Taunay
Não havia sistema de esgotos. Os
restos da casa, do banheiro à cozinha, eram jogados na praia para que as marés
lavassem, e tudo era transportado em tonéis em ombros escravos. As ruas eram
escuras e perigosas. A água potável era escassa e o abastecimento de alimentos
era deficitário, principalmente o de carnes, cujo consumo era um luxo só
presente em poucas ocasiões festivas no ano [...].
A vinda da corte e o crescimento
da cidade da cidade levaram a um aumento rápido da população de escravos. Em
apenas três anos, o número de cativos passou de 9.602 para 18.677, o que fez
com que as ruas cariocas ficassem repletas de negros, escravos ou livres. Os
negros eram cerca de três quartos da população.”
COSTA, Guilherme Martins; LEMLE,
Marina. O outro lado de 1808. Revista de
História da Biblioteca Nacional, 14 fev. 2008.
NOTA: O texto "O outro lado de 1808" não representa, necessariamente, o pensamento deste blog. Foi publicado com o objetivo de refletirmos sobre a construção do conhecimento histórico.
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